Quem nunca ouviu a desculpa de falta de criatividade para tentar coisas novas? Hoje vamos derrubar esse mito e provar que criatividade e inovação nas empresas andam juntas. Inclusive, são cruciais para a sobrevivência dos negócios.
Esse sentimento de ausência criativa é mais natural do que parece. Chega a ser sociológico, como mostra esta pesquisa da Adobe, de 2016: 74% dos entrevistados de 5 países disseram que seus países não exploraram adequadamente seu potencial criativo. E se você ainda duvida da própria capacidade, logo de cara eu trago como incentivo esta citação da mestre em Design Simone Pereira de Assis:
“Todas as pessoas nascem com potencial criativo, em diferentes níveis de desenvolvimento, que variam de acordo com fatores sociais, culturais e cognitivos.”
Como designer de formação e especialista em design estratégico e inovação aberta, eu acrescentaria ainda que o potencial criativo depende do ambiente de negócios em que você e sua empresa estão inseridos. Principalmente, uma organização que estimula a Cultura da Inovação (entenda aqui o que é isso) tem mais facilidade para identificar oportunidades.
Diferença entre criatividade e inovação nas empresas
Um ótimo passo para começar é diferenciar os conceitos. Alguns inventores fizeram o uso da criatividade e criaram protótipos, mas – no fim das contas – não produziram uma inovação. Aqui dou um exemplo, o 14-BIS, de Santos Dumont, foi um invento e não uma inovação.
Não se surpreenda com essa afirmação: o 14-BIS não passou pelo crivo do mercado. Vou explicar melhor: enquanto uma invenção é algo que pode ser, em algum momento, explorado pelo mercado, a inovação é a exploração comercial do invento, que geralmente é adaptado às necessidades comerciais. E foi isso que aconteceu no caso do aviador brasileiro:
Depois do 14-Bis, Dumont aperfeiçoou sua ideia e desenhou o Demoiselle (também conhecida como Libellule), a primeira aeronave a ser fabricada em série. Perceba a diferença entre criatividade e inovação nas empresas: primeiro Santos Dumont passou pelas fases de descoberta, criação, invenção para, posteriormente, aperfeiçoar seu protótipo até ele se tornar viável para produção empresarial em um novo mercado, o da aviação.
Certamente o aeronauta não pensou que iria utilizar as cinco categorias do design (descoberta, definição, ideia, protótipo e teste) para sua inovação final. Afinal, a metodologia ainda não estava escrita. Contudo, o avião Demoiselle passou por um processo de modelagem de negócios que resultou na inovação, a partir de uma sacada criativa.Veja a evolução do 14-Bis para o Demoiselle:
Nesse sentido, eu preciso reforçar para você que, atualmente, podemos estimular a criatividade e inovação nas empresas quando dispomos de algumas ferramentas do design estratégico. Mas antes de apresentá-las, quero destacar que é possível criar até mesmo com dificuldades impostas. Vou explicar:
Criar e inovar com restrições
Você já parou para pensar por que startups e agências de publicidade tem uma configuração pós-moderna no ambiente de trabalho, que inclui até mesmo vídeo games? Estar em um ambiente relaxado e executar atividades que quebrem a rotina ajudam, e muito, criatividade e inovação. A proposta é desbloquear restrições, dar asas à imaginação.
Porém, para iniciar um processo criativo você não precisa desconfigurar sua empresa, que tem a sua própria cultura. Até mesmo restrições podem ser o motor da criatividade. Especialista em gestão de serviços e também Inovadora e Inquieta, Melissa Raser, explicou em artigo isso com um exemplo:
Para aqueles que duvidam [da criatividade nas restrições], faço questão de apresentar uma corrente literária que surgiu na França na década de 60 chamada OULIPO. O objetivo deste grupo, formado por escritores e – pasmem – por matemáticos, é a investigação e aplicação de estruturas matemáticas e/ou restritivas (chamadas contraintes) na produção textual e, com isso, criar possibilidades ilimitadas. Para os oulipianos, as regras e técnicas elaboradas e autoimpostas constituem um estímulo a mais para a criatividade, para a fantasia e para encontrar inúmeras soluções imprevistas e inusitadas.
Um dos integrantes do grupo é Georges Perec: ele conseguiu escrever um livro de mais de 300 páginas sem a letra “E”, chamado O Sumiço.
Restrições voluntárias e involuntárias
Agora vamos transferir esse pensamento para criatividade e inovação nas empresas: as restrições podem ser involuntárias ou mesmo voluntárias. Enquanto escrevia este artigo, conversando com a Melissa, ela também me disse algo muito interessante, enquanto falamos sobre a famosa frase pensar fora da caixa:
“Quando percebemos as restrições e as conhecemos, conseguimos focar nelas para trabalhar melhor. Temos mais foco e conseguimos mensurar o melhor caminho para a adoção, por exemplo, de uma inovação. Não adianta criar por criar”.
A Melissa inclusive me recomendou um livro chamado Creative People Must be Stopped (Pessoas criativas precisam ser paradas), do autor David Owens. Ele aponta a necessidade de mensurar as restrições de criatividade de indivíduos, de um grupo, de uma organização, de uma sociedade, do mercado e das tecnologias disponíveis para, então, chegar a soluções.
Nesse sentido, chamar pessoas de fora da caixa para pensar dentro dela é uma forma de promover a inovação aberta, pois inclui outros stakeholders na busca por soluções dentro das restrições.
Mas e as voluntárias? Um bom exemplo de restrição voluntária está em desafios como hackathons. Em geral, há pitches, ou seja, apresentações com tempo limite de dois minutos. Neste caso, o tempo é a maior restrição e essa é uma maneira de exercitar sua a criatividade nas restrições para condensar informações em tão pouco tempo. E isso é só um exemplo. Vamos a outros?
Ferramentas de design para criatividade e inovação nas empresas
Sobretudo, há ferramentas originadas no design que podem ajudar muito a modelagem de negócios. Seja em ambientes com poucas ou muitas restrições, é possível estimular a criatividade e a inovação nas empresas:
- Por workshops/oficinas de ideias: excelentes para propostas de inovação aberta, e não precisam durar mais de um dia, sendo ótimos recursos durante a pandemia de coronavírus. Aqui o objetivo é a cocriar com stakeholders, como colaboradores, clientes e fornecedores, por exemplo. Em pouco mais de um ano de pandemia, nós da Haze Shift divulgamos neste link como aprendemos a redesenhar workshops para o novo contexto de crise sanitária global.
- Com brainstorms: esse é um método clássico. Quando você tem um projeto, chamar pessoas para conversas descontraídas é uma boa solução. Não à toa, esse recurso é traduzido por Tempestade de Ideias. Mas eu recomendo que você siga essa dica da Melissa: “Quando uma sessão de brainstorm está completamente solta, sem foco, sem limite de ideias, as pessoas perdem o foco da inovação. Vira geração de ideias, e não de boas ideias. As restrições ajudam nisso.
- Criando um Mapa Mental: quando você tem um objetivo final, é possível escrever ou inserir esse objetivo em ferramentas para a criação de um mapa mental. A partir dessa palavra chave, você pode ir desmembrando-a em outras. Veja como funciona: confira 13 exemplos de mapas mentais neste link.
- Por storyboards: no ciclo de modelagem de negócios do design estratégico encontramos as etapas de Descoberta, Definição, Ideia/Criação, Prototipação e Teste. Porém, nem sempre o protótipo físico é viável. Nesse sentido, uma solução é criar um storyboard (veja um exemplo aqui), que nada mais do que uma história do fluxo de um serviço.
Por que investir nesses recursos?
Novamente gostaria de, antes de encerrar este texto, citar o contexto da pandemia de coronavírus. Em 2020, a Adobe divulgou a pesquisa o Estágio da Criatividade em seis países e identificou que 80% dos entrevistados concordam que os fluxos de trabalho das equipes poderiam ser mais eficientes. Nesse sentido, o design estratégico e suas ferramentas são um remédio poderoso.
Ademais, segundo a Adobe, 86% concordam que a cultura visual e tópicos relacionados estão evoluindo mais rápido do que nunca. Ou seja, criatividade e inovação nas empresas não é mais uma questão de escolha. É como diz o autor Alvin Toffler:
“Os analfabetos do século 21 não são os que não sabem ler e escrever, mas são aqueles que não sabem: Aprender, Desaprender e Reaprender”
Portanto, sua empresa precisa agir agora mesmo. E nós da Haze Shift estamos aqui para ajudar com soluções sob medida em design estratégico, inovação aberta, cultura da inovação e transformação digital. Entre em contato e vamos trabalhar juntos, de forma aberta e criativa!