Você sabe quantos anos se passam para que exista a troca de uma geração para outra? A resposta para essa pergunta, no século passado, era: 25 anos. Mas isso também mudou.
A velocidade de introdução de novas tecnologias, no nosso tempo, permite afirmar que, nas novas gerações, pessoas com 10 anos de diferença já poderiam ser consideradas de gerações diferentes. Elas estão muito mais conscientes dos impactos dos negócios na sociedade e no ecossistema do nosso planeta. Mas qual a relação disso com mensuração da inovação?
As formas de mensurar inovações tradicionais já não fazem sentido quando as analisamos com os novos mindsets das novas gerações. Medir o percentual de receita com novos produtos e serviços é clássico. Medir o esforço com experimentos é uma boa medida de tendência sobre o processo de inovação. Medir o orçamento, recursos aplicados e a utilização de novas tecnologias também são boas formas de mensuração. Mas essas formas estão alinhadas com os novos mindsets? Penso que não!
Novo lucro admirado e inovação
Tenho duas histórias de palestras que assisti. Elas me levaram a defender o Novo Lucro Admirado como principal medida para inovação no contexto da realidade que vivenciamos agora.
A primeira eu assisti em 2015. Foi de um especialista em inovação convidado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) que destacava a diferença entre P&D e Inovação. Ele afirmou que muita gente ainda confundia os dois conceitos, e detalhou isso de uma maneira muito simples e didática na palestra.
Para ele, P&D e inovação são formados por dois funis. No primeiro, você coloca dinheiro e gera novos conhecimentos (K = Knowledge). No segundo, você utiliza os novos conhecimentos e gera dinheiro novamente ($).
Nesse sentido, a partir de trabalhos que eu tenho feito atualmente com empresas de diferentes setores, eu tenho uma certeza: gerar dinheiro é, efetivamente, gerar o Novo Lucro.
Na segunda história de palestras que assisti, eu estava participando de uma reunião do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em 2018, sobre boas práticas em Conselhos de Administração. O fechamento da palestra de André Caldeira me chamou a atenção, pois demonstrava a importância dos conselhos de administração prestarem atenção ao propósito das organizações, e não apenas à velha forma de analisar o desempenho das organizações.
Foi a primeira vez que ouvi o termo Lucro Admirado. Como levar para os conselhos o tema Lucro Admirado? Sendo Lucro Admirado diretamente relacionado com propósito profundo de um negócio ou de uma marca.
Como fazer o Novo Lucro ser admirado
No meu processo reflexivo e criativo, trabalhando com inovação em empresas já estabelecidas, é óbvio que juntei os dois conceitos formando Novo Lucro Admirado. Esse é o resultado que precisamos buscar com a inovação:
- Não de melhorias incrementais em produtos e serviços que foram criados para fins especulativos;
- Não de inovações que geram mais lucro, explorando os recursos do planeta onde vivemos sem pensar nas próximas gerações;
- Não de inovações que beneficiam apenas o sócio capitalista e não demonstram o impacto social que contribui para o desenvolvimento da humanidade.
Mas então como fazer o Novo Lucro ser admirado? Como inspirar os colaboradores da empresa e principais stakeholders a se engajarem, de forma genuína, em uma jornada com propósito? E isso, sim, é difícil!
Na minha jornada pessoal de consultor de inovação, percebi que o propósito pode vir da vocação do empreendedor. Contudo, nem sempre essa vocação é inspiradora o suficiente. Daí vem um exercício de humildade.
Nós estamos juntos neste planeta! Então é válido se engajar em propósitos maiores que nós mesmos. Por que não alinhar a inovação com os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU? Por que não alinhar a inovação com os princípios do ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance)?
Leia também nossos textos sobre Inovação Aberta e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU
Essa é a principal medida de inovação que todos nós deveríamos nos engajar: Novo Lucro Admirado.
O Novo Lucro precisa ser o resultado do nosso inconformismo com a forma de consumo atual, ou com a injustiça social gerada pelo capitalismo inconsciente e especulativo que explora os recursos do planeta sem medir as consequências para o futuro da nossa civilização.
O Novo Lucro Admirado contribui com a sustentabilidade e está alinhado com níveis mais altos de consciência. E na empresa em que você trabalha? Já tem utilizado métricas alinhadas com o Novo lucro Admirado? Suas métricas refletem o mindset da nova geração que é muito mais consciente da necessidade da sustentabilidade?
Escrito por:
Valdinei Santana
Valdinei Santana é conselheiro e consultor associado da Haze Shift, bacharel em Tecnologia da Informação, mestre em Administração Estratégica com cursos executivos presenciais no MIT. Realiza trabalhos sobre inovação em modelos de negócios com foco na auto-disrupção que prefere abordar como práticas de business hacking.
Muito boas suas reflexões, notei que em 2015 ouviu o termo “Novo Lucro Admirado”, de lá para cá isso evoluiu entre conselheiros? Como você têm feito para aplicar o conceito em conselhos/projetos que participa? Tem cases de sucesso para compartilhar?
Sucesso!
Abs
Parabéns Valdinei. Certamente a lógica capitalista terá que se adaptar aos novos tempos. Consultores como você farão a diferença!
Felizmente já existem bons exemplos de inovação dessa nova era.
Deixo um link para quem tiver interesse: https://mashable.com/article/poverty-innovations