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Por que Henry Ford não lançou logo uma Ranger ao invés de evoluir a partir de um Produto Mínimo Viável – MVP

MVP

Produto Mínimo Viável (MVP): Por que fazer um?

Você já parou para pensar que com um “OK Google” e uma pergunta assertiva você pode ter acesso a muitas informações relevantes que podem mudar a decisão de compra? 

O seu cliente tem o poder de buscar informações e resenhas detalhadas. Por isso, você precisa que o seu novo produto tenha mais valor que simples respostas do Google. Ou seja, é necessário atender muito bem as necessidades do cliente. E é por isso que é fundamental criar um Produto Mínimo Viável, MPV, na sigla em inglês: Minimal Product Viable. 

Mas, afinal, o que é MVP e por que fazer um?

O termo MVP surgiu pela primeira vez em 2000, em um artigo de Willian S. Junk chamado “O Equilíbrio dinâmico entre custo, cronograma, recursos e qualidade em projetos de desenvolvimento de Software”.

Contudo, este termo se propagou no Brasil após o lançamento do livro Startup Enxuta, Eric Reis, que inclusive foi tema de um Blog Post e Podcast aqui na Haze Shift

Em conceitos gerais, o livro destaca que MVP significa desenvolver estratégias para agir pontualmente em cada item que envolva desperdício de tempo, dinheiro ou recursos. É um teste primário feito para validar a viabilidade do negócio, coletando o máximo de aprendizados de seus clientes com o menor esforço, segundo a Endeavor.

Para chegar a esta definição, o próprio Eric Reis errou, como ele coloca no livro, a primeira versão de um produto. Ele não teve sucesso porque ele não aplicou os conceitos acima. Ele não seguiu as orientações dos seus mestres Steve Blank e Bod Dorf. 

Esses autores destacam no livro Startup: Manual do Empreendedor o Manifesto das Startups. A primeira regra é: “Não existem fatos dentro do seu prédio, então saia”. Desta forma, o conselho é estar em contato com o seu cliente o mais rápido possível, capturar informações relevantes que possam ser aplicadas em um:

MPV, significado das letras

Em outras palavras, significa produzir algo pequeno, que atenda uma necessidade e esteja apto a viver, que o cliente não desista tão rápido. O MPV tem de ser algo que o cliente deseje usar, tenha valor suficiente, demonstre benefício para reter um usuário e, principalmente, forneça feedback para orientar o desenvolvimento futuro.

Mas como gerar um MVP? Para que isso seja possível, eu convido você  a pensar comigo sobre três itens. Vamos lá? 

1. Ciclo de Feedback

Em primeiro lugar, precisamos de um ciclo de feedback muito rápido para orientar o desenvolvimento de qualquer produto. Este ciclo é uma das primeiras características de um um Produto Mínimo Viável, MPV.

Mas durante esse desenvolvimento você precisa de atenção para não cair em armadilhas. Veja a seguir. 

2. Cuidado com o Ouro de Tolo 

Existe um termo muito usado em Gestão de Projetos chamado Ouro de Tolo ou Gold Plating, que  significa acréscimo de funcionalidades ou entregáveis ao projeto que não tem valor ao cliente ou que ele não solicitou. E aqui temos uma segunda característica do MVP que é ter valor suficiente para que as pessoas comecem a utilizá-lo. Você usaria algo que não precisa? 

3. Entrega de valor real 

Vamos pensar novamente na posição de um usuário. Quantas vezes você já instalou um aplicativo em seu celular, testou e apagou? Mas o que isso tem a ver com um MVP? Simples, a tecnologia nos deu o poder de escolha, ou seja, ficou muito fácil experimentar e se desfazer das coisas. E há coisas que não oferecem um valor real ou seja, desejo de ser usado.  

Você deseja que isso ocorra com o teu produto?! Esperamos que não, pois precisamos da terceira característica de um MVP:  entregar um valor real para que as pessoas comecem a utilizá-lo.

MVP e Design Thinking: conexões

O conceito acima está muito atrelado ao conceito de Design Thinking, que traz a noção de design como uma “Forma De Pensar” e teve sua origem em 1969 no livro The Science of the Artificial, de Herbert A. Simon”. Contudo, o termo foi mundialmente propagado pelos fundadores da IDEO, empresa de consultoria de design de produtos. 

A metodologia segue os passos de, primeiramente, realizar uma imersão no problema/dor [sair do prédio], uma análise e síntese dos dados coletados para definir as reais necessidades do cliente para que a solução criada tenha valor [deseje ser usado]. 

Então, passa-se para a ideação de quais produtos podem atender a necessidade e serem prototipados e apresentados ao cliente. 

Com base em feedbacks, é possível transformar ou não o protótipo em um MVP. 

O mesmo conceito acima também aparece no livro Innovation and Entrepreneurship, de Peter Drucker lançado em 1986. O autor apresenta uma metodologia de primeiro Buscar na Fonte [sair do prédio], gerar ideias, selecionar as melhores e então prototipar e ir ao mercado. 

Como o MVP funciona na prática? 

Imagine o seguinte cenário: você precisa de um carro para andar em uma estrada de chão. Pense comigo: você compraria um Ford Ranger ou um Quadricycle? 

O Quadricycle foi o primeiro carro da Ford em 1896. Um carro simples com rodas de bicicletas. 

Seguramente você irá responder o Ford Ranger. Mas será que a Ford teria condições de lançar uma Ranger logo de cara? 

Imagine se Henry Ford em 1894 decidisse entregar um Ford Ranger. Provavelmente ele teria falido até chegar neste produto completo perfeito. 

Então, de maneira simplista, considere que o Quadricycle é o MVP, que depois veio o Ford Model A até chegar no Ford Model T que foi o primeiro Ford produzido em série. Durante essas evoluções de protótipos, reflita sobre o quanto Henry Ford aprendeu e coletou de feedback de seus clientes até chegar ao Model T. E quanto não foi preciso até chegar ao Ranger? 

O fato é que houve evolução contínua, com produtos pouco a pouco cumprindo suas propostas a partir de um MVP. Afinal, a ideia inicial era oferecer um automóvel que permitisse ao consumidor deixar de andar de cavalos. 

Pensando por esse prisma, claro que Ford poderia com tranquilidade usar a expressão “Você pode escolher a cor do carro que quiser, desde que seja preto”, pois cor não era uma proposta de valor na época, mas sim sair do trote dos cavalos e eliminar o odor do esterno [Se você leitor já andou a cavalo, sabe exatamente do que eu estou falando]. 

A Ford conseguiu apresentar um produto mínimo viável com valor suficiente para que as pessoas começassem a usá-lo, reter seus usuários e aprender para evoluir e ser a empresa que é hoje, um passo de cada vez, até chegar ao Ford Ranger. 

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Ao pensar nessa evolução, de como a Ford chegou aos seus produtos de hoje, faz todo o sentido uma frase atribuída a Henry Ford no momento em que ainda não existiam carros: 

“Se eu perguntasse a meus compradores o que eles queriam, teriam dito que era um cavalo mais rápido”

Henry Ford

Seja sincero, como medimos a potência de um carro no popular? Não é com a pergunta: “Quantos cavalos tem este carro?”. Ou seja, Henry Ford e, principalmente, Karl Benz (a quem é atribuída a criação do primeiro carro), entenderam a necessidade de seus clientes tanto que entregaram cavalos mais rápidos, porém, não na forma de um cavalo e sim de um carro. Qual a forma do seu novo produto?

Concluindo, caros amigos gerente de novos produtos, designer estratégico ou responsável pela transformação digital de sua empresa, o produto mínimo viável que você está criando deve:

  1. Ter valor suficiente para que as pessoas comecem a utilizá-lo;
  2. Demonstrar benefícios suficientes para reter usuário iniciais;
  3. Fornecer um ciclo de feedback para orientar o desenvolvimento futuro.

Ou você vai ficar no passado, fugir das novas culturas de inovação e da inovação aberta, morrendo de vergonha de seu protótipo, esperando ele ser o produto ideal para colocar no mercado e descobrir tarde demais que seu cliente não irá pagar por ele? Pense nisso.

Aqui na Haze Shift nós podemos ajudar na construção de um MVP em conjunto com você. Com nossa expertise em design estratégico, inovação aberta e transformação digital, podemos cocriar uma proposta de valor real para seus clientes. E há diferentes meios para isso: através de desafios de inovação aberta, criação de teses de inovação, entre outras alternativas. Vamos conversar sobre isso? 

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