Em ecossistemas de inovação, vemos várias partes que se relacionam, como empresas, universidades, clientes, incubadoras, empreendedores e startups. Mas todas essas partes podem ampliar a interação e, melhor ainda, impulsionar negócios por meio de comunidades de prática ou comunidades de inovação.

Quanto mais esses atores atuam de forma coesa e harmônica, mais resultados eles geram. É uma relação de ganha-ganha que, como veremos neste post, incentiva a inovação aberta e a transformação digital.

Nesse sentido, vale a pena lembrar a analogia do autor Victor Hwang no conceito de Rainforest (chuva tropical, em tradução livre). Ele compara os ecossistemas de inovação com florestas tropicais, que fazem parte de um ambiente vivo, que coopera e evolui em conjunto. E quando trazemos isso para o ambiente de negócios, os ecossistemas são formados e movimentados por diversas comunidades que se formam ao redor do propósito de cada uma.

Vamos entender isso melhor?

O que são Comunidades de Prática (CoP)

Entre os vários benefícios que os ecossistemas de inovação podem trazer às organizações, primeiramente, está a melhoria da gestão do conhecimento. Nesse sentido, uma boa dica é fazer uso de comunidades de prática: atores com um interesse em comum que se reúnem para ampliar o aprendizado sobre um tema.

Esse conceito de comunidades de prática foi determinado pelo autor Etienne Ewner pensando em indivíduos. Contudo, isso se aplica perfeitamente a organizações que precisam trazer conhecimentos novos para dentro da empresa ou até mesmo difundir conhecimentos que já estão na empresa, mas concentrado em poucas pessoas. 

É por isso que, no ambiente corporativo, tais iniciativas giram em torno de um tema específico. Às vezes, isso pode ser desde a otimização de um processo burocrático até a busca da melhoria da comunicação da empresa, por exemplo. Em outras palavras, sempre existe um foco definido.  

Porque ter uma comunidade de prática

Vou te dar alguns motivos do porquê apostar em uma comunidade de prática. Eu diria que ao promover esse ecossistema de valor, as organizações começam a perceber que estão inseridas num ecossistema coletivo, que depende de conexões. Nesse sentido, uma comunidade de prática pode ajudar muito, ao envolver o ecossistema em seus processos.  

Essa conectividade mais íntima com as comunidades e com o ecossistema, de forma mais perene e visceral, passam a ter uma importância estratégica para o negócio. Vamos listar alguns ganhos? 

  • Fazer a gestão do conhecimento dentro da empresa;
  • Fortalecer o aprendizado sobre o que a empresa já faz ou sabe fazer; 
  • Gerar mais engajamento dos colaboradores com temas sensíveis; 
  • Promover a conexão e a colaboração e o propósito da organização;
  • Se for uma comunidade aberta como o exemplo que citamos acima, amplia a conexão com stakeholders.

Como criar comunidades de prática

Para deixar isso ainda mais claro, vamos a um exemplo. Nós da Haze Shift fomos convidados para auxiliar na organização de uma comunidade de prática em uma empresa do setor de conveniência e mobilidade. A iniciativa tem como objetivo reduzir a ociosidade das vagas de estacionamento em tempos de pandemia.

Geralmente existe uma área que dá o primeiro impulso ao processo de formação de uma comunidade de prática. No caso, foi a área de Inovação, cuja ideia primeiramente foi envolver diversos stakeholders internos e externos para as discussões sobre o objetivo.

A proposta faz todo o sentido, pois comumente, no mercado, esse debate inclui trazer startups, universidades e clientes para pensarem juntos na solução para o tema proposto. E é importante ser assertivo no momento do convite a quem fará parte de uma comunidade de prática. Por isso, nesse caso, nós da Haze Shift fizemos um mapeamento, selecionando a dedo as startups que podem oferecer as melhores soluções  ao cliente. 

Também é essencial que a iniciativa siga um escopo e os membros se reúnam com uma periodicidade definida. O ideal é existir uma liderança responsável por puxar a data e a pauta do encontro, de modo que a comunidade siga um caminho coerente e organizado.

Entretanto, é importante lembrar!

Mesmo que uma pessoa assuma o papel de chamar a conversa, todos devem ser tratados de forma igual, com a mesma relevância. acompanhe aqui comigo os diversos indivíduos que coexistem ao criar comunidades de prática:

  • Um grupo principal, em que os integrantes participam de todas as reuniões. Geralmente, são representantes da organização que lançou a comunidade de prática;
  • Um grupo ativo, que são pessoas que participam da maior parte das reuniões, mas com menos atribuições;
  • Um grupo periférico, de pessoas que podem participar de algumas reuniões dependendo da pauta. Por exemplo, um mentor ou professor ou palestrante para apresentar conhecimentos específicos, ou mesmo startups para apresentarem ideias e fazerem propostas específicas à empresa para apresentar uma possível solução ao problema.

Quer outro exemplo? 

Nós da Haze Shift apoiamos uma comunidade de prática chamada Inovadores & Inquietos. A partir dessa comunidade, buscamos trabalhar com consultores externos especificamente sobre melhorias em projetos de inovação aberta. 

A proposta é que profissionais com diferentes conhecimentos e que tenham interesse em fazer conexões ampliem seus conhecimentos sobre  inovação aberta e, claro, nos brindem com novos aprendizados. Esporadicamente, esses profissionais também são convidados a participar diretamente em nossos projetos, o que faz com que nosso atendimento seja ainda mais profundo junto aos nossos clientes. 

Leia também: Inovadores inquietos e o intraempreendedorismo

Nesse modelo de comunidade, também há um intenso networking, o que acaba gerando negócios entre os participantes. 

Praticamente todos os meses, nós da Haze Shift e os Inovadores & Inquietos realizamos webinares sobre práticas de inovação aberta, desing thinking, cultura da inovação e transformação digital. Os Inovadores também são livres para trazerem artigos ao site

Além disso, todos se reúnem virtualmente a cada 15 dias em um Happy Hour à distância. 

Agora vamos falar sobre comunidades de inovação

Bom, também preciso informar que existem comunidades de inovação, termo mais reconhecido pelo mercado,  que, mesmo não tendo uma especialidade, também podem se tornar comunidades de prática. Mas trago para você entender uma pequena diferença: se essa comunidade tiver como foco apenas debates e network de forma geral, podem não estar enquadradas como comunidades de prática

As comunidades de inovação, em geral, não são parte das empresas especificamente. Elas acabam sendo independentes, e criadas dentro de um ecossistema, e se relacionam com várias empresas para fomentar o ecossistema. Por isso é comum vermos o desenvolvimento comunidades de inovação:

  • Formadas a partir de indivíduos que se encontraram em um evento e que buscam manter contato e fortalecer o networking;
  • Criadas por organizações para clientes. Um bom exemplo é como a Apple promove seus produtos e se relaciona com seus clientes;
  • Promovidos por agentes de um ecossistema inovador.

Um case de sucesso: Blumenau Startups

Com a proposta de fomentar o empreendedorismo local, essa comunidade de startups tem mais de 200 integrantes. Fazem parte dela representantes de diferentes empresas, profissionais de diferentes áreas, entidades empresariais, instituições de ensino e, claro, startups. O grupo foi finalista do prêmio Startup Awards 2020 na categoria Comunidade Revelação e tem uma proposta ousada: transformar Blumenau em um hub global de inovação. Saiba mais neste link.

Além desse potencial tecnológico que é o foco da comunidade Startup Blumenau, igualmente, há outro diferencial na região. A economia da cidade depende fortemente de suas fábricas de cervejas artesanais e da mais popular Oktoberfest do mundo fora da Alemanha. Com isso, dentro do ecossistema de inovação local, além de startups, estão cervejarias, empresários do setor turístico, entre outros atores, como os próprios governos municipal e estadual.

Para facilitar o networking entre todo esse pessoal, inclusive, foi criado o Centro de Inovação de Blumenau dentro da Universidade Regional de Blumenau (Furb). Antes mesmo da inauguração, em dezembro de 2020, 90% já das salas já haviam sido locadas.

Se você quer saber se a sua comunidade de inovação pode ser uma comunidade de prática, fique atento nos pontos principais:

  • Possuir interesse comum no aprendizado de um tema (prática) específico
  • Aplicação prática do que foi aprendido
  • Aprendizagem coletiva

Chegou a sua vez de criar comunidades de prática

Os exemplos acima nos mostram que é possível encontrar pessoas dispostas dentro de ecossistemas de inovação a dar um segundo passo. Isto é, formar comunidades de prática ou comunidades de inovação.

Como consultor de inovação, eu destaco aqui outro fator: uma comunidade de prática ou inovação sequer precisa, obrigatoriamente, ter um espaço físico. Reuniões, eventos e outras atividades como desafios de inovação aberta podem sim ser promovidos de forma remota ou, esporadicamente, em diferentes locais físicos, como nas próprias empresas ou universidades participantes da comunidade.

Inclusive, aqui fica o convite: nós da Haze Shift podemos ajudar na construção de comunidades de prática dentro de organizações e levar até vocês eventos como workshops online. Se você faz parte de uma empresa que está em busca de soluções específicas e sente a necessidade de ampliar suas conexões por meio da inovação aberta, certamente uma comunidade pode ajudar. Por fim, vamos marcar uma conversa e chegar na solução adequada para o seu caso?

Escrito por:

Rodrigo Medalha - Rodrigo Medalha - Haze Shift
+ posts

Designer estratégico, empreendedor, gestor de comunidades e com experiências em programas de pré-aceleração e aceleração. Sempre aberto a novos aprendizados e projetar novas soluções que agreguem valor ao negócio e à sociedade.