Quem acompanha tendências digitais tem praticamente uma certeza. A próxima revolução do mundo digital será o metaverso: o domínio da internet onde avatares animados (ou nossos alter egos) poderão fazer virtualmente todos os tipos de interatividade. 

Essa interação inclui desde compras, consultas, festas, participação em jogos e, quem sabe um dia, viagens. Recentemente, falei aqui no blog da Haze Shift sobre como o metaverso vai revolucionar a saúde. E agora vou reforçar em que pé anda essa tendência sobre o metaverso: a indústria farmacêutica, também chamadas de indústria Farma, está no radar da transformação digital na saúde. 

Metaverso, saúde e indústria farmacêutica 

Apesar de todo o otimismo com o metaverso na saúde e outros setores, a maior parte dos especialistas acreditam que pode levar uma década ou mais até que as tecnologias necessárias alcancem  o hype, com acesso por mais de 80% da população mundial.

Porém, já podemos adiantar mudanças de paradigma em várias áreas da saúde, e  um bom exemplo será com as indústrias farmacêuticas: o metaverso está próximo.

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As indústrias Farmas desenvolvem e comercializam medicamentos em um modelo de negócios centenário. Por isso, é possível que o modelo de negócios seja incorporado ao processo de gestão de saúde e, com isso, as Farmas ampliarem sua atuação tanto na gestão da saúde quanto na jornada de tratamentos. 

É possível,  em breve, que os websites e conteúdos interativos sejam ampliados. Poderão ser criadas cidadelas virtuais no metaverso, onde cada “bairro” ou “região” da cidadela virtual será dedicado a uma doença e sua jornada de tratamento. Com a participação de médicos e profissionais aptos a dar orientações seguras, quem sairá ganhando será certamente o paciente.  

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As jornadas de tratamento terão seu espaço no metaverso, onde as indústrias farmacêuticas poderão ensinar tudo sobre sua condição médica para minimizar riscos e aumentar confiança e eficiência na jornada de tratamento até a saúde plena.

Nesse sentido, podemos imaginar verdadeiros centros educacionais sobre patologias e fisiopatologias. Assim, teremos a criação de comunidades sobre determinadas doenças e para troca de experiências e suporte mútuo. 

Quer saber mais sobre comunidades? Leia nosso texto sobre comunidades de prática 

Metaverso na saúde: treinamento 

Vejamos um exemplo prático. Na Miller School of Medicine da Universidade de Miami, os instrutores do Gordon Center for Simulation and Innovation in Medical Education usam AR, VR e MR para treinar socorristas de emergência e educar sobre primeiros socorros para tratar pacientes com trauma, incluindo aqueles que sofreram derrame, ataque cardíaco ou ferimento de bala. 

Os alunos praticam procedimentos cardíacos que salvam vidas no Harvey, um manequim realista que simula praticamente qualquer doença cardíaca. Usando fones de ouvido VR, os alunos podem “ver” a anatomia subjacente que é graficamente exposta no Harvey. Clique aqui e saiba mais sobre Harvey.

Benefícios do metaverso na indústria farmacêutica 

Dessa maneira, o metaverso pode proporcionar um relacionamento mais direto e estreito do paciente com médicos de forma conjunta com esclarecimentos da indústria farmacêutica, por meio da participação de profissionais (farmacêuticos e bioquímicos, por exemplo). Eles inclusive podem promover palestras e eventos no metaverso para pessoas que necessitam de tratamentos específicos.  

Assim, é possível prover informações sobre a eficiência de tratamento, farmacovigilância, além de coleta de dados e outras informações. Consequentemente, pacientes acabam ganhando ainda mais conhecimento sobre seus tratamentos, ampliando a relação médico-paciente-indústria. 

Tudo isso pode gerar novos estudos clínicos e que serão a base para relatórios de farmacoeconomia (ciência que relaciona custo, benefício e eficácia de um medicamento no tratamento e sobrevida do paciente). 

Outro aspecto importante é poder ouvir de forma mais próxima o paciente – através do próximo metaverso na saúde – quanto à conveniência de uma formulação farmacêutica (xarope, cápsula, comprimido efervescente por exemplo). Isso pode ser fundamental para a adesão e efetividade ao tratamento.

Metaverso na indústria farmacêutica: exemplos 

Um exemplo já em prática é que as indústrias farmacêuticas sul-coreanas já usam metaverso para se comunicarem sobre saúde e medicamentos com as pessoas das gerações Y (millenials) e Z (nascidos entre 1995 e 2004). Para saber mais clique aqui.

Outra área desse mercado a se transformar com o metaverso será o varejo farmacêutico (farmácias e drogarias). Nesse sentido, confira algumas possibilidades ilimitadas do metaverso na indústria farmacêutica:

  1. No próprio metaverso, os consumidores podem comprar medicamentos online ou em sua farmácia local sem precisar sair de casa com o diferencial de poder tirar dúvidas com farmacêutico sobre indicações e uso de medicamento. 
  1. Um ponto importante é que o metaverso pode levar à criação de instalações de farmácias e drogarias de baixo custo. No metaverso será possível fornecer uma experiência de compras de e-commerce de realidade virtual para os clientes, bem como aconselhamento virtual e atenção farmacêutica com diferentes auxílios tecnológicos e ter o medicamento entregue em casa rapidamente.
  1. Em uma segunda etapa no metaverso, as pessoas terão um assistente virtual de IA (inteligência artificial) à sua disposição. O assistente as ajudará a encontrar o que precisam ou responder a perguntas sobre seus medicamentos, e se caso necessário consultar um farmacêutico dentro da plataforma.

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Com todas essas possibilidades, à medida que as Big Techs continuam a construir o metaverso junto às empresas de software e hardware, com o mundo acadêmico e outros parceiros de P&D, o setor de saúde continua sendo – na minha opinião – o melhor campo de testes para avaliar a eficiência e utilidade do metaverso. 

Apesar de o metaverso ainda estar nos seus primórdios, possui um tremendo potencial para a transformação e melhoria dos cuidados de saúde, jornada de tratamento e gestão de saúde e longevidade.

Você concorda? Vamos conversar e analisar como anda a transformação digital da sua empresa para antecipar mudanças.

Escrito por:

Robert Frederic Woolley
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Robert Frederic Woolley é consultor associado da Haze Shift, bacharel em Ciências Farmacêuticas, mestre em Administração de negócios e agente de propriedade Intelectual. Realiza trabalhos sobre inovação em modelos de negócios com foco na auto-disrupção, desenvolvimento de mercado e novas tecnologias.