Aposto que você já se deparou por diversas vezes com artigos e projetos sobre cocriação. Mas existe um outro caminho que também apoia a inovação aberta. Chama-se codesign ou design compartilhado.
Se por um lado cocriar significa cooperar de uma forma ampla, o codesign – que é uma das 33 rotas de inovação aberta possíveis (número 10) – utiliza do designs estratégico e do thinking para duas ou mais organizações projetarem produtos, serviços e processos, entre outros. A etimologia da palavra também nos ajuda a entender o conceito de codesign:
- O prefixo Co significa comum, juntos;
- Já design pode ser entendido como projetar algo, atividade.
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Em outras palavras, codesign significa design compartilhado entre diferentes stakeholders. Ou seja, um desenho conjunto de uma solução de uma empresa para uma necessidade específica de outra empresa ou em parceria com outra empresa.
Para deixar isso mais claro, vamos pensar em exemplos.
A empresa aeronáutica Embraer anunciou em 2019 que estava desenhando, em parceria com a Uber, uma espécie de táxis voadores. À época, a intenção era criar a Uber Air, com serviços mais baratos que voos de helicópteros. Nesse caso, a empresa aeronáutica utilizou sua expertise aérea para apresentar um projeto de carro voador, e a Uber sua expertise de serviços de caronas pagas/mobilidade urbana.
Outra possibilidade é mais direta. Uma montadora de automóveis pode, por exemplo, demandar para outra empresa a criação de um motor específico para um carro. Nesse caso, elas farão o design compartilhado para a criação do produto final, com um desenho específico para o item estar enquadrado e de acordo com os parâmetros físicos do carro em questão.
Ficou mais claro?
Agora, como podemos trabalhar o codesign?
Para promover o design compartilhado entre empresas, precisamos considerar alguns fatores específicos. Por isso é importante destacar o seguinte quando pensamos no codesign:
- O conceito de codesign trabalha diretamente na identificação de parceiros para uma dor ou problema específico identificado por uma organização, apostando na inovação aberta com um parceiro para solucionar o caso;
- Como envolver stakeholders internos e externos das organizações para a construção da solução;
- A partir do mapeamento de stakeholders, promover um processo de escuta ativa dos potenciais clientes ou consumidores;
- Promover uma análise das tendências de mercado, com benchmarking que apresente tanto sobre a existência de soluções similares ou protótipos.
A partir dessas reflexões, diferentes tipos de inovação podem ser alcançados.
Inovação Incremental
Quando uma organização precisa incrementar uma nova funcionalidade a um produto – seja um botão ou algo mais complexo –, isso pode demandar uma tecnologia diferente da área de expertise dela própria.
Nesse sentido, a companhia pode abrir seu leque e partir para a inovação aberta com um parceiro. Isto é, chamar um parceiro ou fornecedor de uma marca diferente dela para desenhar em conjunto a nova funcionalidade. Aqui podemos novamente pensar na indústria de automóveis. A Volkswagen, por exemplo, e a empresa chinesa de inteligência artificial Mobvoi se uniram para projetar e implementar soluções de inteligência artificial em carros, como sistemas de reconhecimento de voz. Ou seja, uma inovação que incrementa opções e agrega valor ao veículo
Inovação Transformacional ou Disruptiva
No caso de unir duas tecnologias diferentes para atingir um objetivo, é preciso realizar um codesign que transforme um produto para atingir uma base de consumidores já existente no mercado.
Agora pouco citamos neste artigo a união da Uber com a Embraer, empresas de bases tecnológicas totalmente distintas, que buscam oferecer uma nova solução conjunta para um público que já existe: usuários de aplicativos de mobilidade que poderão se locomover por ar, e não apenas por terra.
A fabricante de motocicletas Yamaha, por exemplo, anunciou em março de 2022 investimento de R$ 9,4 milhões na startup ARPAC Drones, de tecnologia agrícola. Com isso, poderão oferecer essa inovação disruptiva/transformacional ao mercado do agronegócio.
Inovação radical
Outras empresas podem, ainda, criar novos mercados consumidores e hábitos de consumo a partir do codesign. Por exemplo, empresas especiais estão criando um modelo de negócio que é o turismo espacial. A Blue Origin, do bilionário Jeff Bezzos, vem desenhando essa proposta.
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Os benefícios do codesign nos tipos de inovação
Claro que esses são apenas alguns exemplos. Contudo, por si só, eles já mostram alguns benefícios do codesign:
- Relação com parceiros e stakeholders especialistas de um tema em que uma empresa tem pouca dominância, como no caso da Uber buscar a Embraer para ganhar conhecimento em veículos aéreos.
- Desenvolvimento de novos modelos de negócios conjuntos, como a Yamaha investindo na startups de drones;
- Maior braço operacional para o codesign, como no caso da Volkswagen apostando na solução incremental com Mobvoi
Além de tudo isso, eu vejo que o design compartilhado é uma grande maneira de economizar tempo e dinheiro por meio da inovação aberta. Afinal, as empresas não precisam, por exemplo, contratar pessoas do zero e desenvolverem novas áreas internas, o que – claro – custa caro e leva tempo para os resultados.
Também podemos citar que existe foco e incentivo mútuo pela colaboração, uma vez que todos os envolvidos irão – além de buscar um mesmo objetivo – compartilhar tecnologias e bases diferentes de conhecimentos.
Consultorias de inovação e o movimento pelo codesign
Muitas vezes, as organizações precisam de apoio para chegar à conclusão de que uma boa saída para suas dores está no codesign como movimento de inovação aberta. Consultorias de inovação como a Haze Shift podem ajudar nessa visão de mercado futuro, com a criação de conceitos e protótipos.
Entre as soluções para isso, podemos começar com entrevistas exploratórias, promover jornadas ressignificação, criar comunidades de prática e de consumidores e promoção de um matchmaking de startups para encontrar soluções conjuntas, entre outros pontos essenciais. Tudo isso é decisivo e um apoio indispensável antes de encontrar o parceiro ideal. Afinal, é preciso avaliar a maturidade da empresa e também a cultura da inovação presente para começar um projeto de design compartilhado. Portanto, se você não sabe por onde começar, vamos conversar sobre isso.