Falar sobre resolução de problemas é fácil. Porém, na hora de colocar em prática “ o bicho pega”. Por isso, uma boa prática para começar da maneira correta é pelo diagnóstico, e nesse sentido a Teoria das Restrições pode ajudar. Vamos entender isso melhor?
Na Teoria da Restrições, podemos iniciar um diagnóstico montando a Árvore da Realidade Atual e o Diagrama de Conflitos, duas ferramentas excelentes para melhores tomadas de decisões com o potencial de fazer grande diferença no seu dia a dia.
Vamos começar pela Árvore da Realidade Atual (ARA): uma ferramenta para explicitar a situação atual de forma consistente e estruturada. O objetivo da ARA é identificar as principais causas (Restrições) que limitam o desempenho da organização e entender suas inter-relações. Ela mostra graficamente os fatores que afetam o desempenho (Efeitos Indesejáveis), facilitando a identificação do ponto de alavancagem onde se deve investir esforços para elevar o desempenho.
Leia também: um resumo sobre a Teoria das Restrições
Para montar uma Árvore de Realidade, os principais stakeholders devem escolher os três fatores que mais dificultam o atingimento de suas metas, respondendo para cada fator as seguintes perguntas:
- Qual efeito considera indesejável no funcionamento do seu projeto, área, empresa?
- Por que ele é indesejável?
- De que maneira ele é indesejável?
- Por que ele é tolerado?
- O que está sendo prejudicado por ele?
- Existe alguma ação causada por ele que gera descontentamento?
- Existe alguma ação que se relaciona com o Efeito Indesejado e gera descontentamento?
- Ele gera algum conflito?
Para Eliyahu M. Goldratt, consultor de administração e criador da Teoria das Restrições, as pessoas dentro de uma empresa têm intuição suficiente para reconhecerem a existência de um problema-raiz. Estas perguntas [mais subjetivas] extraem vários insights.
Por isso, é recomendável fazer o diagnóstico acima em até no máximo 30 minutos. Faça um teste, reúna as principais pessoas de seu time de forma remota ou presencial e solicite as respostas com foco em um projeto. Para você, essas respostas podem ser apenas insights. Já para um especialista da TOC são insumos para montar a Árvore da Realidade Atual. Isso traz à tona várias oportunidades de tomadas de decisões assertivas.
Vamos a um exemplo? Veja atentamente a árvore abaixo e depois uma breve explicação.
Árvore da Realidade Atual de um paciente com pneumonia
Imagine que o paciente que possui vários sintomas (efeitos indesejáveis) como febre, dores, etc, após um diagnóstico identifica-se que está com pneumonia, como mostra a ARA acima, logo a ação é direta com antibiótico. Contudo, caso ele tenha uma grave deficiência Renal, será que é possível aplicar doses altas de antibióticos? Dois médicos acompanhando o mesmo caso poderão entrar em conflito sobre a decisão. Para auxiliar nesta situação é que partimos para a segunda ferramenta de diagnóstico: o Diagrama do Conflito.
Diagrama do Conflito
Se uma imagem vale mais que mil palavras, colocar esse impasse em um diagrama seguramente irá ajudar. Nesse sentido, Goldratt criou o Diagrama do Conflito na TOC. Segundo o autor: “Um problema só fica corretamente descrito quando o formulamos sob a forma de um conflito e Conflito é a impossibilidade de termos duas ações desejáveis em simultâneo”.
Para isso, a Teoria das Restrições utiliza o Diagrama de Conflitos (conceito introduzido por Goldratt no livro “Não é Sorte“). O foco central da ferramenta é forçar a formalização de ideias e pressupostos, possibilitando a eliminação dos conflitos existentes. Com o diagrama temos a oportunidade de montar um passo a passo para sair do impasse.
Antes de mostrar uma imagem com o diagrama, para torná-lo mais palpável, examine a seguinte situação: uma empresa não está em seu patamar de desempenho esperado pelos acionistas, e para mudar de patamar são necessárias ações inovadoras e cuidar para não aumentar os custos. Como sair dessa?
Para colocar a empresa num novo patamar de desempenho [Aumentar Lucratividade], precisamos, por exemplo, executar a ação “Desenvolver vários projetos de melhoria”, ou seja, aplicar ações que desenvolvam a transformação digital e a cultura da inovação. Ao mesmo tempo, também precisamos garantir a estabilidade das operações diárias [Diminuir Despesas], por isso, uma decisão pode ser a de “Não desenvolver vários projetos de melhoria” para alocar o tempo na estabilidade das operações que também aumenta a lucratividade da empresa.
Logo podemos dizer que existe um objetivo em comum nesse exemplo que é o “Aumento da Rentabilidade, colocando a empresa em um novo patamar de desempenho”. Os dois lados estão corretos em suas ações, focam no mesmo objetivo, mas como vamos investir em novos projetos se temos que segurar os custos?! Bem-vindo ao conflito diário de todas as empresas, o que formula o diagrama como o seguinte:
No dia a dia da empresa, muitos desses conflitos estão implícitos. Por serem óbvios, ninguém os externaliza verbalmente. Claro que todos desejam ter suas satisfações atendidas, contudo, precisam explicitá-las. Explicitando as principais insatisfações com o Diagrama do Conflito, temos a oportunidade de resolvê-los, eliminando o conflito com apoio de negociações, consensos e compromissos.
Isso significa que entender o comportamento humano é fundamental na aplicação das ferramentas da Teoria das Restrições, e o exemplo aqui posto evidencia isso. Afinal, atender a satisfação de todas as partes interessadas dependerá muito do comportamento humano.
E há maneiras muito eficientes para que as equipem trabalhem uma nova visão. Uma delas é a Teoria U, válida para qualquer equipe que precise de mudanças e queira aumentar sua produtividade eliminando seus conflitos. Confira:
Leia mais: Entenda como a Teoria U ajuda equipes a se reconectarem
E leia também sobre a etapa de Descida e sobre a Etapa de Subida da Teoria U
Tanto a Teoria das Restrições quanto a Teoria U necessitam de um acompanhamento de especialistas, e nós da Haze Shift temos em nossa rede de relacionamentos pessoas com este conhecimento capaz de ajudar a fazer esta transformação em sua empresa. Vamos conversar sobre isso?
Escrito por:
Claudio Navarro
Desenvolvedor de novos negócios inovadores e consultor de inovação, Claudio Navarro é mestre em Informática Industrial pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e MBA em gestão empresarial pela ESIC Business & Marketing School de Curitiba. Há 24 anos atua na área de tecnologia da informação e comunicação, com passagens pela Alemanha e Brasil, em empresas como Siemens LTDA e Siemens AG, Bematech, Whirlpool, Gazeta do Povo e Prime Robot atuando na gestão de equipes de P&D.
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