O interesse por este modelo de empresa só cresce, mas será que é o ambiente certo para você? Mais que uma tendência, talvez uma obsessão para alguns, as startups têm sido um caminho procurado por muitos jovens (e grisalhos também) com desejo de se tornarem milionários. 

Estimulados por exemplos como Nubank, Ifood, 99Taxis, Quinto Andar, EBanx, para ficar só nos exemplos brasileiros, estes empreendedores são estimulados a acreditar num caminho com sucesso, dinheiro, status e possibilidades quase que infinitas, alcançadas em um espaço de tempo relativamente curto. 

Mas talvez, o papo não seja bem esse…

Não existe um consenso universal sobre o que realmente é uma startup.  Temos sim algumas definições que se sobressaem e são mais comumente utilizadas. 

Um relato da revista Forbes na década de 70 utilizou o termo “startup” que ganhou o mundo durante a bolha da internet (1996/2001) quando um grande número de “empresas.com” foram fundadas, e depois muitas quebraram, numa região da Califórnia (USA) hoje conhecida como a “Meca” das startups, o Vale do Silício (Silicon Valley) especializada em alta tecnologia e inovação que concentra as maiores empresas do ramo. 

Mesmo tendo surgido há várias décadas, só após o boom das ponto-com o termo “startup” chegou por aqui nas terras tupiniquins, isso foi por volta de 2010. Já em 2015 tínhamos 4.451 startups que em 2019 somavam 12.727, segundo levantamento da ABStartups, o que corrobora ao fato de este ser um movimento sólido, ao contrário do que muitos apostavam.

Na visão de Eric Ries, autor do celebrado livro The Lean Startup, 2011 (A Startup Enxuta) – uma obra descritiva do método para criação e gestão deste tipo de empresa -, uma startup “é uma organização humana que busca se tornar um negócio escalável e que surge em um contexto de extrema incerteza”. 

Perceba que o autor usa o termo organização e não empresa, e isso talvez seja responsável pela cultura característica destes modelos, que é ser diferente.

Aplique o conceito de Startup Enxuta: confira resumo do livro e ouça nosso Podcast

Eric Ries vem de um ambiente rico em ferramentas que o ajudaram a modelar seu método baseado em três pilares: Experimentation and Learning, Customer Feedback, Short, iterative product development cycles – agile development. Em português, algo como: Experimentação e Aprendizado, Feedback do Consumidor, Ciclos de desenvolvimento de produtos curtos e iterativos com desenvolvimento ágil

A inspiração de Reis vem do seu professor na Stanford University, Steve Blank. Ele definiu startup como “uma organização temporária em busca de um modelo de negócios repetível e escalável”. 

Blanck desenvolveu um método para empresas em meados dos anos 90 baseado em quatro pilares: Customer Discovery, Customer Validation, Customer Creation, Company Building. Em português: Descoberta de Consumidores, Validação de Consumidores, Criação de Consumidores, Desenvolvimento da Organização. 

Esse pilar é conhecido como CDP (Customer Development Process) publicado em 2005 no seu livro The Four Steps to the Epiphany (Quatro passos para a Epifania). 

Em 2012, Blank foi adiante. Com a colaboração de Bob Dorf, eles escreveram o livro que para Blank deveria ser o guia definitivo para quem quer criar uma startup. Na obra The Startup Owner’s Manual: The Step-By-Step Guide for Building a Great Company (Manual do Proprietário de Startups: O Passo a Passo para Construir uma Grande Empresa), Blank e Dorf descrevem uma jornada de forma detalhada e científica destacando a importância de rigorosos e repetitivos testes para se obter o melhor resultado.

Framework do livro: The Startup Owner’s Manual: The Step-By-Step Guide for Building a Great Company.

Ou seja, passos, basicamente, são formados por: 

  1. Período de descoberta do cliente
  2. Validação do cliente
  3. Criação com cliente
  4. Construção da Companhia

E aí? Startup é para mim?

Você já percebeu que uma startup vai  além da glamourização das propagandas. Exige método, conhecimento, visão de oportunidade e muita dedicação. Além disso, existe uma inquietude nata nas pessoas que se propõem a criar este modelo de negócio, algo que não se encontra comumente por aí: é o chamado mindset empreendedor

Essa é uma forma de pensar e agir difícil de se definir, mas que engloba a visão de mundo, as crenças, os valores, entre outras tantas características que cada um possui.

Para jogar este jogo é preciso estar ciente que o caminho é árduo e requer tempo para os resultados. Ainda que o mercado pressione para que tudo tenha sucesso de forma rápida a tal imprevisibilidade é uma constante sem provável que tenhamos muitos tombos até acertar o passo. Quem não possuir a capacidade de se levantar rápido e mais forte dificilmente sobrevive nesse universo, que não é paralelo, é a vida real transformando nosso mundo.

Startups nem são a resposta para todos os nossos desafios, nem vão resolver todas as questões de negócios e como exigem muito do indivíduo nem são sempre aquele mundo colorido. Porém, trazem perspectivas diferentes e por isso necessitam de pessoas com visões diferentes e assim talvez construirmos soluções de grande impacto para a sociedade.

Antes de se aventurar no mundo das startups reflita se seu espírito é realmente inquieto, se você está disposto às intempéries, se realmente quer aplicar métodos e enfrentar a competitividade dos mercados. 

Talvez você entenda que um ambiente mais calmo, previsível e estável seja sua praia, se for, tudo bem. Mas se você se vê como um empreendedor de startup é possível validar experimentos (o que pode ser feito em qualquer tipo de empresas, inclusive sendo muito utilizado em startups) por produtos mínimos viáveis, os famosos MVPs, que servem para validar novos produtos, serviços e processos. É uma forma de dar certa segurança aos projetos. 

Portanto, lembre-se sempre que os rumos da sua vida estão em suas mãos e cabe a você escolher qual rota de inovação seguir. Nós da Haze Shift, por exemplo, convivemos diariamente com startups. Promovemos matchmakings e hunting de startups para aproximá-las de outras organizações. Ou seja, mesmo que você não seja o empreendedor focado em statups, mas sim um empreendedor com algum negócio já consolidado, você pode aproveitar os movimentos inovadores das startups de alguma forma, por exemplo, investindo em algum dos tipos de crowdfundings ou conhecendo mais a fundo esse mercado. Então, casso queira sabere mais, vamos conversar sobre isso?

Escrito por:

Cristiano Teodoro Russo
Cristiano Teodoro Russo
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Consultor associado na Haze Shift. Professor (inovação em saúde), Co-fundador na AtendeDoc, Presid. da Ass. Bras. de Startups de Saúde, Especialista em tecnologia e inovação na saúde. Apresentador do Programa MOVE sobre inovação e startups na TV Tarobá/Band PR.