Ano após ano surgem inovações pouco compreensíveis para a grande maioria das pessoas, mas que podem virar apostas para outras. Pois uma das inovações recentes criticadas pelos céticos já está revolucionando a indústria do entretenimento e do marketing: Non-Fungible Token. Tecnicamente, este é o significado de NFT: é um ativo de token não fungível.
Parece palavrão, né? Calma, vamos traduzir com exemplos de NTF.
Basicamente, NFTs comprovam transações, mas podemos chamá-los de certificados digitais. Ou seja, é a representação de um bem único, com um certificado de posse digital e inviolável por meio do blockchain, a tecnologia mais segura existente para registro e rastreio de ativos. Em linhas gerais, blockchain é uma tecnologia como um livro digital que registra transações de maneira descentralizada, compartilhada e imutável.
Talvez você também esteja se perguntando o que é um token. Basicamente, os tokens são os representantes digitais de algo, como um registro online de uma propriedade. Esses tokens são registrados no blockchain, o mesmo sistema usado para transações de criptomoedas como Bitcoin ou Ether.
Para entender o que é NFT: significado de não fungível
Certo, mas e essa história de não fungível? Perceba que o blockchain pode registrar vendas de bens físicos e não físicos (intangíveis). O NFT é inteiramente focado nesta segunda situação, ou seja, não fungível. Ainda ficou na dúvida? Vamos lá que até o Código Civil vai nos ajudar no significado de NFT:
- Fungíveis: segundo o art. 85, do Código, são móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Por exemplo, o dinheiro: uma nota de R$ 10 pode ser substituída por outra (ou por duas de R$ 5) que terá o mesmo valor.
- Não fungíveis: são aqueles de valor especial, insubstituíveis, raros, como obras de arte e edições limitadas de certos produtos. Ou seja, não tem como trocá-las.
Entenda melhor:
E é agora que entra o grande diferencial sobre o conceito de o que é NFT: ela certifica compras não fungíveis da economia digital, certificando registros de posse de itens virtuais, incluindo a compra de obras de arte digitais. Como assim?
Por mais que uma obra seja feita para o universo digital e existam milhões de cópias delas facilmente geradas pelo botão Salvar Como, o NFT registra que somente uma pessoa é dona da obra original. Vamos entender com exemplos?
NFT: exemplos
No maior dos exemplos de NFT, a obra EVERYDAYS: THE FIRST 5000 DAYS, do artista digital Beeple, foi vendida em março de 2021 pelo equivalente a quase US$ 70 milhões.
A transação aconteceu em parceria pela histórica casa de leilões britânica Christie’s (que tem mais de 250 anos) e pelo site MakersPlace. Foi nada mais nada menos que a mais cara da história dos NFTs, e a terceira mais cara da história da arte envolvendo artistas vivos. Esta é uma das mais de 5 mil fotos dentro da obra:
Tudo isso seria loucura de artista? Não mesmo, pois até a maior liga de basquete do mundo, a NBA, entrou nessa com o projeto NBA Top Shot, plataforma da liga esportiva que negocia cards de jogadas históricas da NBA. Quem compra um card (que podem ser imagens ou vídeos) fica com o registro de dono da jogada. Entenda como funciona:
Pense em um álbum de figurinhas. Lembra o quão difícil era encontrar determinadas figurinhas, por que a editora fazia apenas um número limitado delas? É mais ou menos o que ocorre na NBA Top Shot: a liga oferece um número serial limitado de cards virtuais (às vezes pode ser um único card). Quem comprar esses cards colecionáveis terá o registro de propriedade do card na blockchain.
Agora pense comigo: será que sua empresa não tem algo único a oferecer na economia digital que as pessoas se interessariam em ter um certificado digital de propriedade? Pode ser que esse não seja o caso agora, mas e em um futuro próximo? Tenho certeza que as oportunidades existem, veja só estes outros exemplos de NTF:
Entretenimento aposta alto em vender e comprar por NTF
Além da NBA, o mundo dos jogos digitais está anos luz à frente nesse novo mercado. Como exemplos de NTF, existem jogos que oferecem um número limitado de objetos virtuais para os jogadores. Ter esses itens é sinônimo de status para os fãs de certos games.
Em alguns, como o Axie Infinity, é possível vender e comprar por NFT: nesse jogo, a pessoa pode comprar criaturas, treiná-las para batalhas e depois vendê-las com esse registro digital formalizado em blockchain.
Em outros casos, também no universo do entretenimento, é possível comprar itens como álbuns musicais. Foi o que fez a banda britânica, Kings of Leon que colocou à venda em 2021 uns 25 itens virtuais colecionáveis, como versões digitais de luxo de um novo disco, e ingressos para shows futuros. A banda arrecadou o equivalente a mais de R$11 milhões no negócio.
E há ainda outro pulo do gato nesse mecanismo de vendas. É possível registar no blockchain que, se o comprador vender seu direito para outra pessoa, é paga uma comissão ao primeiro vendedor – no exemplo acima, o Kings of Leon. E adivinha quem pode lucrar com isso? Empresários e clubes de futebol!
Atualmente, a venda de passes de jogadores (que é algo não fungível), conforme regra da Fifa, paga até 5% por transação para o chamado clube formador, ou seja, aqueles que investiram na preparação da base do atleta. Com um registro NFT, isso fica ainda mais fácil e auditável. Esse mercado de passes de futebol, aliás é apropriado para NFT. O que será que as startups do esporte podem fazer com essa tecnologia? Veremos a aplicação disso logo por aí.
Do entretenimento à indústria: exemplos de NFT no Brasil e no mundo
Por aqui, no Brasil, a Havaianas já tem um case para contar. Em maio de 2021, a marca fez o primeiro leilão de cinco obras de arte digital em parceria com o artista e designer Adhemas Batista. A primeira peça vendida foi Happy Feet (veja aqui). Em divulgação à imprensa, a CMO da Alpargatas (que detém a Havaianas) deu um bom indicativo de como as empresas podem abrir ainda mais as portas para novos exemplos de NFT no Brasil:
“O mundo do NFT está vivendo um boom nesse momento. O que começou com skins nos games ganhou uma força enorme e já há marcas vendendo apenas roupas e calçados digitais, que podem ser ‘vestidos’ como filtros de Instagram e outras redes sociais. Para Havaianas, faz muito sentido participar dessa conversa”.
Inovação aberta e negócios digitais
Se você acha que no seu mundo isso não se aplica, confira só essa história. Uma cervejaria de sucesso da Austrália, a Aussie Beer, passou a trocar litros de cerveja por excedentes de produção de energia solar, que é algo não fungível. O negócio que envolve tokens e blockchain funciona assim. Entenda:
Em todo o mundo, pessoas físicas e jurídicas que produzem energia limpa podem fazer contratos bilaterais com distribuidoras de energia, dessa forma vendendo ou obtendo créditos sobre o excedente produzido, que é distribuído pela concessionária de energia. Contudo, no caso da Austrália, esse excedente pode ser trocado por cerveja.
Produtora da Aussie Beer, a Vitoria Bitter (VB) lançou o programa Solar Exchange em parceria com a Diamond Energy. A concessionária transfere para a VB a energia solar excedente produzida pelos consumidores que aderirem ao programa. Em paralelo, a VB disponibiliza créditos para o consumidor pagos por meio de engradados de cerveja.
Leia também: Por que a Agroenergia no Brasil é um dos melhores exemplos da inovação aberta
Tudo isso é auditado pelo pelo contrato inteligente registrado na blockchain entre a cervejaria e a concessionária de energia, permitindo aos usuários rastrear as transações de energia solar.
Perceba que, neste caso, temos um grande e produtivo negócio de inovação aberta: a cooperação entre duas empresas (cerveja e energia) e com clientes. Isso poderia também acontecer com alimentação, crédito em celulares ou serviços. As possibilidades são milhares para diversos setores. É uma forma de inovação colaborativa, uma das rotas de inovação aberta que descrevemos aqui no Blog da Haze Shift. De quebra, assim, a empresa potencializa a sustentabilidade e sua estratégia ESG. Pense nisso!
E como a Haze Shift pode ajudar?
Se você está de olho em novos modelos de negócios, como consultor de inovação, eu recomendo que você coloque em sua lista de tarefas avaliar o potencial dessa nova forma de fazer negócios. Espero ter colaborado citando exemplos de NFT, mas nós da Haze Shift podemos colaborar ainda mais ao estruturar sua tese de inovação já com foco neste novo modelo de economia digital.
E qual será o futuro desse negócio? Deixe sua opinião aqui mesmo nos comentários deste post e vamos falar sobre isso!