Hoje aproveito este espaço para propor algo diferente. Tenho percebido que muita gente que é da área de negócios e inovação gosta de assistir filmes relacionados ao assunto. Se você também é uma dessas pessoas, separei cinco filmes sobre inovação aberta, que também envolvem muitas vezes a cultura da inovação, inovação aberta, design estratégico e transformação digital
Eu tenho certeza que, além de um bom entretenimento, as obras cinematográficas acabam nos trazendo insights e agregam conteúdo ampliando nosso repertório cultural. Você concorda? Veja os comentários e alguns spoilers que podem funcionar para sua vida corporativa. Vem comigo!
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (2012)
Por que começamos essa lista com um filme sobre fantasia? Bom, primeiro vamos ao roteiro. A história do Hobbit é baseado no livro homônimo, de J.R.R. Tolkien, criador da trilogia Senhor dos Anéis. O filme, apesar de lançado depois, se passa antes da história da trilogia que virou filme. Em Hobbit, o mago Gandalf recruta Bilbo Bolseiro (o Hobbit) para uma jornada na chamada Terra Média, em que têm uma missão: libertar um reino.
Certo, mas por que Hobbit é um dos filmes sobre inovação?
Talvez você não tenha parado para pensar nisso, mas O Hobbit é um exemplo clássico de spin-off empresarial, ou seja, quando uma empresa inovadora é criada dentro de outra empresa. Spin-offs, inclusive, são apontadas como uma das 33 rotas de inovação aberta. O personagem Hobbit é uma criatura que apareceu no filme O Senhor dos Anéis, onde não tem o papel principal. Mas ele cativou tanto o público e despertou tanta curiosidade que ganhou também sua própria versão no cinema.
A Rede Social (2010)
O filme retrata o nascimento do Facebook e como seu criador, Mark Zuckerberg, programou a rede social, partindo de um protótipo que lançou na universidade de Harvard.
O filme é um verdadeiro estereótipo do nascimento das empresas no Vale do Silício. Assim como em outras empresas que tem a inovação em seu DNA, Mark criou e aprimorou a rede social, buscou a inovação aberta com visões externas (programadores e executivos de outras techs, como o criador do Napster, Sean Parker) e identificou que os usuários gostavam de compartilhar se conectar a pessoas mostrando pensamentos e ideias, e não apenas fotos. A obra é uma amostra de como funciona a Rota Modelos de Negócios Abertos das 33 rotas de inovação aberta.
Por que é um filme sobre inovação?
Em A Rede Social podemos ver como Mark Zuckerberg (Jese Einsenberg) busca visões externas e talentos para colocar em prática o projeto do Facebook. Era, dessa forma, uma startup buscando talentos no mercado para promover a inovação aberta. Sobretudo, Mark enxergou potencial no aprimoramento das redes sociais existentes à época, como o My Space, e chats como o MSN Messenger.
Perceba como Mark fez uso (consciente ou inconscientemente) da modelagem de negócios do design estratégico:
- Descoberta: Mark observou a “dor” de que as pessoas gostariam de se conectar virtualmente com outras, e não estavam satisfeitas com outras redes sociais;
- Definição: ele verificou que o problema identificado teria aderência para ser exposto ao mercado através de uma rede social inovadora;
- Ideação: Mark e Eduardo viram que a “dor” do usuário poderia ser preenchida com a criação de uma rede social nova, capaz de conectar pessoas, ao mesmo tempo, compartilhar ideias e fotos;
- Protótipo: Mark programou um site inicial para rodar na Universidade de Harvard.
- Testes: com testes, revisões, e aprimoramentos, a equipe do Facebook até hoje vem revisando o projeto inicial, com inovações nos processos, virando uma potência global.
Argo (2012)
É possível inovar em meio a um país assolado pelo caos social? O filme Argo, baseado em fatos reais, mostra sim. A história se passa no Irã de 1979 quando a embaixada dos Estados Unidos é tomada pelo povo e seis agentes da CIA conseguem refúgio na casa do embaixador do Canadá.
Então, o especialista em resgates Tony Mendez (Ben Affleck) resolve fingir ser um cineasta canadense e entra em contato com o governo revolucionário para gravar no Irã. A meta, contudo, era o resgate. Assim como em design estratégico, Mendez fez um protótipo para convencer os iranianos e colocar o plano em prática. O resto da história, se eu contasse, estaria sendo cruel e fazendo spoiler, pois o filme é imperdível.
Por que é um filme sobre inovação?
A ideia inovadora por trás da história real de Argo mostra que é possível hackear até mesmo a bilionária indústria cinematográfica e as próprias estruturas de inteligência de governo para tornar viável certos projetos. Em empresas, como mostrei neste texto, quando um colaborador hackeia o negócio ele pode revolucionar processos. É o que eu chamo de hacker do bem.
Leia também: O que é culture hacking e como hackear a cultura de sua empresa
Walt antes de Mickey (2018)
Antes de se tornar um dos produtores mais bem sucedidos da história do cinema, Walt Disney precisou se reinventar seguidamente. Antes da fama, foi desenhista em sua cidade, e na vida adulta colecionou fracassos. Ao ser demitido de uma empresa de cinema, resolveu abrir sua própria produtora. Não deu certo.
Tentativa após tentativa, chegou a comer restos de pão com um ratinho que “adotaria” e serviria de inspiração para o Mickey Mouse. Aliás, o sucesso só veio quando vendeu seus poucos bens e se mudou para Hollywood, onde abriu a Disney Brothers junto com o irmão Roy e seu amigo e desenhista Ub Iwekers. É um filme que, além de inovação, é uma inspiração para empreendedores.
Por que é um filme sobre inovação?
Após a coleção de fracassos, Walt consegue encontrar os parceiros ideais para empresa de sucesso, e – finalmente – fazer buscar as parcerias certas para emplacar seus projetos. Aliás, buscar os parceiros certos (fora da companhia) é quase uma regra da inovação aberta. E Walt buscou montar vários laboratórios com profissionais de design e sonoplastia, por exemplo. Nesses locais, profissionais multidisciplinares trabalhavam em conjunto, o que é uma amostra da Rota Laboratórios Disciplinares de inovação aberta.
Vale lembrar que, após a criação da Disney, Walt e seus sócios estiveram na vanguarda da inovação, em vários os sentidos: criaram o primeiro longa-metragem em desenho animado (Branca de Neve, em 1937) e foram os primeiros a usar sons de curtas metragens do Mickey, em 1928.
Um senhor estagiário (2015)
Este filme com Robert de Niro mostra como a diversidade é capaz de promover a cultura da inovação. Em resumo, uma empresa busca um estagiário e, surpreendentemente, um senhor aposentado se candidata à vaga. Ele convence a companhia de que pode colaborar através de suas experiências passadas, e acaba ensinando muito mais do que aprendendo. Literalmente, ele muda a cultura da empresa com suas ideias.
Leia também: Abrace a diversidade para impulsionar a inovação
O que o filme traz de inovador?
A aposta em um estagiário sênior mostra que há certos talentos no mercado que podem estará sendo desperdiçados. E como é intrínseco da inovação aberta buscar olhares externos para a organização, é exatamente isso que vemos em “Um senhor estagiário”. Inclusive, há programas do gênero no mundo real. A Unilever lançou o programa Senhor Estagiário para pessoas com mais de 55 anos que estejam cursando uma faculdade. Ademais, programas de senioridade são formas de reter o conhecimento na empresa.
Beleza oculta (2016)
Nesse filme, o empresário Howard (Will Smith) passa por um grande drama pessoal: a morte da filha. Um ano após a perda, ele não consegue se recuperar, e acaba empacando também no trabalho. Com isso, ele compromete uma transação chave para a empresa, que mantém com outros quatro sócios. Como líder, ele precisaria agir. Mas, sobretudo, é um ser humano.
Assim, sem saber lidar com a situação, Howard passa a escrever cartas para a morte, a vida e o amor. Seus sócios descobrem isso e resolvem contratar atores para encarnar os personagens (morte, vida e amor) para conversar com Howard, na esperança de que isso mude algo – nele e na empresa, que está com a cultura organizacional comprometida.
O fato é que a “terapia” acaba servindo também para os outros sócios se reestruturarem e melhorarem sua própria vida pessoal e profissional. É um filme sobre psicologia que nos ajuda a entender como a motivação dos líderes impacta, inclusive, na inovação.
Por que é um dos filmes sobre inovação?
Ao perceberem que o problema do líder está impactando fortemente a empresa, os sócios de Howard buscam uma solução alternativa para conseguir uma mudança em um quadro negativo no negócio. Nesse quesito, a obra tem muito a ver com inovação aberta e criatividade, pois faz uso de uma ferramenta inusitada: atores externos. E é justamente por isso que é um dos filmes sobre inovação: ao buscar parcerias para solucionar um problema, a empresa tem uma chance de se reinventar e mudar a própria cultura de inovação aberta.
Radioativo (2019)
Disponível na Netflix, o filme conta a história biográfica da cientista Marie Slodwska (Rosamund Pike), que posteriormente seria conhecida como Marie Curie, ganhadora de dois prêmios Nobel, sendo um deles pela descoberta da radioatividade. Inicialmente, a polonesa que vivia na França foi desacreditada, tendo seu laboratório fechado por um comitê de cientistas. Mas ela estabeleceu uma parceria com o também cientista Pierre Curie (Sam Riley), com quem se casaria.
E esse é justamente o pulo do gato: após receber negativas iniciais de outros financiadores de seu projeto de comprovação da descoberta radioatividade, ela aceita ser parceira de Pierre. O sucesso, contudo, não é imediato. Em um mundo ainda muito machista, a cientista vê apenas o marido ser indicado ao Nobel, apesar do trabalho conjunto. Mas como bons empreendedores e cocriadores, eles dão a volta por cima. Vale assistir.
O que o filme traz de inovador?
A obra mostra como uma descoberta pode ser aprimorada com a partir de seu uso. A radioatividade descoberta por Marie gerou tratamentos para o câncer, o uso do Raio X e novas formas de energia. É uma amostra de como a inovação pode aprimorar as coisas, especialmente novas descobertas humanas.
Além disso, Pierre enxerga o talento de Marie e a convida para trabalhar com ele em seu laboratório, que já agregava outros cientistas. E Marie, por sua vez, era uma cientista brilhante e inovadora. Juntos, eles formam mais que um casal empreendedor: eles cocriaram algo que mudaria o destino da humanidade. Isto é, na prática, a co-engenharia, uma rota de inovação aberta que apresentamos neste link.
Se trouxermos as lições para os dias de hoje, podemos ver como um laboratório pequeno como o de Pierre pode alcançar o sucesso de uma startup, a partir de uma mente talentosa como a de Marie.
Um BÔNUS para filmes sobre inovação: Código Bill Gates
Como funciona o cérebro de uma das mentes mais brilhantes da humanidade e como ele faz uso da inovação aberta para colocar seus projetos em prática? Neste documentário da Netflix, em três capítulos, os produtores acompanham o CEO e fundador da Microsoft, Bill Gates, e revisitam momentos-chave de sua vida empreendedora.
Acho que nem preciso dizer por que está em nossa lista, concorda? Então agora chegou a sua vez de deixar suas sugestões de filmes sobre inovação: faça isso aqui mesmo nos comentários. E, como dizem nas portas dos cinemas, tenha um bom filme!