Quem atua na gestão de empresas já se deparou com palavras como: mudança, ruptura, adaptação e colaboração. Elas são uma constante nas discussões sobre a sobrevivência dos negócios e o futuro do trabalho

Só que nos deparamos também com os desafios de acelerar ideias inovadoras, lançar produtos e serviços digitais. Precisamos ainda atrair, engajar e reter talentos em rede, entre tantas e outras demandas que exigem uma capacidade quase sobre-humana para acompanhar a velocidade e entender e acompanhar todos esses avanços no mercado corporativo. Mais do que isso, precisamos acompanhar a transformação digital nas empresas. 

Por isso, somos diariamente surpreendidos com competidores nativos digitais de alcance global, que geram experiências mais baratas, acessíveis e amigáveis. São companhias que transcendem territórios, ressignificam o conceito de valor percebido pelo cliente e influenciam o fluxo de capital disponível para a aceleração de novos negócios. São linguagens, redes sociais, aplicativos e uma infinidade de possibilidades que também demandam uma maior agilidade organizacional para se adaptar.

Mas como fazer essa adaptação para a transformação digital nas empresas? 

De fato, o contexto de convergência tecnológica exige novas habilidades o que nos exige dedicação, estratégias para experimentar, aprender e errar.  Tudo isso faz parte da transformação digital nas empresas

Porém, a realidade é que nem sempre temos clareza quanto aos passos necessários para definir prioridades. Afinal, precisamos de meios para conectar as ações com os objetivos do negócio e a identificação dos parceiros e recursos que gerem impactos reais na Era Digital.

Essa tempestade perfeita está sintetizada no conceito da 4ª Revolução industrial, mas também é explorada em diversos artigos como parte do fenômeno da Transformação Digital (TD). 

Muito além da adoção dos supercomputadores, uso de robôs ou a digitalização das cadeias produtivas,  a transformação digital tem um impacto profundo nas organizações, pois sintetizar a conexão entre o alto grau de desenvolvimento tecnológico e a democratização das ferramentas colabora para a aceleração da criatividade humana. 

Três processos-chave

A transformação digital nas empresas exige novos modelos mentais, pensamento estratégico, mas na nossa experiência, é na execução que os  líderes e negócios costumam encontrar barreiras. Afinal, como apontam os especialistas Larry Bossidy e Ram Charan, a habilidade fundamental para esse cenário é a disciplina da execução. E nesse sentido, o papel do líder é essencial ao conduzir os três processos-chaves:

  1. Direcionar as Pessoas, 
  2. Coordenar a Estratégia e 
  3. Executar a Operação. 

O que eu queremos dizer com isso? 

Queremos dizer que é importante ter a clareza das metas. O envolvimento nos detalhes da operação e colocar as pessoas certas nas funções certas, mas cada negócio deve desenvolver o  chamado Software Social da Execução (ou seja, a Cultura para a Execução), um aspecto que envolve valores, crenças e comportamentos baseados na transparência e na realidade do negócio,  amparados por modelos de reconhecimento, objetividade e diálogo transversal. 

Isso significa estabelecer premissas confiáveis para todo o time, mas ao mesmo tempo aprofundar também as rotinas e cuidar de como a empresa chegará lá. Ou seja, o líder precisa sujar as mãos e, desde o dia Zero da Transformação Digital, pintar as paredes com o time. 

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São inúmeros os exemplos de empresas que delegam a transformação digital para áreas específicas (por padrão a TI) ou condicionam ações de estímulo em uma área dedicada, sem estrutura, baixo orçamento e nenhum suporte da alta gestão para implementar estratégias. Isso é um erro, pois todos são responsáveis pela inovação e transformação digital. 

Transformação digital: 5 domínios estratégicos 

Nesse sentido, é essencial que a liderança compreenda que é um processo transversal, contínuo e necessário. David Rogers, em seu livro a Transformação Digital – Repensando o Seu Negócio para Era digital) destaca 5 domínios estratégicos para que empresas e negócios possam florescer na era digital. Veja alguns exemplos de empresas e negócios que conseguiram estabelecer uma disciplina de execução e entregar valor na transformação digital: 

  1. CLIENTES:  Substituir o modelo de comunicação de massa por uma relação personalizada, ativa e em rede. Criar canais de diálogo amplo e direto, com a criação de relacionamentos de longo prazo e customização de ofertas.  Um bom exemplo é a Beep saúde, que tem toda uma jornada de experiência de compra de vacinas e exames por aplicativo com o foco no encantamento do cliente. 
  1. COMPETIÇÃO:  A era digital favorece a inclusão das micro e pequenas indústrias em novos canais. O projeto Lookmoda, realizado pela Federação das Indústrias do Paraná, disponibiliza um e-commerce, que integra e simplifica a conexão entre o varejo físico, fabricantes, lojistas e shoppings.  A plataforma coloca empresas concorrentes em um cenário de cooperação. 
  1. DADOS EM ATIVOS:  Estruturar as políticas e processos para obter dados confiáveis, disponíveis e compartilhados com todas as áreas da empresa. É integrar e converter esses dados em informação que oriente a tomada de decisão mais inteligente. A Exact Sales disponibiliza ferramentas que apoiam a gestão das equipes de venda, e utiliza os dados dos processos de venda para identificar o perfil do comprador ideal e acelerar a conversão de oportunidades. 
  1. INOVAÇÃO: Definir um fluxo de trabalho e rotinas que estimule a experimentação rápida e a validação das ideias. Os fracassos gerenciados estimulam a cultura de aprendizado. A Disk Cook nasceu em 1997 como um guia impresso e uma central telefônica para receber pedidos dos restaurantes.  A partir de erros e acertos, o negócio se transformou no Ifood. Em 2022, alcançaram a marca de 65 milhões de pedidos por mês, em uma cultura que estimula a inovação. Lá existe o projeto das  Motos Elétricas do IFood (EVS work) que objetiva contribuir para que até 2025,  50% das entregas sejam realizadas com veículos não poluentes.
  1. VALOR:  Substituir o modelo de proposta de valor fixa para  um fluxo de negócio flexível, com pessoas capazes de Identificar vantagens competitivas, antecipar mudanças e executar a reestruturação de oferta de produtos e serviços inovadores. A WEG, que atua globalmente com motores, geradores, transformadores e acionamentos elétricos, criou a  Weg Digital Solutions, um ecossistema de empresas, serviços e tecnologias  que atende a demanda por soluções integradas para eletrificação, automação e digitalização de produtos e amplia a aplicação da Indústria 4.0 para os clientes. 

Nosso objetivo com esse artigo foi destacar exemplos de empresas que estão navegando nas ondas da Transformação Digital e entregando valor com a disciplina na execução. 

Afinal, nós da Haze Shift acreditamos que com um bom autodiagnóstico, o envolvimento das lideranças na execução, o fortalecimento da cultura de experimentação e o mapeamento de parceiros estratégicos, proporcionará uma jornada mais coerente e coesa para toda a sua cadeia de valor. 

Esse autoconhecimento, inclusive, pode ser ampliado com a ajuda de consultorias especializadas como a nossa, favorecendo a cultura da inovação em prol da transformação digital. Vamos conversar sobre esse tema? 

Escrito por:

Rafael de Tarso
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Consultor Associado na Haze Shift. Facilitador de Estratégias para a Transformação Digital, Experiência do Cliente e Produtos Digitais. Palestras sobre futuro e indústria 4.0.