Todos nós somos, de uma forma ou de outra, gestores de projetos: seja de empresas ou do projeto de nossa própria vida. Alguns responsáveis pela gestão dos projetos de transformação digital das empresas, outros buscando o impacto de uma cultura inovadora. 

Sabemos que transformar não deve ser apenas uma pequena mudança, caso contrário não usaríamos a palavra transformação. Logo, temos um grande desafio pela frente e que nos parece complexo. Então como realizar uma transformação de forma simples? A Teoria das Restrições pode nos auxiliar nesta resposta.

O que é a Teoria das Restrições

A Teoria das Restrições (TOC – Theory of Constraints, criada por  Eliyahu M. Goldratt) busca com um raciocínio simples, consistente e humano, transformar a gestão das partes de um sistema complexo (uma empresa, um processo) em gestão das inter-relações entre essas partes, sempre na busca do seu melhor desempenho possível. 

A TOC foi concebida para auxiliar organizações a alcançar seus objetivos continuamente, buscando identificar as restrições que limitam a performance do sistema em relação à sua meta.

E aqui ficam algumas perguntas que nos ajudam a pensar sobre esta teoria.

Por que complicamos tudo então?  Por que temos tanto medo de restrições? Por que não conseguimos alavancar nossos projetos? Porque vemos restrições em tudo. Então, uma boa ideia é entender como a Teoria das Restrições funciona para desbloquear nossos projetos profissionais e pessoais.

Antes de tudo, mais uma reflexão 

Vamos recuperar uma expressão muito conhecida de Arquimedes: “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e levantarei o mundo”. O mundo, podemos considerar aqui como nossos projetos profissionais e pessoais; a alavanca, tudo o que estudamos. E mesmo assim, não movemos o mundo. Por quê? A resposta está na própria frase: “dê-me um ponto de apoio”. 

Então, qual é o ponto de apoio de seu projeto, sua empresa, seu departamento, sua vida? Olhando pela TOC, podemos dizer que se olharmos de forma simples, encontrarmos um ponto de apoio e se soubermos usar uma alavanca, podemos realizar o impossível! 

Assim sendo, quais são as restrições que estão impedindo-nos de alcançar os nossos objetivos? Quais são estes pontos de apoio que não estamos conseguindo encontrar? Quais são os pontos de alavancagem que precisamos ver para conseguir usar todas as alavancas? 

Ferramentas da Teoria das Restrições

Sabemos que a resistência de uma corrente de metal, aquelas que usamos com cadeado para fecharmos um portão, é dada pelo seu elo mais fraco. Esses elos são como as restrições do negócio. Pense  na empresa como uma corrente, ou seja, um sistema interligado. 

Você já se perguntou quantas vezes você está tentando reforçar um elo resistente para compensar o elo mais fraco ao invés de agir onde realmente precisa? Então, como ajustar o sistema para dar a ele a resistência (longevidade) necessária? 

Aqui entram as ferramentas da Teoria das Restrições: 

  • Árvore da Realidade Atual, 
  • Diagrama do conflito, 
  • Árvore da Realidade Futura, 
  • Árvore de Pré-requisitos, 
  • Árvore de Transição

Em breve divulgaremos um texto sobre essas ferramentas, mas é importante destacar que, a partir delas, a Teoria das Restrições propõe que todo sistema é um subconjunto de um sistema maior e complexo. Um sistema complexo tem poucos pontos de alavancagem, várias interdependências e muitas incertezas. Para encontrarmos o ponto de apoio para realizarmos a alavancagem que precisamos, temos que entender o sistema por completo, mapear e conhecer toda a cadeia de valor do negócio e do projeto, deixar claras as inter-relações, conhecer os elos da corrente e ter uma visão sistêmica. E vamos ser sinceros, dá trabalho e precisamos de ajuda.

Quando isso acontece, o ideal é chamar uma consultoria especializada, que ajude nesse mapeamento para identificar as restrições. 

Nós da Haze Shift, por exemplo, usamos a metodologia UNFIX para garantir essa visão sistêmica e coerência nas inter-relações de nossos projetos.

Leia mais sobre a metodologia UNFIX

Tanto no modelo Unfix quanto no Scrum, temos respectivamente o papel do Capitão e do Product Owner exigem visão sistêmica. Contudo o sistema pode ser ainda mais complexo e se não forem mapeados os desafios aumentam.

Vamos deixar isso um pouco mais claro: 

A Teoria das Restrições parte do entendimento da realidade atual; com as ferramentas – as citadas acima – mapeamos onde estamos, onde queremos chegar e como chegaremos lá, mantendo o foco na Contabilidade de Ganho, ou seja, em projetos que realmente trazem resultados financeiros positivos. 

Gramado com árvores e água ao fundo
Descrição gerada automaticamente
Denizio Oliveira Alvez, estúdio Abruzzo

Além disso, mesmo após tudo mapeado, sabemos que no dia a dia podem existir riscos e não controlamos todas as variáveis, mas sempre queremos o melhor resultado. Por exemplo, sabemos que não queremos bater o carro, mesmo assim contratamos um seguro, pois imprevistos são incontroláveis. O mesmo conceito é trabalhado na TOC, definindo as proteções necessárias para garantir o atingimento das metas.

A Teoria das Restrições tem muito a contribuir para a transformação digital e na cultura da inovação, pois tudo passa por pessoas, e a teoria foca muito no comportamento humano. Tendo consciência disso, nós da Haze Shift nos aprofundamos também na Teoria U de Otto Scharmer, a qual sugere inicialmente um olhar para o próprio interior, de forma individual. 

Leia também: O que é a Teoria U de Otto Scharmer

Quando falamos de pessoas, sabemos que temos que entender melhor o nosso cliente para definir as melhores formas de agir, e contamos com consultores especializados e metodologias que alavancam o potencial humano da jornada da transformação digital.

Nesse sentido, o comportamento humano é um fator primordial na Teoria das Restrições  por sermos seres imediatistas, ansiosos, que queremos respostas rápidas e fáceis. Este é um comportamento que não nos coloca diante das restrições corretas, dos pontos de alavancagem corretos. Exemplifico: 

O corpo humano é um sistema complexo com muitas interligações. Imagine uma pessoa que ao apresentar sintomas respiratórios agudos, resolve simplesmente tomar um antialérgico. Mas a real causa pode estar numa infecção que  afeta todo o organismo. Nesse caso um diagnóstico médico (equivalente a um diagnóstico da TOC) identifica rapidamente a infecção. Assim ele age no ponto de alavancagem, de forma simples e pontual que atua positivamente em todo o corpo humano. 

Sugestão de leitura: A Meta de Goldratt.

A Teoria das Restrições auxilia no entendimento de todo o seu sistema, de uma forma simples e eficiente, de forma a você conseguir obter o melhor resultado. Quais são as suas restrições? Quais são os seus pontos de alavancagem que não foram identificados? Você está agindo onde precisa agir para ter o melhor ganho e transformar sua organização? Nós da Haze Shift, na jornada da transformação digital, na busca da simplicidade e da verdade, podemos ajudar. Vamos conversar sobre isso? 

“Sei que as coisas são COMPLICADAS. Mas ao mesmo tempo simples.  Elas se complicam à medida que se tem medo da SIMPLICIDADE, porque essa simplicidade deseja o fato em si: a VERDADE”, 

Clarisse Lispector.

Escrito por:

Claudio Navarro
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Desenvolvedor de novos negócios inovadores e consultor de inovação, Claudio Navarro é mestre em Informática Industrial pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e MBA em gestão empresarial pela ESIC Business & Marketing School de Curitiba. Há 24 anos atua na área de tecnologia da informação e comunicação, com passagens pela Alemanha e Brasil, em empresas como Siemens LTDA e Siemens AG, Bematech, Whirlpool, Gazeta do Povo e Prime Robot atuando na gestão de equipes de P&D.