Inovar nas organizações é algo muito particular. Depende muito de cada caso. Para descobrir cada necessidade, individualmente, uma ferramenta muito utilizada em projetos de inovação, e que utilizamos com frequência nos projetos da Haze Shift, é a Entrevista Exploratória. 

Desde que comecei a atuar em programas de inovação aberta, aprendi e desenvolvi, juntamente com a equipe, as entrevistas exploratórias como fase inicial dos projetos de ressignificação. São projetos que têm como objetivo trazer novos significados em um cenário de transformação e evolução cultural.

Veja um exemplo de projeto de ressignificação que fizemos no Sebrae-PR 

Parte crucial para desenvolver um projeto de ressignificação é escutar as pessoas. Precisamos conhecê-las e realizar um entendimento das suas percepções sobre o passado e presente, assim como suas perspectivas para o futuro. Com isso, entendemos com maior profundidade as necessidades e obtemos insights suficientes para direcionar as ações previstas para o projeto ou se devemos recalcular a rota. 

Com quem falar e como fazer entrevistas exploratórias

Dessa forma, se faz muito importante a escuta ativa dos principais influenciadores e/ou stakeholders presentes no radar do objetivo principal da organização quando ela deseja realizar um projeto de ressignificação, por exemplo. E as entrevistas exploratórias se tornaram a nossa principal ferramenta para envolver as pessoas nesse processo de colaboração e co-criação de um novo cenário.

A metodologia das entrevistas exploratórias é baseada na Solução das 3 Caixas – The Three-Box Solution. Escrita pelo professor especialista em inovação Vijay Govindarajan, “As 3 caixas” se apresenta como um kit de ferramentas para que o líder possa realizar a gestão da inovação de uma forma simples e prática em sua organização. 

A proposta é gerenciar o presente para manter o funcionamento do negócio, ao esquecer o passado, a fim de não permitir atitudes e ideias que possam impedir a inovação. Além disso, ao olhar para o futuro em busca de utilizar a inovação para construir novos negócios e produtos. 

Assim, associamos os tempos passado, presente e futuro com questões sobre o que o indivíduo sente, sabe e sonha.

Mas por que Sabe, Sente e Sonha?

Porque quando analisamos o que o indivíduo sabe, conhecemos suas experiências passadas, o que ele sente sobre o presente e o que possui como sonhos para o seu futuro e da organização a qual faz parte.

Quer aplicar? Veja só esses 3 passos da entrevista exploratória!



1. O Antes

É essencial alinhar primeiramente quem serão os influenciadores entrevistados e mapeá-los a partir de um entendimento do formato organizacional da empresa. Aqui você pode se apoiar em uma ferramenta adicional que nossa colega Fabiana do Couto descreveu no blog post Stakeholder Mapping. Assim permite que haja diversidade e enriquece o projeto.

Para o mapeamento, consultorias de inovação, como nós da Haze Shift e seus clientes, trabalham em parceria para as melhores indicações e coleta de dados dos possíveis entrevistados, como nome completo, e-mail, cargo e setor. Essas são informações importantes para os agendamentos das entrevistas.

Saiba mais sobre o Mapeamento de Stakeholders ou Stakeholder Mapping

Ainda para a preparação dessa etapa, é preciso criar o roteiro de perguntas para a entrevista exploratória, dividindo-as em questionamentos sobre:

  • O passado (SABE): Elencamos perguntas sobre a percepção da pessoa entrevistada com relação ao propósito da organização, aos aprendizados dela e seu papel nessa evolução, além de experiências relevantes em sua trajetória;
  • O presente (SENTE): Queremos entender o sentimento do entrevistado com relação aos valores da organização e como se identifica com eles, sobre a percepção atual da evolução da cultura, sonhos e dores do seu time, assim como formato e experiência de trabalho dos colaboradores;
  • O futuro (SONHA): Por fim, conhecer as perspectivas sobre a visão de futuro da organização, atributos que criam esse futuro e o que deve ser deixado para trás, ao passo que descobrimos qual o legado que a pessoa quer deixar para o mundo ou para a empresa a qual trabalha.

2. O Durante

Após a criação e validação com o cliente desse roteiro de perguntas e realizados os agendamentos das entrevistas, seguem algumas dicas para a realização da entrevista exploratória:

  • Sempre introduza no início da conversa uma explicação sobre o que é o projeto, seu objetivo e o por que daquela pessoa ser escolhida para essa entrevista. É sempre importante trazer um overview. Na maioria das vezes, essa é a primeira fase do projeto, e poucas pessoas tiveram conhecimento sobre ele ou mesmo foram abordados com um onboarding completo.
  • Outra dica é, se você for o entrevistador, convide alguém do seu time para que possa estar presente nas entrevistas com você para anotar as respostas dos entrevistados. Utilizamos uma planilha (clique para ver) para anotar tudo e depois construir um mapa de insights que irei explicar logo em seguida. Um aprendizado sobre esse item é evitar gravar as entrevistas, pois as pessoas tendem a se sentirem mais confortáveis em se expressar e ser sinceros em uma conversa franca de troca e diálogo.
  • Registre os momentos para ficar na memória do projeto a contribuição das pessoas no processo de transformação.

3. O Pós

Realizadas as entrevistas, é possível fazer uma análise bem mais completa das necessidades, impedimentos e pontos positivos. Para essa análise, nós da Haze Shift categorizamos em grandes temas todos os recortes lidos em respostas às perguntas de todos os entrevistados. Dessa forma, fica bem visual o mapeamento de insights para o direcionamento dos temas a serem trabalhados no decorrer do projeto.

Assim, o que recomendo para a criação do mapa de insights é:

  1. Realize a organização dos trechos mais relevantes, tanto os melhores avaliados quanto os de melhoria;
  2. Elenque os temas que estão nítidos através da leitura dos trechos decupados;
  3. Classifique os temas por cor e pinte os cards de acordo com sua classificação.

Com isso, você terá seu mapa de insights e poderá levá-lo para discutir com o cliente e a partir desses dados é possível criar uma lista de bloqueios que estejam impedindo a organização de alavancar dentro dos temas de transformação que emergiram nesta fase de entrevistas e levá-los para ação no decorrer do projeto e demais iniciativas.

Vamos começar? 

Se você está lendo este texto, é provável que esteja disposto a fazer um projeto de inovação em sua empresa. E a entrevista exploratória pode ser um dos primeiros itens da sua lista. 
Nós da Haze Shift temos a expertise nessa execução e ficaremos felizes em receber seu contato para alinharmos os ponteiros junto com sua organização. Clique aqui e contate-nos ou deixe um comentário neste blog post. Estamos aguardando.

Escrito por:

Letícia Nunes Ribeiro
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Letícia Nunes Ribeiro é graduanda em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, estagiária de Gente e Performance e trabalha com projetos de inovação aberta e cultura da inovação na Haze Shift.