Quando participamos de congressos e eventos inovadores podemos aprender sobre temas que nem sempre estão na pauta do dia a dia das organizações. Pois bem, durante o HackTown 2022, um festival de inovação e criatividade que acontece em Santa Rita do Sapucaí (MG), pude aprender um pouco mais sobre um tema extremamente relevante e que, se sua organização ainda não aborda, vale a pena colocar na lista de prioridades: a Liderança de Equipes Multidisciplinares.

Vivemos em um mundo complexo e, ao mesmo tempo, confuso, onde há uma infinidade de pessoas, ideias e culturas. Por isso, cada vez mais é preciso aprender a lidar com essa diversidade, especialmente quando falamos em papéis de liderança.

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E você já se perguntou por que às vezes é tão difícil lidar com tal pluralidade? 

Segundo o palestrante Camilo Dornellas, consultor de grandes eventos e especialista em algo chamado Gestão de Multidões, trazer junto a si pessoas que estão ao seu redor com o intuito de caminhar e ganhar conhecimento juntos é algo extremamente benéfico. Entretanto, isso não é muito simples. 

Lidar com opiniões e pensamentos diferentes é algo que exercemos diariamente no âmbito social.  Contudo, mesmo assim, nem sempre somos capazes de nos manter em constante evolução e inserir esses aprendizados em nosso trabalho (ou mesmo em nossa vida particular). E quando falamos em conhecimento multidisciplinar dentro das organizações, ou seja, conhecimentos de diferentes áreas profissionais e experiências pessoais, precisamos ter foco e estratégias para conseguirmos aproveitar esses conhecimentos pessoais, profissionais e culturais que os colaboradores proporcionam. 

Afinal, a sociedade como um todo é impactada positivamente, e muito, quando levamos o coletivo em consideração, e não apenas uma ou duas mentes brilhantes e pontuais. E é exatamente nesse ponto que a mágica das equipes multidisciplinares acontece.

Liderança de Equipes Multidisciplinares e Management 3.0

Revisitando a mentalidade do Management 3.0 de Jurgen Appelo, vale relembrar algumas características e ações que um verdadeiro Líder Ágil precisa desempenhar e que são essenciais na liderança de equipes multidisciplinares:

  1. Acreditar que o poder é maior em uma equipe unificada;
  2. Ser flexível sobre funções e responsabilidades variadas;
  3. Procurar as causas-raiz dos problemas;
  4. Ser aberto e transparente com informações e conhecimento;
  5. Aceitar sugestões e ideias das equipes;
  6. Capacitar sua equipe com tempo, recursos e incentivo;
  7. Fornecer feedback e coaching pontuais, contínuos e personalizados;
  8. Criar oportunidades para o brainstorming da equipe;

Evidenciando a quinta característica listada acima, eu diria que não há nada mais inovador e funcional que aceitar sugestões e ideias das equipes em contextos de divergência, buscando encontrar e desenvolver soluções dentro de casa.

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Um belo exemplo de atuação multidisciplinar são os times de futebol. Por trás de todo camisa 10 existe uma equipe empenhada que trabalha sincronizadamente para um objetivo comum: a vitória do jogo. O técnico, o fisioterapeuta e o estrategista, por exemplo, além do próprio time que atua em campo, cooperam entre si com suas respectivas responsabilidades e importância. O camisa 10 não existe sem eles.

A verdade é que boa parte das organizações sabe que o trabalho em equipe é uma prática que pode transformar contextos para obter excelentes resultados. Entretanto, colocar esse cenário em prática requer a superação de muitas barreiras. 

Uma boa solução é incentivar a criação de comunidades de prática e de inovação, por exemplo.  Elas são capazes de mover montanhas dentro de organizações e acabam se tornando uma bela amostra dos benefícios que a multidisciplinaridade é capaz de trazer. 

Afinal, comunidades de prática são formadas por atores, ou seja, diferentes stakeholders, de diferentes áreas e conhecimentos (ou seja, multidisciplinares) com um interesse em comum para ampliar o aprendizado sobre diferentes temas e promover a inovação. 

Entenda o que são comunidades de prática e seus conceitos

Intrinsecamente a isso, Camilo Dornellas ressaltou que é possível estabelecermos cinco pilares da Liderança de Equipes Multidisciplinares que são de suma importância para a construção de equipes fortes. São eles:

1- Seja movido por um propósito

Comece a pensar no trabalho ou atividade que você realiza hoje e em um possível futuro próximo. É possível afirmar que, pelo menos, em 99% das vezes, existirá um propósito por trás desse trabalho, seja ele pessoal ou profissional, pequeno ou grande.

Pergunte-se: você tem um propósito na sua vida? Você é movido a propósitos ou interesses? Interesse em ganhar coletivamente? Estar em uma empresa? Fazer um grande negócio? Ter uma grande descoberta? 

Basicamente, o que esse pilar tem a dizer é que para formar equipes e liderar pessoas multidisciplinares é preciso ter um propósito.  As empresas, por exemplo, nascem com ele, ou seja, com o grande sonho de um empreendedor que sintetiza a razão de existir do seu negócio, tendo isso em mente de forma clara, cada indivíduo poderá contribuir com seus conhecimentos individuais e bagagem cultural para tanto. 

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2- Valorize a sua equipe e o trabalho que ela faz 

Assim como mencionado no Management 3.0, dar valor ao trabalho que sua equipe desempenha é essencial para criar oportunidades, motivação e, principalmente, focar no

gerenciamento do sistema e não de pessoas. O reconhecimento genuíno é uma das chaves para impulsionar ideias brilhantes.

3- Comunique-se frequentemente e abertamente

Cada vez mais aprendemos o quanto a comunicação clara e acessível é importante para desenvolver novas ideias, melhorias e soluções. Com o mundo digital acelerado pelo contexto pandêmico, as comunicações precisaram ser descomplicadas e abertas para melhor funcionamento das empresas, o que é essencial manter em constante evolução. Uma comunicação ineficaz pode gerar um verdadeiro estrago.

4- Seja um líder colaborativo e em cooperação

Você já parou para pensar na diferença entre colaboração e cooperação?

Segundo Camilo Dornellas, “colaborar é basicamente quando eu olho para sua ideia ou trabalho e te dou uma ajuda. Já o cooperar, é quando eu entro na sua vida, no seu trabalho e me torno uma pessoa dentro do seu negócio”. É por isso que hoje a grande teoria das organizações faz parte da teoria cooperativa. A colaboração teve um espaço lá atrás, mas hoje em dia é a cooperação que tem mais valor. 

Um grande exemplo disso é o 11 de Setembro, que foi um marco mundial de cooperação. As agências de segurança dos EUA não se comunicavam de maneira eficaz, e o episódio marcou esse novo modelo de cooperação, onde as pessoas entendem que trabalhar cooperando é melhor que simplesmente  colaborando. 

5- Tenha foco no crescimento contínuo 

E, por fim, revisitando novamente as características que um líder ágil precisa ter, vamos relembrar duas delas para falarmos melhor do crescimento contínuo: 

  1. Ser aberto e transparente com informações e conhecimento 
  2. Capacitar sua equipe com tempo, recursos e incentivo

Não existe nada mais compatível que compartilhar conhecimento, recursos e tempo para incentivar o crescimento exponencial de uma organização. Confie no potencial do seu time!

A multidisciplinaridade da sua equipe pode representar uma infinidade de soluções para sua organização. O segredo está em como a liderança vai impulsionar a particularidade que cada um tem a oferecer, basta confiar ou, se necessário, adaptar o processo e, claro, elevar o nível de confiança nas pessoas e entre as pessoas. Além disso, é possível promover a Cultura de Inovação como uma base propulsora que é capaz de tornar as organizações cada vez mais inovadoras, fato o qual é determinante para o sucesso das empresas nos dias atuais.

Portanto, se você está buscando formas e boas práticas para Liderar Equipes Multidisciplinares, vamos conversar. Certamente nós da Haze Shift podemos contribuir com estratégias inovadoras, fazendo uso de ferramentas do design estratégico, por exemplo, para promover a cultura da inovação e trabalhar diretamente na jornada da ressignificação com foco  na  equipe. 

Escrito por:

Fabiana do Couto Alves
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Atua na área de projetos de inovação na Haze Shift e tem experiência em facilitar oficinas voltadas para Aprendizagem Criativa e Cultura Maker. Assim buscadescobrir, vivenciar e compreender gradativamente a atuação da Inovação Aberta e da Transformação Digital no cenário atual e nos negócios, por meio de cultura, tecnologia e experiências próprias.