Há alguns anos oferecer serviços financeiros era uma exclusividade de bancos. Agora isso mudou e sua empresa pode ser a próxima a oferecer certos serviços financeiros. Duvida? Isso é possível com inovação, fintechs e bancarização de empresas: fornecedores podem virar seus primeiros clientes. 

Em primeiro lugar, deixa eu explicar o que é bancarização de empresas: é quando uma empresa é capaz de financiar certas operações de crédito dentro de casa, como antecipação de recebíveis para fornecedores. E isso vale para qualquer ramo, seja do varejo, da indústria 4.0, de mídia, entre outros. 

Funciona assim. Geralmente, pequenas, médias e grandes empresas fazem contratos com fornecedores prevendo um pagamento após o recebimento de um produto ou serviço.

Imagine que o pagamento entra na agenda da contabilidade para ser efetuado, digamos, daqui a 45 dias. Contudo, pode ser que o fornecedor precise do dinheiro antes, até mesmo para manter o negócio em pé. Aqui, geralmente, haveriam algumas alternativas para o fornecedor: 

  • Buscar capital de giro através de empréstimos no sistema bancário;
  • Tirar recursos do caixa de investimentos da empresa. 

Com a bancarização de empresas, o cenário está mudando. Em especial as grandes e médias possibilitam ao fornecedor pode antecipar o recebível, garantindo o pagamento antecipadamente, e não mais para daqui a 45 dias, com condições (taxas ou juros ou ainda descontos) melhores daquelas que encontraria em bancos, por exemplo. 

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Pense comigo. Uma grande organização de mídia, como a Globo, que tem no seu portfólio o jornal O Globo, a Folha de S.Paulo ou O Estado de S.Paulo, pode precisar de uma impressão especial como um poster de um time campeão. Certamente eles vão precisar terceirizar a gráfica para a impressão, e pagarão em um prazo como 30, 40 ou 60 dias. E se a gráfica precisar desse dinheiro antes? Eis a oportunidade para o jornal (que já não é algo tão lucrativo em seus meios impressos) melhorar sua margem de receitas e, sobretudo, para a gráfica girar seu capital. 

Fintechs e bancarização de empresas 

Isso tudo pode parecer coisa de outro mundo para uma empresa que não costuma antecipar o pagamento de seus fornecedores. Uma dúvida comum é se ela precisaria mudar a estrutura social e obter licença no Banco Central (BC) para oferecer financiar fornecedores ou antecipar recebíveis. Nada disso é necessário, pois com o processo de bancarização de empresas por meio de  fintechs pode ser o caminho. 

Vou dar um exemplo para deixar isso mais claro. Eu trabalhei para uma organização que está entre as líderes do setor agro no Paraná, que sempre teve muitos fornecedores, seja de entrega de produtos ou fornecimento de serviços. Nós percebemos que muitos de nossos fornecedores tinham certo problema com o fluxo de caixa e fizemos algumas pesquisas para ver como apoiá-los. 

Pois chegamos a uma solução que poderia, além de ajudar o fornecedor, melhorar a nossa própria receita, negociando a antecipação do pagamento com os fornecedores por meio de um adiantamento, como se fosse um empréstimo. 

Antes de tudo, como não éramos banco, precisávamos de um intermediário. Então, fizemos uma pesquisa através do hunting de startups (algo que nós da Haze Shift fazemos com frequência para nossos clientes). 

Em parceria com a Giro Tech, uma fintech, a bancarização da empresa foi possível. Em um projeto de inovação aberta, conectamos o portal do fornecedor à possibilidade de fazer a antecipação do recebível com determinadas condições. Viu como não é um bicho de sete cabeças? Aqui tem um vídeo que explica melhor a Giro Tech: 

Outros exemplos de bancarização de empresas 

A Ambev também é um ótimo caso. Seu serviço de bancarização de empresas apoia, por exemplo, o financiamento de bares. 

Com uma rede altamente pulverizada e demanda de atendimento nos rincões do Brasil, a Ambev e a fintech Donus (spin-off da própria Ambev) oferecem conta digital, maquininha e opção de crédito como possibilidade a mais de 80 mil bares. 

A parceria é claramente um projeto de inovação aberta, pois Ambev e Donus fizeram uma pesquisa diretamente com os donos dos bares para construir um aplicativo de atendimento, conforme o perfil dos bares, oferecendo taxas mais competitivas que as dos bancos, como mostra esta reportagem do Estadão

Além disso, através do open banking, que descrevi um pouco neste outro texto, esse tipo de parceria é uma oportunidade para bancos, fintechs, corretoras e outras instituições financeiras disporem de cada vez mais informações sobre o perfil de consumidores pessoas físicas e jurídicas. Afinal, a proposta do open banking é cada vez mais compartilhar dados de serviços de clientes entre instituições que oferecem serviços financeiros. Dessa forma, as empresas (como fornecedores) só têm a ganhar com soluções personalizadas. 

Como nós podemos ajudar

Nós da Haze Shift temos um exemplo de um cliente que enxergou na tecnologia financeira algumas oportunidades. Em um programa com uma rede supermercadista do Paraná, nós da Haze Shift fomos convidados a colocar um programa de análise da inovação da empresa, com observação de possibilidades. 

Entre pesquisas presenciais, quantitativas e qualitativas, conseguimos identificar os principais projetos rodando na empresa e as áreas com maior potencial inovador no momento. Além disso, em um workshop chamado Business Lab, promovemos a proposição de novos modelos de negócios para oportunidades de experimentação na empresa, até mesmo de conexão com startups que estão mudando o varejo 4.0

Nesse sentido, uma das conclusões foi justamente a necessidade dos fornecedores terem acesso a crédito. Seria, portanto, uma oportunidade de financiá-los e antecipar recebíveis. Como vimos, esse tipo de soluções fica mais acessível com a bancarização de empresas: fintechs como a Giro Tech podem muito bem apoiar nesse projeto de inovação aberta.

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Pensando nisso, eu convidei o CEO da Giro.Tech, Ronaldo Oliveira, para dizer ao nosso blog como isso pode ser útil, confira: 

Os principais órgãos reguladores, Banco Central e CVM, estão engajados no avanço de uma agenda de modernização que torna essa tendência viável para empresas de todos os portes. Uma das soluções que essa modernização das regulações já autoriza – desde que respeitando certos parâmetros – é a terceirização da infraestrutura. A bancarização empresarial pode ser considerada uma iniciativa de razoável complexidade. No entanto, a bancarização pode beneficiar empresas de menor porte e, inclusive, ser o impulso que falta para alavancá-las a um novo patamar de faturamento. 

Ronaldo Oliveira, CEO da Giro.Tech 

É por esse e outros motivos que eu vejo projetos que unem inovação aberta, transformação digital e design estratégico fundamentais na hora de repensar as empresas. A partir desses elementos podem surgir parcerias, spin-offs e tantas outras vias capazes de transformar seu negócio. Portanto, fica meu convite: vamos conversar sobre inovação e fazer um diagnóstico para descobrir o momento de inovação que a organização está. Quem sabe vocês estejam a um passo da bancarização de empresas e só falte uma governança da inovação para essa execução. 

Escrito por:

Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

Atuando sempre com mudanças nas organizações através de pensamentos diferentes aplicados à processos com tecnologia e cultura. Buscando auxiliar empresas e organizações sobre os paradigmas da Transformação Digital e como a Inovação Aberta pode mudar a forma de garantir a sustentabilidade dos negócios!