No topo da pirâmide organizacional estão executivos de diferentes especialidades e formações. São engenheiros, advogados, especialistas de RH, administradores. No atual contexto corporativo, contudo, é preciso que cada um vá além de seu próprio quadrado. E o design estratégico é um motor para repensar o modelo mental clássico.

Design sempre foi muito mais do que desenvolver produtos e embalagens. E agora ele está inserido dentro da cultura organizacional. Mais do que uma disciplina ou profissão, cada vez mais o design tem como função conectar pontos antes desconexos, repensar processos e promover a integração dos líderes que, muitas vezes, têm perfis de hard skills, ou seja, com alta capacitação. Com isso, há condições para unir design estratégico e inovação aberta.

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Nesse sentido, eu costumo fazer uma analogia: quando fazemos as mesmas coisas por muito tempo, parece que nós inserimos um cabresto em nossas mentes. Frequentemente, nossa visão fica afunilada. Por outro lado, design estratégico e inovação acabam nos auxiliando a olhar mais para o lado. E aí vem o papel da liderança.

Ao mesmo tempo em que um líder percebe que a falta de conexão entre departamentos prejudica a companhia, ele pode puxar seus colegas em cargos estratégicos para promover a mudança. Desde que as outras partes estejam abertas a isso, claro. E quanto mais alto o cargo, maior a chance de ocorrer um movimento top down na própria cultura organizacional. Contudo, isso não impede que o movimento venha das lideranças médias ou mais baixas para as mais altas.

Design estratégico e inovação

Acima de tudo, a percepção do problema pelas lideranças é certamente o primeiro passo. Assim, é possível inserir o design estratégico no modelo do negócio e projetar soluções, ou revisar conexões entre áreas empresariais. Para tanto, consultorias especializadas podem ajudar. A ideia é que a empresa comece a verificar boas práticas que funcionam dentro e fora da própria companhia. Perceba como isso conecta design estratégico e inovação:

  • Colaboração: diferentes equipes entendem as dificuldades e o funcionamento de outros departamentos. Uma vez integrados em conversas e projetos, os colaboradores da organização passam efetivamente a trabalhar em equipe, ao invés de apenas demandarem serviços às demais áreas de negócios;
  • Gestão integrada: o mindset, ou seja, a mentalidade corporativa muda à medida que a cultura da empresa se torna mais colaborativa. Isso significa que recursos humanos podem ser realocados, ainda que por um prazo determinado, para apoiar outras equipes dentro da mesma organização.
  • Criatividade e inovação: essa colaboração e gestão integrada promove o compartilhamento de conhecimentos de especialistas de diferentes áreas ou mesmo entre países no caso de multinacionais. Dessa forma, design estratégico e inovação atuam como facilitadores de inovações quanto ao desenvolvimento de soluções. 

Como funciona na prática? O exemplo de uma multinacional

Nós da Haze Shift temos bons exemplos para ilustrar essas conexões. Em parceria com uma fábrica de eletrodomésticos, nós fizemos um projeto que envolveu executivos da área de Logística da multinacional. Veja como funcionou o design estratégico em um projeto com esses líderes:

A fábrica, que é uma multinacional, percebeu a necessidade de padronização de entregas de peças nos diferentes países em que atua. Até então, cada central tinha um tempo próprio de retorno a clientes e distribuidores.

A solução encontrada foi montar uma oficina de facilitação, por meio de um projeto de design estratégico. Juntamos 25  gestores-chave, que cuidavam dessa área em diferentes países. Assim, encontramos as variáveis e boas práticas de cada local. Com as descobertas e cenários de cada país, a empresa foi capaz de convergir condições e variáveis, criando um caminho seguro para padronizar e unificar o processo de distribuição de peças. Foi um trabalho de três dias que resultou na revisão dos processos.

Em outras palavras, foi um projeto de design estratégico e inovação do fluxo de distribuição da multinacional. Houve uma mudança de mentalidade de diferentes equipes, em diferentes locais. Nesse caso, o movimento partiu das lideranças para as bases.

Conexão entre empresas, startups e universidades 

Outro exemplo aconteceu em 2018, quando fomos convidados pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em ação conjunta com a Softex – Organização Social Civil de Interesse Público (OSCIP). 

Como essas duas instituições sem fins lucrativos têm dentre seus objetivos o estímulo ao desenvolvimento econômico, elas mantêm projetos conjuntos, como o Conecta Startups, por exemplo. Mas elas perceberam que seria mais produtivo se universidades, grandes empresas e startups estivessem mais conectadas. Foi então que nós da Haze Shift fomos consultados sobre como esses três stakeholders (empresas, universidades e startups) poderiam trabalhar melhor em conjunto. 

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Nesse desafio, percebemos que a criação de um fórum de relacionamento com algumas empresas, universidades de startups, criado inicialmente a partir de uma oficina, potencializa o aprendizado conjunto. Cada stakeholder acabou por compreender as necessidades e, assim, terem relacionamentos mais próximos e efetivos.  

Design estratégico e inovação em busca de soluções

A partir dos exemplos acima, que tipo de conclusões você enxerga? Para mim, fica claro que profissionais de design estratégico não precisam necessariamente ser designers de formação. Afinal, a função é de planejamento estratégico. Acima de tudo, é alguém com multi-habilidades, com a capacidade de projetar de arquitetos, a visão crítica de advogados, o potencial de antecipar riscos inerente a administradores e a criatividade de soluções de publicitários. Por isso, design estratégico e inovação caminham juntos. 

Eu diria ainda que isso é ainda mais necessário na medida em que as novas gerações, especialmente jovens nascidos neste século 21, passam a integrar o mercado de trabalho. Afinal, são pessoas que cresceram altamente conectadas e adeptas a modelos de trabalho como o gig economy e às disrupções tecnológicas provocadas por startups.

Nesse sentido, eu quero dizer que, atualmente, há mudanças bruscas e rápidas em todos os setores, e as empresas precisam estar prontas para responder rápido a essas mudanças. E é exatamente nesse ponto que o design estratégico e inovação se conectam, unindo conhecimentos de diferentes áreas. Nós da Haze Shift temos expertise na união desses elementos. Afinal, eles fazem parte de nossas áreas de atuação. E no seu dia a dia, como funciona essa conexão? Vamos conversar!

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Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

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