Vamos pensar em uma situação hipotética. Você tem uma fábrica, mas a demanda está abaixo do esperado. Com isso, uma parte de sua indústria fica ociosa. O que você faria? Diante do desafio, uma boa saída pode ser compartilhar suas instalações, sistemas e recursos com parceiros e até mesmo concorrentes. Vamos entender porque essa opção pode ser vantajosa.
Essa alternativa é uma das 33 rotas de inovação aberta (a rota 17). Nesse modelo, seja por ociosidade, estratégia ou mesmo divisão de custos (entre outros fatores), as empresas podem compartilhar diversos recursos, seja máquinas, laboratórios de pesquisas, de impressão ou mesmo espaços e de linhas de produção.
Isso contribui fortemente para a inovação aberta e para o design estratégico.
Como funciona esse compartilhamento: exemplos
Aqui a proposta é a seguinte: uma empresa, ou uma organização (como uma cooperativa ou associação industrial, por exemplo), acaba assumindo o papel de construção e operação de um ambiente produtivo.
Dois exemplos de empresas que adotam essa rota de inovação são a General Electric e a IBM. Por meio de um programa chamado Ecomagination, a GE promove a colaboração com outras empresas com o compartilhamento tanto de ideias quanto de recursos sobre soluções de eficiência energética. Já a IBM possui ambientes colaborativos de inovação, onde startups, pesquisadores, empresas e investidores se reúnem para compartilhar ideias, recursos e experiências.
Para entender isso melhor, vejamos aqui mesmo no Brasil alguns exemplos excelentes de compartilhamento de recursos. Veja só:
Esse compartilhamento pode acontecer, por exemplo, por meio de Fab Labs: instalações ao estilo de laboratórios para empresas (e algumas vezes até mesmo representantes da comunidade e estudantes) realizarem a criação de soluções para problemas reais, podendo elaborar projetos e desenvolver protótipos. E é isso o que acontece no FabLab da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). Para reforçar a inovação, estudantes têm acesso a equipamentos como impressoras 3D, máquina de corte a laser, fresadoras, por exemplo.
Da mesma maneira, parques tecnológicos como os de Itaipu e o Biopark de Toledo (PR) são locais em que muitas empresas trabalham juntas, dividindo espaços, favorecendo todo um ecossistema de inovação.
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Já no caso de cooperativas, um bom exemplo vem dos Campos Gerais, no Paraná. As cooperativas Capal, Castrolanda e Frísia criaram uma intercooperativa chamada Unium, em um processo de venda de produtos como leite, farinha de trigo e carne suína. Elas dividem e investem nas fábricas em conjunto, e os cooperados das três organizações fornecem o leite, o trigo e os suínos que serão processados pelas as indústrias. Assim, o espaço fabril e os recursos são compartilhados pelas organizações. Isso já é uma excelente otimização de recurso, uma das vantagens que essa rota da inovação proporciona.
Isso tudo prova que a partir de ecossistemas assim, é possível que diferentes empresas, startups ou mesmo universidades invistam em conjunto em um local ou mesmo em um software, por exemplo, compartilhando-o. Assim, todas têm direito ao uso.
Benefícios de instalações, sistemas e recursos compartilhados
Dessa forma, empresas que compartilham ambientes têm muito a ganhar. Vamos conferir mais algumas dessas vantagens sobre instalações, sistemas e recursos compartilhados:
- Oportunidade para as empresas se tornarem mais competitivas juntando os esforços do que fazer uma atividade sozinha, o que é o caso da Unium;
- Uma grande oportunidade de reduzir custos, sem precisar de um ambiente exclusivo para sua produção, existindo a convergência do uso de recursos;
- Aumentar a eficiência e o acesso a recursos que seriam caros ou difíceis de adquirir por uma única empresa;
- Promover ações conectadas a outras rotas de inovação aberta, como codesign, marketing conjunto, realizar a coprodução e o aprendizado conjunto (co-learning) ou até mesmo promover a criação de spin-offs e promover a inovação colaborativa;
Em outras palavras, essas vantagens mostram que a colaboração e o compartilhamento de recursos são cada vez mais alternativas para o sucesso da inovação e para a competitividade das empresas.
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Riscos envolvidos ao compartilhar recursos
Apesar de todos esses benefícios, é importante frisar que o planejamento estratégico é essencial para mitigar alguns riscos envolvidos no compartilhamento de instalações, sistemas e recursos entre organizações.
Como consultor de inovação, preciso destacar que as companhias devem estabelecer contratos e tomar precauções para evitar que informações sigilosas e até mesmo que exista um conflito de uso de propriedades intelectuais.
Além disso, sempre deve ser observado que, ao criar processos, a própria cultura organizacional e a cultura de inovação das empresas devem ser levadas em conta. Afinal, muitas vezes vemos iniciativas maravilhosas, mas quando você junta times diferentes (ainda mais de organizações distintas) pode haver conflitos organizacionais, pois cada empresa tem um jeito de trabalhar. Nesse sentido, ações de design estratégico podem quebrar silos organizacionais.
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Como uma consultoria de inovação pode ajudar?
Nesse sentido, para mitigar riscos, a participação de uma consultoria de inovação como nós da Haze Shift pode fazer a diferença antes de uma organização iniciar um projeto de compartilhamento de instalações, sistemas e recursos compartilhados.
Por meio de programas de modelagem de negócios, por exemplo, é possível entender oportunidades que podem ser exploradas pela organização, assim como realizar ações para preparar culturalmente a empresa (ou parte dela) para um modelo de compartilhamento de instalações, sistemas e recursos. Essa, inclusive, pode ser uma ação conjunta com o parceiro que irá compartilhar os recursos. Nesse sentido, nós podemos ajudar a:
- Definir objetivos claros para colaboração e identificar quais recursos precisam ser compartilhados para atingir esses objetivos.
- Promover ações de cultura da inovação em prol de uma cultura corporativa aberta e colaborativa, que valorize a inovação e o trabalho em equipe.
- Identificar os parceiros certos com habilidades e conhecimentos complementares para garantir que a colaboração seja bem-sucedida por meio, por exemplo, de um matchmaking.
- Identificar os melhores modelos de governança de inovação para gerenciar a colaboração, definir papéis e responsabilidades e estabelecer regras para o compartilhamento de recursos.
- Avaliar os resultados e adaptar a estratégia sempre que necessário para garantir que a colaboração esteja gerando valor para todos os envolvidos.
Em um recente trabalho que fizemos com a Cibra Fertilizantes, por exemplo, auxiliamos na construção da estratégia de inovação aberta com mapeamento de ecossistemas amplo e próximo para identificação de oportunidades conjuntas com clientes e fornecedores e instituições de ensino. Esse mapeamento de ecossistemas, em caso de uma hipotética busca por compartilhamento de recursos, é essencial.
Tudo isso mostra que o compartilhamento de recursos pode oferecer muitos benefícios, mas é preciso mitigar desafios significativos. Por isso, vamos conversar para chegar à melhor solução para sua empresa.