Recentemente, nós da Haze Shift fizemos algumas publicações sobre metaverso na saúde aqui mesmo no blog. Hoje venho falar sobre um comentário recorrente nos posts anteriores, sobre acessibilidade do metaverso

Vamos recordar um pouco o conceito de metaverso: ele abrange uma forma de universo acessível através tecnologias de realidade virtual e aumentada. Já acessibilidade é um termo amplo, pois inclui toda variedade de possibilidades de acesso por todos os tipos de indivíduos. Isso inclui tempo, economia e poder aquisitivo, portar deficiência física limitante à interação com metaverso e capacidade de interação.

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Como o metaverso vai revolucionar a saúde
Como o metaverso na saúde vai revolucionar a indústria farmacêutica

O fator tecnológico 

Apesar de todo otimismo, a maior parte dos especialistas acreditam que pode levar uma década ou mais até que as tecnologias necessárias alcancem o hype, e estejam disponíveis a mais de 80% da população mundial. 

Portanto, a chegada ao metaverso será em médio a longo prazo para a maioria das pessoas. A demora pode ter inúmeros fatores. Um deles é a necessidade de conexão de alto rendimento como 5G e depende também das políticas de investimento em telefonia e internet em cada país. 

O fator econômico

Quanto à economia, vamos começar com dinheiro. O metaverso precisará funcionar de maneira semelhante a uma economia do mundo real para prosperar. 

Assim como na economia do mundo real, o sistema econômico no metaverso tem que incentivar os indivíduos a participar e fazer crescer a economia. E já estamos vendo os primeiros sinais disso. 

Porém, para esse componente-chave (economia) dar certo precisamos de dois fatores importantes: liberdade, e interoperabilidade. 

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Vamos dar um exemplo disso a partir do universo dos videogames. Passamos a vida jogando os mais diferentes jogos (físicos ou virtuais), nos quais são gerados pontos, que na maioria dos casos funcionam apenas naquela partida e naquele jogo. 

Portanto, assim como os pontos em jogos, não adianta ter dinheiro virtual na internet (como Bitcoin, Ethereum, entre outras moedas), se você não pode gastá-lo onde quiser – online ou offline (mundo real).

Nesse sentido, quando falo de liberdade e interoperabilidade, me refiro a extrapolar as possibilidades do que quero comprar, onde comprar e como usar seja: no mundo físico ou em todos os ambientes do metaverso.

Por exemplo, qual o propósito de comprar itens, utensílios e roupas se você não pode usá-las fora da loja virtual ou apenas no jogo ou metaverso que você comprou? Por que comprar uma bolsa Channel em uma loja física se você não pode exibi-la no metaverso? Ou usar uma roupa (ou skin) do jogo Fortnite em outro jogo? Isso é liberdade e interoperabilidade.

Além de poder comprar e usar, temos o direito de vender esses itens onde quiser. A liberdade e a conveniência da descentralização e da interoperabilidade são prometidas pelo metaverso e pela Web3, que tem estrutura baseada na tecnologia blockchain e deverá concretizar a descentralização e a interoperabilidade das redes.

A Web2, a web atual, é dominada por plataformas centralizadas como Google, Apple, Facebook, Tencent, Baidu, Alibaba, Microsoft. E a próxima Web, a Web3, usará blockchain, criptografia e NFTs trazendo de volta para a comunidade da internet. E isso inclui liberdade e interoperabilidade econômica e consumo. A teoria é essa, veremos como será na prática.

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Ainda sobre economia, trago duas perguntas:

1) o poder aquisitivo pode ser um limitante de acesso a metaverso? 

2) O Metaverso pode trazer mais igualdade econômica? 

As respostas são não e não. 

Em primeiro lugar, ao atingir o hype, a tendência é baratear cada vez mais o custo da tecnologia e consequentemente o acesso ao metaverso, e mesmo em países em desenvolvimento o acesso ao metaverso e acesso à saúde via metaverso será possível a todos. 

O custo de produção e miniaturização de tecnologias tornarão os óculos virtuais e aparelhos cada vez mais fáceis e acessíveis. Além do mais, a universalização de acesso é um dos objetivos comuns a todos os desenvolvedores do metaverso e pauta prioritária na agenda 2030 da ONU. 

Em relação ao metaverso trazer mais igualdade econômica, também creio que pode estar longe de certa forma. De acordo com Lu Peng, diretor e professor do Centro de Pesquisa em Computação Social da Central South University, a estratificação é um tema eterno na sociedade. Enquanto houver humanos e sociedade, haverá escassez e estratificação. 

Contudo, com o desenvolvimento das formas sociais, a orientação específica dos recursos escassos é diferente. 

Na Era pré-metaverso, a escassez refere-se aos recursos materiais; na Era do metaverso, essa escassez também inclui símbolos digitais, níveis de associação, riqueza de pontos e dinheiro virtual, NFTs, permissões de acesso a áreas seletivas do metaverso e outros recursos, como limitação, contenção e distribuição. 

Portanto, a lacuna entre ricos e pobres no sentido material pode diminuir, mas a lacuna entre ricos e pobres no nível virtual pode se expandir. E essa lacuna pode ser mais profunda e persistente do que a lacuna material.

Acesso ao metaverso 

Outro tema importante é o acesso físico pleno ou adequado. Para estar no metaverso, você estará pleno e apto com seus sentidos (audição, visão, olfato, tato e paladar) e terá as percepções da sua estrutura corporal, sensações de equilíbrio,  calor,  frio, dor, cheiros e tudo mais que você é capaz de sentir no mundo real. 

O metaverso ainda está na primeira infância, mas os desenvolvedores já estão trabalhando para torná-lo mais acessível. Por exemplo, interfaces interativas em inteligência artificial (IA) tornam o metaverso mais acessível para pessoas com desafios sensoriais. Podemos citar como exemplo a legendagem e a tradução automática por IA, que também podem ajudar a superar deficiências auditivas e barreiras linguísticas. 

No entanto, há muito trabalho em andamento como adequar o hardware de interface de Realidade Virtual para ser ajustado às necessidades de acessibilidade.

Isso vale para vários tipos de deficiências e limitações físicas e cognitivas. Por exemplo, para algumas pessoas com autismo severo, falar através de um avatar em um videogame é uma maneira mais confortável e reconfortante de interagir com outras pessoas. Isso também vale para pessoas com demências ou sequelas de AVCs. 

Outro ponto importante e interessante que devemos ter em mente: nosso avatar no metaverso não precisa replicar nossas qualidades físicas do mundo real. As pessoas em cadeiras de rodas podem andar, as características faciais não são refletidas, a cor da pele e o estilo do cabelo podem ser ajustados como quisermos. As deficiências físicas não são refletidas no Metaverso. 

O lado bom disso tudo é que os outros não saberão que você está usando recursos de acessibilidade ou dispositivos diferentes para mover seu avatar virtual na reunião, isso é uma das formas que Metaverso vai trazer igualdade. O Metaverso se tornará amplamente utilizado devido ao aumento da facilidade de inclusão e acessibilidade a interações com experiências compartilhadas.

Concluindo…

Embora a vida no metaverso ainda parece um sonho distante, debater sob diferentes aspectos e pontos de vista nesse estágio inicial é crucial para garantir que ninguém fique de fora à medida que as tecnologias amadurecem. 

E nós da Haze Shift estamos constantemente nos atualizando para levar aos nossos clientes informações sobre inovações vindas do metaverso, sejam da saúde ou de outros setores, como a Indústria. Por isso é tão importante manter contato e ter por perto uma consultoria de inovação como a nossa: constantemente em busca de novidades e debates. 

Por falar nisso, o que você tem a dizer sobre o metaverso? Escreva nos comentários.

Escrito por:

Robert Frederic Woolley
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Robert Frederic Woolley é consultor associado da Haze Shift, bacharel em Ciências Farmacêuticas, mestre em Administração de negócios e agente de propriedade Intelectual. Realiza trabalhos sobre inovação em modelos de negócios com foco na auto-disrupção, desenvolvimento de mercado e novas tecnologias.