A Indústria 4.0 bateu na porta das empresas brasileiras e, definitivamente, vai ficar por um bom tempo. Ela traz na bagagem soluções como Internet das Coisas, Big Data, Realidade Virtual, entre outras. O desafio agora é acomodar e organizar esse montão de dados e informações que ela vai espalhar pela casa, com a Gestão do Conhecimento da Indústria 4.0.

Aqui mesmo no Blog da Haze Shift, eu escrevi sobre a importância da retenção de talentos para ajudar a arrumar a casa. O problema é que em algum momento pessoas migram de áreas, recebem boas propostas, resolvem empreender ou, simplesmente, tiram férias.

Nesse sentido, manter o conhecimento na empresa é tão importante quanto trabalhar a retenção de talentos. Existem vários meios de fazer essa Gestão do Conhecimento na Indústria 4.0: exemplos dos mais simples e eficazes aos mais avançados e complexos, mas totalmente viáveis. E a primeira dica é que a administração separe pelo menos uma parte do faturamento da organização para investir nisso.

O que fazer com quem detém o conhecimento?

Gestão do conhecimento tem muito a ver com a perenidade sobre o que a empresa produz quanto a informações. Quando pessoas executam repetidamente processos ou procedimentos, e aprendem a lidar com um tipo de trabalho e a resolver problemas do dia a dia – mais do que métodos, processos e dados -, elas acumulam conhecimento. É o chamado conhecimento tácito, que vem com a prática.

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No momento em que uma nova pessoa precisa executar esses mesmos processos, é importante que ela use esse conhecimento adquirido por outros, evitando assim uma perda de tempo e a busca por soluções que, nem sempre, serão as mais eficazes. E é por isso que o tácito precisa se tornar explícito.

Afinal, queremos que as pessoas que assumam novas funções, tenham pelo menos uma grande porcentagem dos conhecimentos de seus precursores, e, se possível, os aprimorem. Faz sentido, não faz? E a melhor forma de reter esse conhecimento senão na fonte de tudo: no ser humano.

Indústria 4.0 depende da gestão de pessoas para transformar dados em conhecimento

Em primeiro lugar, com os novos processos da Indústria 4.0, que vão muito além da automatização e trazem uma infinidade de dados, as empresas têm um paradigma: vão treinar uma ou mais pessoas para uma função? Se você optar por uma pessoa, ela será capaz de disseminar os conteúdos ou ser multiplicador do conhecimento?

Aqui entramos na parte mais simples da gestão do conhecimento. Criar um padrão de treinamentos internos, em que as equipes consigam substituir um colaborador por outro sem grande impacto nos processos diários.

O exemplo do meu pai

Creio que o exemplo da empresa de meu pai vai ajudar a ilustrar essa situação – ainda que eu tenha que reforçar que a indústria dele não é propriamente 4.0, mas tem modelo de gestão do conhecimento que precisa ser mantido nas empresas. A empresa em questão é a Rex Racing Indústria e Comércio de Bolsas, que sempre empregou dezenas de costureiras. Mas a atualização das máquinas de costura passou por atualização tecnológica, e a exigir certos conhecimentos.

Dessa forma, invés de treinar apenas uma costureira experiente para programar a máquina, e acompanhar a qualidade da produção dos produtos a partir desse equipamento, ele apostou em mais de uma pessoa. Elas passam, assim, de costureiras para colaboradoras capazes de atuarem como operadores de máquinas. E há um rodízio quinzenal da função, o que ajuda a reter o conhecimento dessa operação tecnológica específica.

Se você parar para pensar, esse é um exemplo simples, mas eficaz de retenção do conhecimento. Mas quando estamos falando de processos ainda mais avançados, o gargalo pode ser ainda maior e você precisa de uma consultoria para trabalhar melhor esse processo de aprendizagem interna.

Por exemplo, nós da Haze Shift podemos ajudar a sua empresa a identificar quais elementos da indústria 4.0 estão presentes em sua empresa e estruturar um treinamento de compartilhamento de conhecimento utilizando um modelo de design estratégico.

Vamos ao próximo ponto?  

Dos manuais ISO à gestão do conhecimento na Indústria 4.0

Aposto que você se lembra das Normas Internacionais ISO, criadas para manterem uma padronização de sistemas de gestão da qualidade em produtos e serviços, incluindo normas técnicas. Pois quando uma empresa precisa se adequar a alguma ISO, ela tinha um manual escrito e atualizado periodicamente sobre como realizava as execuções de seus trabalhos. Antigamente, essa era uma das regras para obter a certificação ISO: ter tudo minuciosamente, por escrito.

Perceba uma coisa: essa padronização era uma forma de fazer a gestão do conhecimento da empresa. Mas agora, com novas tecnologias e processos, seguindo o caminho da transformação digital, a Gestão do Conhecimento da Indústria 4.0 pode (e deve) ir além de um manual ISO. Isto porque o volume de informações gerados tanto pela automatização quanto pelo acompanhamento de inteligência digital de processos é enorme.

Como solucionar esse desafio? Em poucas palavras: bons softwares e boas parcerias de inovação aberta com startups que fazem esse gerenciamento de dados. Esse já é um grande motivo para você ter uma intranet de fácil navegação e constantemente atualizada em sua empresa. Além disso, não por acaso hubs de inovação, como o CoCriagro de Londrina, totalmente ligado na gestão do Agro 4.0, estão atrás de parceiros que transformem dados em negócios, estimulando a cultura da inovação.

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Existem empresas e startups especializadas em serviços como esses. Por exemplo, a SoftExtpert oferece uma solução que busca fazer a gestão do conteúdo e a retenção dos processos organizacionais e promete acompanhar o ciclo de vida completo desse tipo de conhecimento. Outras como a Samantix reúnem as informações de bases de dados criando uma jornada, transformando informação em aprendizado, prevendo comportamentos e padrões em processos. Funciona assim:

Aliás, ir atrás de soluções assim são outros exemplos em que nós da Haze Shift podemos ajudar. Entre os anos de 2020 e 2021 fizemos vários projetos focados em Hunting de Startups, isto é, uma seleção de startups para organizações, conforme suas necessidades.

Nós fizemos workshops apresentando o conceito de inovação aberta e de startups com especialistas renomados de grandes organizações. Além disso, com pesquisas qualitativa e quantitativa, chegamos a uma seleção de startups. Isso pode ser decisivo na gestão do conhecimento para a indústria 4.0.

Saiba mais no case Ciklo Hub de Inovação: Programa Open Innovation & Hunting de Startups

Realidade virtual e ampliada

Uma coisa que realmente pode fazer a diferença atualmente está acima (e não abaixo) do nosso nariz: os óculos. Certamente você já ouviu falar em óculos de realidade virtual.

Pois bem, esses materiais estão cada vez mais acessíveis para pequenas, grandes e médias empresas oferecerem uma experiência de passo a passo de funcionamento de processos para os colaboradores. É uma forma de gestão do conhecimento na indústria 4.0 que, certamente, está virando tendência, principalmente pela iminente chegada do 5.0 ao Brasil.

É o caso da startup GoePik, de Curitiba, que cria junto a empresas detalhamentos de processos de uma forma imersiva. Tire um minutinho para ver como funciona neste vídeo:

Contudo, se você acha que isso ainda está longe da sua realidade, pense em algo que virou moda nos últimos anos: aplicativos de celular com experiência de realidade aumentada. Com o aplicativo da loja Mobly, é possível ver móveis na sua sala a partir de uma foto no espaço desejado. Veja que bela oportunidade para indústrias terem uma noção real do espaço de seus produtos, máquinas e itens dentro de galpões, por exemplo.

Leia também: Realidade estendida do 5G vai muito além de celulares mais rápidos. E os seus negócios vão explorar esses novos futuros?

Também é possível apostar em impressoras 3D para fazer testes tanto em treinamentos de colaboradores quanto para simulações em conjunto com a equipe, o que certamente ajuda as equipes a materializar a gestão do conhecimento na Indústria 4.0.

A passagem do conhecimento

Por fim, fica evidente com tantos recursos que é possível gerar o que os autores Nonaka e Takeuchi chamaram, certa vez, de Espiral do Conhecimento (confira o vídeo abaixo) nas organizações. Isto significa unir os chamados conhecimentos tácito (aquele que temos por meio de experiências diárias e que muitas vezes deixamos de documentar) aos explícitos. Estes são aqueles que tomamos conhecimento com plena consciência e temos uma série de formas de repassar para outras pessoas, como os exemplos que citei neste texto.  

Neste sentido, é importante que sua organização tome como prioridade a transição dos conhecimentos tácitos para explícitos. E é aqui que nós da Haze Shift podemos ajudar com nossa expertise em inovação aberta, design thinking e transformação digital.

Portanto, se você vem percebendo que muitas vezes as trocas de colaboradores ou a atualização dos sistemas de gestão e de processos em sua empresa está deixando a desejar, fica meu convite. Vamos conversar para estabelecer um novo fluxo para tornar dados e processos, muitas vezes mecânicos, em conhecimento.

Referências

Escrito por:

Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

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