Em algum momento você já se perguntou como medir a inovação? Demonstrar se ela está trazendo resultados para a companhia é um tema cada vez mais relevante. A Innovation Accounting, ou contabilidade da inovação em português, é um elemento fundamental na governança da inovação.
Como mostra este estudo da Accenture, as empresas que governam a inovação têm sucesso com até o dobro de receitas, em comparação a quem não faz essa governança. Mas é possível utilizar outros indicadores, além do resultado financeiro final?
É claro que os resultados da inovação não são fáceis de mensurar. Muitas empresas medem o que é fácil, mas não o que é importante para visualizar os resultados reais da inovação. Por isso, é fundamental entender o que é relevante e como fazer essa mensuração de resultados.
Antes de explicar como fazer isso, preciso dizer que a contabilidade da inovação é uma daquelas coisas que quase ninguém faz. Algumas empresas garantem que tem essa contabilidade. Contudo, no fundo, não é bem assim. Tanto que, quando realmente vemos esses dados de pertinho, é até difícil de acreditar.
Eu posso dizer que indicadores clássicos como ROI, ROE, VPL, TIR e Payback não são os melhores para a contabilidade da inovação: Innovation Accounting considera elementos como a própria cultura da inovação presente na empresa, número de novas patentes desenvolvidas, projetos feitos em co-criação com stakeholders, entre tantos outros que citarei mais abaixo.
Em linhas gerais, podemos dizer que os KPIs clássicos do meio empresarial só medem os resultados finais, e não o meio onde foram produzidos. Aqui, na contabilidade da inovação, levamos em conta diversos aspectos da cultura organizacional, do número de projetos de inovação aberta realizados ao percentual de engajamento de pessoas nos projetos de inovação. Ou seja, a contabilidade da inovação mede de forma contínua o ciclo completo da inovação, e não apenas os resultados finais. Isso promove a cultura da inovação como movimento de transformação contínua de empresas tradicionais para empresas inovadoras.
Como funciona a contabilidade da inovação: Innovation Accounting
Para ajudar sua organização a fechar essa conta, resolvi compilar todos os tipos de indicadores relacionados à inovação que tive contato nos últimos anos, e vi diversas empresas aplicando. A ideia da coletânea a seguir é abrir nossa mente para a contabilidade da inovação, ou Innovation Accounting, e alimentar a sua caixa de ferramentas.
Além disso, é claro que a maneira como essa contabilidade será feita depende da visão estratégica e dos objetivos da organização, e só a partir disso essa mensuração pode ter alguma importância prática. Isso porque, acima de tudo, a gestão da inovação é um sistema, e os avanços da inovação exigem que toda a organização trabalhe em equipe e cada equipe pode ter métricas personalizadas.
Isso significa que os indicadores de Innovation Accounting devem abranger os objetivos da organização da mesma forma e a escolha correta é necessária porque geralmente tendemos a atingir o que buscamos medir. As metas e os indicadores vão auxiliar a direcionar os esforços e as ações dos times e ajudar as pessoas a adaptarem seu comportamento, bem como a tomar medidas mais assertivas para atingir os objetivos da empresa.
Como você mede os resultados e resultados da inovação e motiva a organização a entregar em todos os estágios do processo?
Agora pense comigo em três palavras: cultura, inovação e contabilidade. É fundamental ter um grupo equilibrado de métricas em torno de todas as dimensões: da estratégia de inovação, das parcerias de inovação, das plataformas de inovação, dos portfólios de inovação, dos processos e sistemas de inovação, da cultura de inovação e do empreendedorismo.
Para combinar essas dimensões, elaborei uma lista não exaustiva e aleatória nessas aplicações. Classifiquei em ordem alfabética propositalmente para sua navegação ter um pouco de aventura mental. Confira os indicadores da contabilidade da inovação:
Custos otimizados |
Disponibilidade de ferramentas e fundos |
Geração de ideias e captura de orçamento |
Ideais discutidas / avaliadas. |
Índice de inovação na formação de alteração comportamental |
Índice de Pipeline de inovação |
Índice mínimo de participação nos treinamentos de inovação. |
Número de acordos de cooperação para inovação com parceiros. |
Número de eventos e feiras assistidos. |
Número de horas de treinamento recebidas pelos colaboradores para inovar. |
Número de horas utilizadas pelas lideranças motivando e facilitando as atividades de inovação. |
Número de ideias geradas por fornecedores. |
Número de ideias implementadas na empresa. |
Número de inovações nos temas priorizados pela empresa. |
Número de novos negócios criados |
Número de novos processos implementados |
Número de produtos ou serviços desenvolvidos com clientes/fornecedores/universidades. |
Número de produtos ou serviços desenvolvidos de forma colaborativa. |
Número de sessões de troca de conhecimento realizadas (visitas, benchmarks). |
Número de Spin-in, Spin-out, Spin-off realizadas. |
Orçamento para testes de hipóteses. |
Partes envolvidas na geração das ideias. |
Partes envolvidas na testagem dos protótipos/hipóteses |
Percentual das lideranças envolvidas diretamente nos projetos de inovação. |
Percentual das vendas investido com inovação. |
Percentual de envolvimento dos colaboradores com o programa de inovação. |
Percentual de funding externo sobre o total do investimento de inovação. |
Percentual de projetos executados com sucesso. |
Percentual de projetos lançados no tempo planejado. |
Pontos de melhoria na capacidade de gerenciamento. |
Pontos de melhoria no comportamento inovador. |
Prêmios e reconhecimentos relacionados com a atividade de inovação. |
Receitas vindas de novos projetos. |
Reduções de custos oriundas de inovações. |
Retorno do investimento dos projetos de inovação. |
Sessões de brainstorming realizadas. |
Taxa de discussão / avaliações versus ideias geradas |
Tempo gasto nas discussões / avaliações de ideias geradas |
Valor investido em reconhecimento e recompensa para motivação dos inovadores |
Valor percebido de clientes externos |
Valor percebido de clientes internos. |
Valor total do portfólio de inovação. |
Parecem muitas formas de medir a inovação, e elas não são as únicas. Em sua organização, você utiliza alguma outra? Faz uso de alguma metodologia? Deixe um comentário ao final deste texto.
Além dos indicadores da contabilidade da inovação…
É sempre importante reforçar: projetos de inovação em um portfólio sendo executados em série terão inerentemente uma taxa de falha mais alta do que a média do que outros tipos de projetos em qualquer lugar e equipe. Por isso, não há melhor métrica para medir a inovação.
Contudo, acredito que a inovação precisa de perspectivas de longo prazo com resultados e metas de curto prazo. O longo prazo vai contribuir na experimentação, na tolerância às falhas que geram os aprendizados, enquanto os resultados de curto prazo dão impulso para as realizações de longo prazo.
Nesse sentido, aqui fica uma dica: nada de forçar as mesmas métricas de contabilidade de inovação para todos na organização. Mesmo que suas metas e métricas gerais estejam alinhadas, as equipes podem se beneficiar de diferentes tipos de metas, de maturidade e missão. Essa é uma boa razão para que cada equipe e departamento tenham suas próprias métricas individuais.
Lembre-se também que medir a inovação é um processo de aprendizado contínuo, e que você vai precisar reavaliar todo o processo, incluindo os indicadores, enquanto você e os times participantes evoluem em conjunto.
Devido a essa complexidade, eu sugiro que você comece de forma simples e se concentre em encontrar algumas métricas que realmente engajem as pessoas e beneficiem seus negócios. E se tiver dúvidas sobre como desenvolver algumas dessas métricas em sua empresa, nós da Haze Shift estamos prontos para ajudar: essa prática é uma rotina em nossos projetos com clientes!