Quando falamos em inovação é natural que as pessoas pensem em organizações privadas. Contudo, ela vai muito além e chegou aos municípios com o conceito de smart cities, em bom português, cidades inteligentes: no Brasil, temos bons exemplos. Vamos explorá-los?
Em primeiro lugar, vamos definir um conceito de cidades inteligentes: para organizações como a IBM, por exemplo, são aquelas que otimizam e fazem uso de dados, interconectando informações do dia a dia para entender melhor e controlar as operações urbanas e otimizar recursos. Contudo, há outras definições de smart cities.
A Comissão Europeia, por exemplo, diz que cidades inteligentes são lugares onde redes e serviços se tornam mais eficientes a partir do uso de soluções digitais em benefícios de seus habitantes e negócios. Essa forte conexão entre setor público e privado faz, inclusive, as cidades inteligentes serem a rota de inovação aberta número 32 que mencionamos neste link.
Além disso, a Comissão também destaca a importância do planejamento urbano: com transportes inteligentes, instalações atualizadas de água e eliminação de resíduos e formas mais eficientes de iluminação e aquecimento.
Cidades inteligentes no Brasil: exemplos
Essas e outras definições convergem em um grande ponto: a inovação a partir de cidades conectadas. Com isso em mente, as cidades inteligentes no Brasil e no mundo têm aspectos nos quais se trabalha para o bem-estar total do cidadão. E isso inclui saúde, oferta de infraestrutura, segurança, entretenimento, meio ambiente, empreendedorismo, governança e mobilidade.
Nesse sentido, é importante destacar que cada local tem sua especificidade. No sertão do Nordeste, por exemplo, a necessidade de abastecimento hídrico é um ponto a ser trabalhado com inteligência. Outro ponto pode ser soluções energéticas em áreas com essa deficiência, utilizando energias limpas.
Inclusive, existem metodologias que determinam o nível de inteligência urbana, veja:
São José dos Campos foi considerada a primeira cidade inteligente do Brasil com certificação emitida pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) com base em três normas internacionais NBR ISO (37120, 37122 e 37123) regulamentadas pelo World Council on City Data, instituição ligada à ONU (Organização das Nações Unidas). Apenas 80 em todo o mundo possuem tal certificação.
Já o ranking Connected Smart Cities, composto por 75 indicadores, é outra metodologia. Em 2021, ele avaliou 677 brasileiras. Pela ordem, tiveram a maior pontuação as seguintes cinco cidades inteligentes no Brasil:
- São Paulo (SP)
- Florianópolis (SC)
- Curitiba (PR)
- Brasília (DF)
- Vitória (ES)
Confira o ranking das 100 cidades mais inteligentes no Brasil
E por que elas têm a maior nota? Em grande parte, por conta de seu potencial inovador e empreendedor.
Inovação aberta transformando cidades inteligentes no Brasil
Além de governos, nessas cidades existe o envolvimento de diversos stakeholders, ou seja, partes interessadas. É muito mais que apenas o governo e suas secretarias municipais. São agentes estratégicos que colaboram diretamente com cidades inteligentes no Brasil:
Centros tecnológicos e parques tecnológicos
Centros tecnológicos e parques como o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI) colaboram para trazer diversificação econômica e novas soluções tecnológicas.
Em Foz do Iguaçu, por exemplo, o PTI promoveu parcerias com empresas do setor privado de tecnologia e com empresas do setor público em áreas como saneamento. Também foi criado um programa voltado para cidades inteligentes, chamado Vila A Inteligente: um bairro específico para testar e validar tecnologias urbanas.
Universidades
Além de parcerias com empresas, universidades são aliadas de municípios. Segundo levantamento do Connected Smart Cities, a Universidade Estadual de Campinas, a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal do Pará, a Universidade de Passo Fundo e a PUC do Rio Grande do Sul desenvolvem seus próprios projetos de cidades inteligentes no Brasil.
A proximidade com as comunidades locais e o potencial de pesquisa, combinado com o apoio dos próprios professores gera ações, muitas vezes, espontâneas. Mas muitas vezes o pedido para universitários desenvolverem soluções podem partir do próprio poder público. E aqui quero dar um exemplo de um país-irmão do Brasil:
Em Portugal, a Câmara Municipal de Lisboa e a Startup Lisboa realizaram o Hackathome, um hackathon que desafia universitários a dar nova vida às cerca de 48 mil casas vazias da capital portuguesa por meio de projetos de base tecnológica, sustentável e com baixa burocracia. Isso é uma boa prova de o quanto universitários podem colaborar com o desenvolvimento urbano.
O projeto vencedor, por exemplo, foi uma plataforma criada em tecnologia blockchain na qual proprietários se conectam com investidores que podem comprar “pedaços da casa” (quase que ações de uma residência) em uma criptomoeda específica. Após, proprietários e investidores contratam um profissional curador (como arquiteto) que recebe o pagamento também em criptomoedas para as reformas necessárias.
Ao final, a casa é vendida por uma imobiliária parceira e todos os envolvidos (proprietário, investidor e curador) dividem o lucro proporcionalmente.
Confira os demais projetos da Hackthome na plataforma TAIKAI.
Empresas
O setor privado é fundamental na formação de cidades inteligentes no Brasil e no mundo. Afinal, são as empresas que vão gerar emprego e movimentar a economia local com seus produtos e serviços e também soluções para a própria cidade.
Mas elas também são parceiros essenciais para o município colocar em prática suas ações. Por exemplo, empresas do setor tecnológico oferecem monitoramento e dados em tempo real para segurança pública e transporte, ou incentivando a criação de soluções inovadoras.
Um exemplo disso acontece no Inova-san, programa de inovação aberta da Nissan que nós da Haze Shift coordenamos. O programa incentiva universitários a pensarem em soluções sobre temas como mobilidade e saúde, meio ambiente com foco nos municípios do Sul Fluminense, ajudando aquelas cidades a se tornarem ainda mais inteligentes.
Saiba mais sobre o Inova-san clicando aqui!
Ademais, companhias de energia, como as de placas solares, podem fazer parcerias de inovação aberta com prefeituras, comunidades e associações comerciais para oferecer preços melhores em uma região.
Mas aqui grandes empresas podem mostrar sua conexão com ESG na redução do uso de carro para transporte, reduzindo, assim, a emissão de carbono nas cidades. É o caso do Itaú e do Citibank, por exemplo, que pensando em mobilidade destinam bicicletas para os cidadãos em grandes cidades. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, as bikes laranjas do Itaú já estão consagradas com o programa Bike Itaú.
Esses são apenas alguns exemplos de como o empreendedorismo pode impulsionar as cidades inteligentes no Brasil.
Startups
Ademais, startups de todos os tipos podem colaborar no desenvolvimento de diversos temas urbanos, mas segundo levantamento do Distrito há cerca de 200 startups dedicadas à causa das cidades inteligentes no Brasil. Elas se dividem em oito categorias, contudo, mais de 32% focam no tema mobilidade.
Entre os diversos exemplos de startups nesse meio está paulista Wiimove, que conecta transportes de pessoas para empresas, por meio de um aplicativo que conecta caronas, faz a gestão de ônibus fretados e de vagas de estacionamento, otimizando assim a emissão de carbono das empresas, e reduzindo o fluxo urbano nas cidades. É algo extremamente útil em um ambiente de cidades inteligentes.
Além disso, a reutilização d’água e gestão de resíduos é um dos principais temas das cidades inteligentes. Assim, empreendedores podem pensar em soluções específicas que beneficiem o município e comunidades, a exemplo das empresas energéticas. É o caso da cleantech meuResíduo, que oferece uma solução SaaS (software como serviço) para a governança da cadeia de resíduos, da geração ao destino final.
Associações e Conselhos Profissionais
Profissionais especializados são outros atores fundamentais na formação de cidades inteligentes. Assim, associações de profissionais organizadas podem fazer a diferença para a inovação em cidades e comunidades. E aqui um bom exemplo são os trabalhos dos CREAs: os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia.
O CREA-SP, por exemplo, mapeou os principais problemas dos 645 municípios paulistas em quatro temas: saneamento e monitoramento ambiental inteligente; iluminação inteligente e segurança; mobilidade; e conectividade.
Esse diagnóstico foi apresentado no Simpósio Nacional de Cidades Inteligentes, em São José dos Campos, mostrando como um órgão de classe pode colaborar no desenvolvimento dos municípios.
Cidades planejadas inteligentes no Brasil
Além da modificação de municípios consolidados, claro que fica mais fácil construir cidades inteligentes no Brasil e no mundo com um projeto criado do zero, a partir das chamadas cidades planejadas. Ou seja, aquelas que foram estruturadas e pensadas desde o princípio já com ruas, localização de comércios, hospitais, parques. Esse foi o caso histórico de Brasília e Maringá (PR), por exemplo.
Pensando nisso, outra alternativa que vem sendo adotada por alguns municípios é a construção de bairros inteligentes. É praticamente uma cidade inteligente dentro de outra.
Esses locais novos, abrigados em uma parte específica do município, tem vários aspectos que se trabalha para trazer o bem estar do cidadão. A localização do hospital, por exemplo, é pensada de forma que as pessoas e ambulâncias consigam chegar até ele da forma mais rápida possível. A segurança possui amplo monitoramento com alertas de dados.
Além disso, a mobilidade é pensada de forma a evitar congestionamentos e locais como educação, entretenimento, ruas de comércio e infraestrutura são todas planejadas seguindo diretrizes e normas técnicas.
Já existem bons cases de sucesso sobre isso. Em Guarapuava (PR), por exemplo, começou a ser desenvolvida há cerca de cinco anos a Cidade dos Lagos. O projeto tem base em oito pilares: Saúde, Lazer, Segurança, Natureza, Trabalho, Educação, Tecnologia e Ações Sociais, Ambientais e Culturais. Veja o detalhamento de cada pilar.
Como nós podemos ajudar?
Consultorias de inovação como a Haze Shift podem colaborar diretamente no desenvolvimento de bairros e cidades inteligentes no Brasil a partir da ampla conexão de stakeholders, algo comum em nossos projetos de inovação aberta.
Isso pode ser feito com um desenvolvimento do planejamento estratégico em parceria entre os setores público e privado, por exemplo, a partir da criação de um hub de dados que mostre os locais ideais para cada item da infraestrutura necessária da cidade inteligente. Nesse sentido, inclusive, uma tese de inovação pode ser um bom ponto de partida para o projeto para definir quanto investir e onde a inovação será necessária na cidade inteligente.
Além disso, metodologias como o Hoshin Kanri, que aponta novas direções e indicadores-chave de desempenho, podem colaborar na definição e planejamento de objetivos. Isso facilita a conexão dos objetivos dos stakeholders envolvidos.
Conheça a fundo a metodologia Hoshin Kanri para projetos de inovação
Fonte: The Seven Steps of Hoshin Planning
Nós da Haze Shift estamos dispostos a ajudar em projetos inovadores como cidades inteligentes no Brasil. Afinal, esse tema é fundamental para a sustentabilidade do país e nós fazemos parte disso. Entre em contato.