Se eu pudesse resumir em poucas palavras o que são ecossistemas de inovação, eu diria que são como pontos de encontro onde organizações que possuem a vontade de inovar se ajudam de forma aberta e mútua.
Só que um ecossistema de inovação é muito mais que isso. Aliás, esse conceito é considerado como a Rota 20 das 33 de inovação aberta existentes.
O propósito aqui é conhecer outros e como eles podem cooperar entre si. Existe um amplo sentimento de comunidade, da qual podem fazer parte empresas, universidades, cooperativas, órgãos de governo, hubs de inovação, incubadoras, parques tecnológicos, fundos de investimento e também empresas juniores.
E qual a diferença para os Sistema Regionais de Inovação (SRIs)?
Ecossistemas de inovação: definição
A principal distinção é que os ecossistemas vão além de temas definidos em SRIs. Os atores não olham apenas para uma única cadeia produtiva ou para um único tópico a ser desenvolvido. Os de ecossistemas de inovação expõem seus próprios problemas e, dentro dessa rede comunitária, buscam a cooperação para resolver suas dores e necessidades.
Muitos estudiosos fazem a analogia com a biologia, já que ecossistemas são compostos por seres vivos (que no caso corporativo podem ser os ) e não vivos (no nosso caso, sistemas recursos tecnológicos e programáticos) que contam uns com os outros para o bem-estar do meio ambiente em que se encontram.
Vantagens dos ecossistemas de inovação
Pensando na inovação aberta, há ainda outra vantagem: você pode extrapolar barreiras e convidar empresas de fora da região para colaborar, diferente da biologia, na qual a inserção de elementos estranhos ao ambiente representa risco.
Esse clima de troca de experiências e possíveis soluções traz diversos benefícios aos ecossistemas de inovação:
- Exposição de negócios em um ambiente focado em inovação;
- Colaboração com comunidades e para a inovação colaborativa;
- Capacidade de geração de negócios;
- Potencial de atração de investidores;
- Ambiente propício para o co-learning, de formação e de especialização de profissionais
- Fortalecimento de reputação da marca e ativos intangíveis devido ao reconhecimento de disposição para inovação.
Ecossistemas de inovação: exemplos
Nós poderíamos dar vários exemplos de ecossistemas de inovação: Vale do Silício, Startup Nation de Israel (onde Tel Aviv, Jerusalém e Haifa forma um grande ecossistema de inovação com foco em startups), Vale do Pinhão (Curitiba), Porto Digital (Recife).
Mas quero ir além e mostrar que existem muitos outros com altíssimo potencial. Muitos não têm um nome de batismo como os nomes acima, mas são, sem dúvidas, ecossistemas inovadores.
A região de Foz do Iguaçú (PR) é um ótimo exemplo, puxado pelo Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), que vem promovendo ações de inovação aberta e transformação digital. Eles apoiam a diversificação da economia e o agronegócio local, já que aquela é uma das maiores produtoras de grãos do Brasil.
O PTI funciona como um ponto de encontro do ecossistema, conectando empresas, startups, instituições de ensino, órgãos de governo e outros atores do ecossistema local.
Saiba mais sobre a estratégia do Parque Tecnológico de Itaipu para revolucionar a economia de Foz do Iguaçu
Não muito longe dali, o Biopark de Toledo é outro ponto de encontro do ecossistema do agronegócio, de tecnologia e da saúde no Estado do Paraná.
Por lá, a maior produtora de medicamentos genéricos do Brasil (Prati-Donaduzzi) criou um campo de 5 milhões de metros quadrados para grandes, pequenas e médias empresas e criaram cursos de graduação e pós-graduação. Tudo em um único ambiente e com colaboração até mesmo de empresas de fora do Brasil.
Leia também como o Biopark de Toledo atrai empresas e startups com modelo diferenciado: a velocidade é determinada pelo empreendedor
Esses dois casos mostram o quanto a cooperação entre atores e diferentes interesses pode gerar negócios e a co-criação de produtos, serviços e modelos de negócios. Por exemplo, em Toledo, a estrutura instalada no Biopark favorece diretamente com a criação de soluções tecnológicas para o agronegócio e para a saúde.
Em entrevista ao nosso Blog, o diretor de Negócios do Biopark, Paulo Victor Almeida, deu uma amostra de como funciona essa conexão:
“Quando falamos sobre o Biopark, estamos falando de vidas, e não necessariamente apenas sobre vidas humanas. Então, o agro, a nutrição, tudo isso impacta vidas. E a pesquisa de medicamentos é um hype, ou seja, ela está lá na frente, porque o nível de exigência é maior do que só a nutritiva.”
Em outras palavras, existe um contato intenso entre três indústrias teoricamente diferentes, mas que podem contribuir umas com as outras. E é exatamente isso que é um ecossistema de inovação.
Laboratórios multidisciplinares
Inclusive, dentro desses ambientes empresas podem se unir para bancar os chamados laboratórios multidisciplinares de inovação. Se observarmos pelos exemplos de ecossistemas de inovação acima, é possível unir experiências do agronegócio, da indústria farmacêutica e tecnologia em um único ambiente de testes.
Afinal, laboratórios multidisciplinares locais que possuem ferramentas e processos de diversas áreas, disponibilizados por diferentes atores de um ecossistema, e são a 21ª rota de inovação aberta.
Esse conceito, aliás, surgiu dentro das universidades. Instituições de ensino juntam áreas diferentes, como de Engenharia Mecânica com Medicina Ortopédica, por exemplo. São habilidades e conhecimentos que se complementam e podem ajudar em algo novo para resolver problemas humanos. E que podem fazer parte de um ecossistema de inovação se a própria universidade disponibilizar esses laboratórios para a cooperação com empresas.
Aqui posso refletir sobre um outro exemplo:
Pense em uma comunidade que precisa de solução para o problema de lixo, que vem contaminando o solo de um bairro, por exemplo. Dentro da nossa cabeça, existem algumas áreas de estudo que trabalham com aquilo, como Biologia e Engenheira ambiental.
Mas podemos ter mais áreas envolvidas na solução definitiva do problema de lixo, o que pode acontecer por um projeto conjunto em laboratórios multidisciplinares. Por exemplo, a conscientização da população depende de profissionais de Marketing e Comunicação. As doenças causadas pelo lixo chamam profissionais da Saúde para o caso. Isso deixa clara a importância desse trabalho multidisciplinar.
Como consultorias de inovação podem ajudar
Nós da Haze Shift já ajudamos organizações a entenderem quais são os possíveis caminhos para chegar dentro desses ecossistemas de inovação, ainda que fisicamente distantes de um centro como um parque tecnológico, por exemplo.
Isso pode ser feito, por exemplo, buscando um ecossistema de inovação focado em empresas tecnológicas e, a partir disso, fazendo um hunting de startups do ecossistema capazes de suprir as necessidades e dores da empresa.
Além disso, podemos chegar a possíveis soluções fazendo com que nossos clientes respondam algumas perguntas sobre o que buscam com ecossistemas de inovação:
- Seria a simples participação para fomentar awareness da marca, assim como associação da marca à inovação?
- Aproveitar e reconhecer as oportunidades de outros atores de ecossistemas, como as startups?
- Seria patrocinar parques tecnológicos como os que citamos para aproveitar as soluções criadas dentro deles?
- Pelo fomento a laboratórios multidisciplinares de inovação?
Se você tem alguma pergunta que não coloquei aqui, deixe nos comentários ou escreva para nós. Vamos conversar sobre isso e chegar a melhor solução para que seu negócio passe a fazer parte de ecossistemas de inovação.