Você já deve ter ouvido falar que a experiência faz a diferença naquilo que você diz que faz em relação àquilo que você faz de fato. Mas é assim na jornada da vida de qualquer pessoa desde a pré-escola até a vida adulta, isso porque a experiência promove o aprendizado.
Ela pode acontecer na escola, no trabalho, em um museu, em casa, ao ar livre ou em qualquer lugar que você possa imaginar. Pode ser no mundo real, num ambiente virtual ou em uma combinação de ambos. Seja uma experiência de aprendizado totalmente projetada, ou completamente espontânea ou algo intermediário, todas são experiências de aprendizado.
Isso significa dizer que uma experiência de aprendizagem é qualquer experiência com a qual você aprende.
Além disso, sobre essa questão de aprendizado, de acordo com Brian Hill, da Universidade Brigham Young, existem quatro tipos de experiências: uma ordinária (comum) e três extraordinárias (memoráveis, significativas e transformadoras). Tenho certeza de que você já teve muitas experiências comuns de aprendizado, como naquelas aulas que dão aquele soninho de vez em quando.
Contudo, se você deseja se tornar um designer de experiência de aprendizagem, você precisa criar uma experiência extraordinária que seja preferencialmente memorável, significativa e transformadora em seus treinamentos, workshops, palestras, ou outro formato de encontros de aprendizado que você já viveu.
Podemos citar aqui dois cases muito interessantes de empresas que causam essa experiência memorável aos seus clientes.
O Mundo Mágico da Disney é referência quando se trata de provocar essa memória aos seus visitantes, ou da forma que eles chamam de “convidados”. Todos são convidados a experimentar a magia, todo o complexo funciona em prol da satisfação dos visitantes, tendo como desafio elevar o padrão de atendimento a cada visita.
A empresa LEGO também se preocupa em tornar esse aprendizado de encaixar as peças de plástico umas nas outras em brincadeiras memoráveis, que, com certeza, marcaram a infância de muitas gerações. E, ainda assim, continua sendo uma das brincadeiras favoritas de muitas crianças nos dias de hoje. Brincadeiras essas que promovem o aprendizado por meio da prototipação tendo seu fundamento principal o Construcionismo. Por isso, é difícil encontrar alguém que desconheça o LEGO.
Os quatro tipos de experiências de aprendizagem
Mas como podemos entender melhor essas experiências?
- Experiência Transformadora: Inclui emoções, mudanças pessoais e insights.
- Experiência Significativa: As pessoas aprendem algo sobre si mesmas (fraquezas, pontos fortes ou capacidades) e inclui emoções e insights pessoais, mas não necessariamente mudança de comportamento.
- Experiência Memorável: Inclui emoções, mas não necessariamente inclui novos insights pessoais ou mudança de comportamento.
- Experiência Comum: Inclui autoconsciência, mas não necessariamente atende aos critérios para definições de experiências memoráveis, significativas ou transformadoras.
Ainda sobre experiências: a regra do Pico-Fim
Nós tendemos a lembrar de picos, momentos intensos (bons ou ruins, felizes ou tristes, não importa, desde que sejam momentos de pico) e o final.
Com isso em mente, como designers de aprendizado de experiência, precisamos construir picos e finais para aumentar as chances de criar uma memória forte em nossos participantes.
Quando projetamos uma experiência, geralmente tendemos a levar em consideração como fazer com que os participantes se sintam confortáveis em vez de projetar um momento de pico. Por exemplo, se você estiver preparando uma aula, você terá cadeiras suficientes, a apresentação de PPT correta, suas anotações pessoais, etc.
2 maneiras para produzirmos estes picos:
Quebrando o script
O que poderia acontecer se quebramos o roteiro? O que poderia acontecer se mudarmos (às vezes até dramaticamente) a expectativa sobre o que (supostamente) está prestes a acontecer? Quebrar o roteiro com uma poderosa ideia disruptiva aumenta a possibilidade de criar um pico e, portanto, uma memória.
Momentos de exposição
São momentos em que adicionamos um pouco de pressão produtiva. A ideia é criar um momento em que os participantes precisem apresentar ou lançar seu projeto, ideia, para um público (grande ou pequeno, não importa).
Além disso, você pode ter “momentos de micro exposição”. Por exemplo, se você estiver criando uma dinâmica de quebra-gelo e pedir aos participantes que se apresentem, essa também é uma maneira de criar picos.
Agora que aprendemos sobre experiências, geração de picos de memória, vamos entender:
O que é o Design de Experiência de Aprendizagem?
A primeira coisa a entender é que o design da experiência de aprendizagem não se trata de criar um curso ou programa. Em vez disso, trata-se de projetar uma experiência para os participantes que os ajude a adquirir novos conhecimentos e habilidades da maneira mais eficiente possível.
Ele faz isso alavancando princípios de gamificação, economia comportamental, neurociência e outros campos de estudo que são relevantes para o comportamento humano.
O conceito de design não é novo. Existe desde o início dos tempos. O que estamos falando aqui é um tipo particular de design: aquele que se concentra na criação de experiências ao invés de objetos ou produtos. Este tipo de design tem sido aplicado em diversas áreas, tais como cultura de inovação, inovação aberta, planejamento estratégico e muito mais.
A aprendizagem experiencial também é mais memorável e envolvente do que os métodos baseados em texto. Acreditamos que a aprendizagem experiencial se tornará ainda mais importante no futuro, à medida que a tecnologia continua transformando nossas vidas e nos levando a praticar novas habilidades (por exemplo, por meio de simulações) ou criar algo tangível (por exemplo, construindo protótipos).
O design da experiência de aprendizagem é um tópico relevante para consultores de inovação e planejamento estratégico que desejam expandir seus kits de ferramentas de facilitação. Embora não seja necessariamente um campo novo, é um que eu gostaria de discutir aqui porque pode ser extremamente valioso para ajudá-lo a criar melhores experiências com seus clientes.
Design de experiência de aprendizagem dentro das empresas
Também notamos que muitas empresas estão usando o aprendizado experienciall como forma de envolver os colaboradores e melhorar seu desempenho. Embora esses programas muitas vezes pareçam diferentes dos cursos tradicionais em sala de aula, eles ainda dependem de materiais baseados em texto (por exemplo, manuais ou pastas de trabalho) para comunicar informações.
No design da experiência de aprendizagem, o foco está em como as pessoas aprendem e como você pode torná-las mais engajadas no processo. Trata-se de garantir que seus clientes retenham as informações e as usem efetivamente depois de saírem de suas sessões ou workshops. Isso pode ser alcançado por meio de diferentes abordagens, como metodologias de design estratégico, design thinking, gamificação ou aprendizagem baseada em problemas.
Leia mais sobre design thinking e design estratégico
O objetivo principal de aprender design de experiência é criar uma interação perfeita entre o participante e seu ambiente para que eles possam aproveitar melhor o tempo gasto estudando e treinando.
Os benefícios de envolver as pessoas no processo de design
Para ir além da teoria e irmos à prática, uma boa pedida é trazer os colaboradores das empresas para perto. Isso envolve as pessoas da organização no processo de design e pode fazer uma grande diferença.
E como fazer isso? Em muitas de minhas buscas para aumentar ainda mais a qualidade deste processo, encontrei um conceito muito interessante para ser exercitado (apresentado pelo Jon Owings) abaixo:
“Aprimorando a memória”
Para ajudá-lo a entender, temos:
Engajamento
Fazer com que alguém se interesse ou se envolva em uma atividade.
Talvez aqui esteja um dos itens mais importantes: buscar as formas de envolvimento, para depois gerar comprometimento.
Relevância
Intimamente conectado ou apropriado. Tem que fazer sentido, ter relevância no que está sendo apresentado.
Conexão
Encontrar significado em vez de memorização. A memorização leva à robotização e à perda de criatividade. É preciso se conectar com as pessoas.
Ensaio
Sessão de prática composta de repetição mental. Entender o que será abordado, o real motivo de fazer e praticar.
Efeito de espaçamento
Material de aprendizagem em sessões curtas durante um período prolongado. A perda de concentração e sentido em métodos de sessões longas e intermináveis desconecta as pessoas.
Aprendizado excessivo
Pratique o material mesmo depois de aprendido. O aperfeiçoamento ou melhoria contínua se dá por fazer diversas vezes e perceber o que é preciso melhorar.
A aplicação de design de experiência de aprendizagem em programas de inovação:
Os programas de consultoria e treinamento em inovação precisam de diversos materiais visuais que atendam a diferentes estilos de aprendizagem. Nós da Haze Shift temos esse uso visual como uma constante em nossos treinamentos, workshops e ações de inovação.
Os recursos visuais podem ser usados para ajudar as pessoas a entender o conteúdo e se conectar à sua própria experiência. Por exemplo, um diagrama pode mostrar como os materiais de treinamento serão organizados.
Isso ajuda os participantes a entender como eles podem integrar o conteúdo do treinamento em seu ambiente de trabalho. Afinal, os recursos visuais também podem ser usados como parte de uma abordagem inovadora de ensino e aprendizagem
Em um projeto de Ressignificação para uma equipe de 10 pessoas que fizemos, por exemplo, nós encaixamos durante um workshop uma atividade com massas de modelar para que cada integrante pudesse expressar e apresentar o principal atributo que julgavam representar para a equipe, como agilidade, potencial de interação, confiança, inteligência, entre outros adjetivos.
A partir disso, o grupo foi desafiado a criar uma narrativa que traz vida para cada indivíduo dentro do todo da equipe. Isso criou uma visão compartilhada, ajudando que cada um enxergasse a importância dos demais colegas na equipe, fazendo com que cada um aprendesse mais sobre o outro.
Saiba mais sobre esse projeto de ressignificação a partir da Teoria U
As principais razões para essas experiências em programas de inovação são:
- A aprendizagem experiencial permite que os participantes apliquem o que aprenderam em um ambiente do mundo real.
- É mais envolvente, o que torna mais fácil para os participantes reter e recuperar informações.
- A aprendizagem experiencial estimula a criatividade, a resolução de problemas, a colaboração, a comunicação e as habilidades de pensamento crítico.
- É mais eficaz e envolvente.
A aplicação de design de experiência de aprendizagem em projetos de planejamento estratégico:
Nesta caminhada como consultor de inovação, me deparei com desafios de gerar engajamento dos times no processo de co-criação do planejamento estratégico, E aqui trago dois exemplos que tive como co-facilitador junto à Haze Shift na Volvo SML SA (clique para ler o conteúdo), quanto na São Martinho (ver conteúdo).
Tínhamos a missão de, através do design estratégico, envolver os grupos na ideação dos fundamentos principais para o crescimento da empresa nos próximos anos.
Para causar uma experiência memorável, significativa e transformadora na Volvo SML SA, utilizamos uma dinâmica de estímulo da criatividade que se chama crazy 8’s (quadradinho de 8), onde os participantes foram convidados a desenhar estratégias para potencializar a interação dos stakeholders com a empresa. Esta experiência de pico, gera uma memória e sentimento de pertencimento.
Já na São Martinho envolvemos as lideranças em um workshop de Indústria 4.0 com o objetivo de criar artefatos no planejamento estratégico da empresa para a implantação da Indústria 4.0. Para isso, entregamos massinhas coloridas aos participantes que tinham que criar estes artefatos em grupos, e assim montar um ecossistema colaborativo completo.
Estas interações de estímulo do processo criativo são importantes para gerar essas memórias, e como mencionei anteriormente, maior senso de pertencimento e comprometimento por meio de ações inovadoras.
Podemos ajudar?
Com base nesse aprendizado do texto, eu faço um convite. Considere aprender design de experiência de aprendizagem quando estiver trabalhando para melhorar seus programas de interação. Isso ajudará você a criar experiências mais envolventes e aumentará a probabilidade de seus participantes se lembrarem do que aprenderam depois de sair dos workshops presenciais ou remotos.
Claro, o ideal é que você tenha o auxílio de uma consultoria de inovação como a Haze Shift para co-facilitar esse processo. Portanto, se você quiser saber como aplicamos todos estes conceitos de forma prática, simples e muito eficaz, vamos conversar!
Escrito por:
Junior Chapim
Junior Chapim é consultor associado da Haze Shift, engenheiro,profissional com 20 anos de experiência em indústrias multinacionais nas áreas de treinamento, Lean Manufacturing, planejamento estratégico e gestão de projetos. Atuou por 14 anos como líder de equipes fomentando o intraempreendedorismo nas organizações.
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