Muita gente ainda não ouviu falar nessa metodologia de projetos, até porque ela é relativamente nova. Estou falando sobre o significado de Teoria U: que é cada vez mais utilizada por empresas que buscam inovar em projetos e definir um novo planejamento estratégico. Aliás, essa é uma excelente dica para projetar o ano de 2022.
Eu, pessoalmente, vejo esse modelo mental como uma forma clara de visualizar a inovação pelo próprio desenho da letra U. Como sabemos, essa letra tem um ponto alto, uma descida, uma curva como ponto de virada e uma nova subida. E é com essa simplicidade que você poderá ver como a Teoria U traz novas formas de olhar para a resolução de problemas.
Desenvolvida em 2016 pelo especialista em inovação Otto Scharmer, a Teoria U sugere inicialmente um olhar para o próprio interior, de forma individual. Afinal, para abrir mão de pensamentos obsoletos e criar novos modelos, em primeiro lugar, precisamos reconhecer os padrões que nos prendem ao passado.
Nesse sentido, somos convidados a buscar novas perspectivas à medida que descemos pela vertical esquerda do U para depois subirmos pela vertical direita do U. Essa jornada faz com que colaboradores trabalhem a cultura interna voltada para observação, identificação de problemas e geração de novas soluções inovadoras com novos olhares para o negócio. Se você está se perguntando como fazer isso, vamos por partes.
Na primeira etapa da Teoria U de Otto Scharmer, temos:
No início da jornada fazemos um reconhecimento (como um download interno) de padrões, comportamentos e ações. Dessa forma começamos uma rota de descida que identifica bem o que é a Teoria U de Otto Scharmer:
- Suspender: na qual reconhecemos padrões do passado. Ou seja, revisamos como fazemos nossas ações antes de executá-las em nosso dia a dia.
- Direcionar: um pouco mais abaixo do U existe a visão com novos olhares, ou seja, tentamos enxergar nossas tarefas, demandas e relacionamentos sob novas perspectivas.
- Sentir: significa sentir o ambiente em que você está inserido. Isto é, entender como você, como indivíduo, se relaciona com o meio em que faz parte. É o momento de observar, sentir, entender o ambiente de sua equipe e organização/empresa, percebendo como suas ações se conectam com o propósito organizacional.
Agora é o momento em que chegamos à curva do U
Conectar: depois de suspender padrões, redirecionar a visão e sentir o ambiente, chega o momento de, após toda a análise, se conectar ao novo. É o momento em que a pessoa se prepara para a subida. A base do U é o momento de reflexão e conexão com a fonte do futuro.
Até que chegou o momento da escalada na Teoria U
Ao iniciar a subida, ainda é preciso fazer um novo exercício de escalada no lado direito da letra. O que nos leva a parte final concluindo significado da Teoria U:
- Cristalizar: aqui chega o momento de se comprometer com nova percepção. Se pensarmos na modelagem de negócios via design estratégico, este é o momento em que você entende o problema e capta um novo meio de resolver um problema.
- Prototipar: é hora da materialização, quando se torna mais tangível, uma vez que você fez um redirecionamento e entendimento de um problema, você pode decretar a materialização, ou seja, pode apresentar um protótipo de algo para sua equipe, seu cliente ou sua organização. Você vai testar as ideias da mudança.
- Botar em prática: uma vez testada a nova ideia pelo protótipo, é hora de colocar a mão na massa e desenvolver as novas práticas, com a Teoria U.
Se essas informações parecem um pouco teóricas, agora eu te convido para botar a mão na massa. Vou explicar tudo isso com um exemplo da Teoria U de Otto Scharmer.
Deixando tangível a Teoria U: exemplo com estudo de caso
Nós da Haze Shift propusemos uma proposta de Ressignificação para uma equipe de aproximadamente 10 pessoas que fazem parte de uma sucursal de uma grande organização brasileira. Eles precisavam fazer um planejamento da equipe para os anos de 2020 até o início de 2021.
Nesse projeto, utilizamos a Teoria U de Otto Scharmer para concretizar, basicamente, quatro etapas. Veja:
1. Observação & Pesquisa
Em primeiro lugar, criamos uma etapa de observação e pesquisa. Nela cada pessoa individualmente refletiu sobre seus próprios padrões e como se enxergavam perante o time.
Basicamente, começamos a descida do U. Em diferentes dias, realizamos Workshops e entrevistas qualitativas. Durante o evento, feito presencialmente, pouco antes da pandemia ter início, incentivamos a reflexão individual por meio de questões centrais como: “O que é sucesso e realização para você, para seu time e para sua organização”. Chegamos a várias palavras-chave por meio dessa reflexão.
Perceba: este foi o momento da Teoria U em que as pessoas reconheceram padrões, direcionaram a visão e passaram a sentir a empresa.
2. Cocriação
Em um segundo workshop, também presencial, através de massas de modelar (isso mesmo, massinhas), os participantes do projeto puderam fazer pequenas artes.
Eles foram convidados a se expressar por moldes de massinha apresentando o atributo principal que mais representa cada um, como agilidade, potencial de interação, confiança, inteligência, entre outros adjetivos.
Com esses moldes, o grupo foi desafiado a criar uma narrativa que traz vida para cada indivíduo dentro do todo da equipe.
E onde isso se encaixa na Teoria U? É o momento de sentir o ambiente e se conectar com a equipe. Após esse olhar individual, em que o indivíduo se coloca em uma representação de como ele se enxerga perante a equipe, vem a percepção de que eu esse indivíduo se relaciona com o meio – e como esse meio se relaciona com o indivíduo. Isso culminou com uma visão compartilhada que serviria como base para a geração do protótipo.
Para ilustrar isso, a partir das pequenas artes, o time também criou uma identidade compartilhada através dos modelos individuais criados por cada integrante da equipe. Isso significa a construção de um modelo único da equipe.
Em outras palavras, as pessoas se conectaram a elas mesmas e começaram a cristalizar uma visão e conexão com a equipe.
3. Compartilhamento & Reflexão
Já em um contexto de pandemia, readequamos a execução de workshops semanais para o ambiente online. O aprendizado dessa migração foi bem sucedido e, inclusive, nos ajudou a ampliar nossa expertise na execução desse tipo de eventos.
Leia também: 10 dicas para fazer um workshop online. O que aprendemos após 1 ano de pandemia
Bom, este é o momento do início da escalada do U, em que há um último olhar para trás. Incentivamos isso através do vídeo Virando a Câmera, em que um dos astronautas da missão Apollo 8 pega uma câmera e filma, não a lua, mas o planeta Terra. Isso causa um momento de autoconsciência, propício para questionar os participantes como olhar para questões emocionais e racionais.
Após isso, também com base em uma cena de filme (neste novo caso Lendas da Vida, sobre um jogador de golfe que sente o campo onde precisa jogar), provocamos uma reflexão para sentir o campo antes da escalada do U.
As reflexões foram ótimas e provocaram uma sessão de ideação, onde ao final do encontro, os participantes formaram duplas para trazer ideias que ajudariam na prototipação do projeto de Ressignificação da equipe.
Com isso, em um novo encontro virtual, eles estabeleceram metas. Alguns exemplos foram:
- A partir da inteligência e integração, como poderiam ter reuniões mais produtivas.
- Como os membros do time (que fazem parte de uma regional) poderiam ver uma visão macro da estratégia nacional da organização.
- Como sensibilizar as oportunidades de negócios para integrar os trabalhos da equipe.
O protótipo partiu de uma sequência de entregas, que partiria pelas fases de: definição, planejamento, execução, ajustes, avaliação e conclusão.
4. Ação
Uma das etapas mais fundamentais do protótipo é, certamente, o plano de execução, onde chegamos praticamente à ponta final da Teoria U. Uma alternativa é utilizar a ferramenta 5W2H, que tem como instruções responder a sete perguntas:
- O que
- Porquê
- Onde
- Quando
- Quem
- Como
- Quanto
Como feedback, nós da Haze Shift recebemos excelentes notícias de nosso cliente. Uma das metas era unir ainda mais a equipe, gerando sinergia e colaboração por meio de uma visão compartilhada. O objetivo foi cumprido e barreiras pessoais foram quebradas entre os integrantes da equipe.
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Agora é a sua vez
Claro que existe muita coisa por trás desse projeto. Trouxemos uma sequência de pensamentos via design thinking, um workshop focado em apresentação de protótipos, um pitch promovido por cada dupla ao apresentar suas ideias. Esses elementos fazem parte da descida e da escalada da Teoria U e eu, pessoalmente, acredito que podemos aplicar isso em qualquer equipe, seja de 5, 10, 20 ou 30 pessoas.
Nós da Haze Shift estamos abertos para conversar com sua equipe e sua empresa agora mesmo para colocarmos isso tudo em prática: seja em um novo projeto de inovação seja em um planejamento estratégico inovador para o próximo ano. Vamos conversar através de nossos canais de contato e organizar uma reunião para esclarecer quaisquer dúvidas com uma consultoria prévia?