Convencionalmente, as startups seguem um modelo de negócios rápido e direto. Com base nos ensinamentos que esses negócios inovadores podem trazer, o autor Eric Reis escreveu o livro Startup Enxuta (Lean StartUp, em inglês), que trazemos um resumo e pode ajudar inclusive grandes empresas.

Como Reis explica, startups fazem parte de um ambiente de incertezas para atender rapidamente às demandas do mercado. E elas podem melhorar ainda mais com base em um sistema denominado manufatura enxuta, ou lean manufacturing.  

Esse sistema busca a redução de desperdícios na cadeia industrial junto com a melhoria contínua, o compromisso com a qualidade e chamada produção na hora certa (just in time). Nós da Haze Shift explicamos isso em nosso podcast Haziliente. Estive na companhia do host Luis Henrique Costa, Gabriela Garcia e Letícia Ribeiro, ambas da área de Projetos e Operações da Haze Shift. Ouça:

Startup Enxuta: resumo do conceito construir, medir e aprender

Além do podcast, eu também destaco para você uma reflexão que o autor sugere: Quais esforços criam valor e quais desperdiçam valor? 

Como Reis ensina, a manufatura enxuta traz um conjunto de princípios para que seja possível analisar onde e como os esforços da empresa estão sendo empregados, e se estão gerando o valor esperado. Com a resposta, o empreendedor consegue medir onde precisa aplicar maiores esforços a fim de entregar maior valor para o cliente final, com o menor tempo e custo possível. 

O autor também explica que é importante ter a visão de onde quer chegar e fazer uso de estratégias para isso. Essas estratégias podem ser alteradas. E é por isso que Reis destaca a importância de adaptar o produto ou até mesmo reformatá-lo quando necessário. Essa adaptação está baseada em um conceito: construir, medir e aprender. O que isso significa?

Significa que essa flexibilidade é importante porque quanto mais cirúrgica uma empresa for em relação ao desenvolvimento de produtos ou serviços, mais rapidamente serão tomadas as ações necessárias. E aqui está o pulo do gato para empresas de todos os tamanhos: elas podem usar dessa versatilidade no desenvolvimento de projetos para construir, medir e aprender em parceria com clientes e fornecedores.

Startup enxuta: lean startup, inovação aberta e design estratégico

Como sabemos, a inovação aberta traz pessoas de fora da empresa para projetos e ideias. E ao trazer stakeholders externos, as etapas de construção e mensuração se tornam ainda mais rápidas. Ou seja, muitas vezes, essa proximidade acaba sendo mais eficaz do que uma pesquisa de mercado genérica. Em outras palavras, é um meio de produzir valor e reduzir o desperdício de dinheiro.

Por outro lado, quando problema é definido, prototipado e testado com clientes. Dessa forma, é mais fácil readaptar o produto com o teste com clientes que buscam a solução de um problema específico. Ou seja, há construção, mensuração e aprendizado.

Dessa maneira, chega-se ainda mais rápido a um produto mínimo viável (MVP). E ter ao lado um cliente que realmente queira resolver um problema, e auxilie na fase da testagem, torna esse produto ainda melhor. Afinal, o cliente tende a oferecer feedbacks ainda mais honestos.

Um exemplo de MVP

Aqui no Brasil temos alguns bons exemplos de startups enxutas que viraram unicórnios (valor de mercado acima de US$ 1 bilhão). Vejamos o exemplo da 99 Taxi (atual 99), que surgiu como uma das startups universitárias da USP. Quando lançou o aplicativo para chamar taxis, havia a concorrência direta da Easy Taxi, que recém tinha recebido um aporte de um fundo de investimentos.

Como os fundadores da 99 conseguiram emplacar seu produto? Estrategicamente construindo, medindo e aprendendo a partir da inovação aberta junto aos stakeholders essenciais: seus públicos-alvo, ou seja, taxistas e passageiros.

Em primeiro lugar, eles focaram na cidade São Paulo, para medir o retorno sobre investimento. Paralelamente, fizeram parcerias com taxistas sem cobrar taxas deles inicialmente. Além disso, o aprendizado mostrou que, quando um cliente chamava um taxi, o carro mais próximo era o que deveria ser direcionado ao cliente. Em seis meses, 200 motoristas se cadastraram. E foram eles que ajudaram a validar o MVP do negócio.

Nesta entrevista à IstoÉ, os fundadores da 99 mostram que a cada nova cidade que entraram era avaliada em detalhes e seguiam o preceito de fazer mais com menos. Um belo exemplo de negócio enxuto com expansão com melhoria contínua, o compromisso com a qualidade e expansão just in time.

Princípios da Startup Enxuta: Resumo

Como as startups operam em ambientes de alta incerteza, alguns métodos tradicionais com base em pesquisas de mercado podem (e devem) ser evitados na opinião do autor. Nesse sentido, ele apresenta dicas para gerenciar melhor negócios que precisam de flexibilidade. Conheça os princípios, em resumo, da startup enxuta:

1.       Empreendedores estão em toda parte. Lembra quando afirmei que os ensinamentos do livro valem para grandes empresas? O autor lembra que o conceito de empreendedorismo está em vários lugares. Para ele, startups são instituições humanas que projetam novos produtos e serviços. “Isso significa que a abordagem da startup enxuta pode funcionar em empresas de qualquer tamanho, mesmo numa de grande porte, em qualquer setor ou atividade”, escreve Eric Reis.

2.       Empreender é administrar. Startups são instituições e não apenas fornecedoras de produtos e serviços. Por isso, os empreendedores devem estar prontos para administrar em ambientes de incertezas. Nesse sentido, como consultor de inovação, recomento que você leia este post da Haze Shitt sobre governança da inovação e aprenda sobre alguns modelos de governança que vão impulsionar a inovação aberta em sua empresa ou startup.

3.       Aprendizado validado. Como ensina o autor, startups não apenas existem para fabricar coisas. Elas existem para aprender a desenvolver um negócio sustentável. É por isso que eu reforço que a modelagem de negócios do design estratégico é um excelente meio para, como reforçar o conceito de lean startup, validar experimentos.

4.       Construir-medir-aprender. Acima mostramos um ótimo exemplo de negócio baseado em construção, mensuração e aprendizagem. Eric Reis reforça que medir como os clientes reagem é uma atividade fundamental para a startup transformar ideias em produtos. É assim que podemos identificar a verdadeira dor do cliente e resolvê-la.

5.       Contabilidade para a inovação. Ao medir o progresso, evitamos desperdícios. Já pensou se a 99 Taxi tivesse lançado seu produto em diversas cidades simultaneamente, sem ter a estrutura necessária para coletar os feedbacks de taxistas? Poderia ter sido um tiro no pé, com alto desperdício. Por isso é preciso foco para priorização. Meu sócio Marcos Daniel explicou neste post como fazer a contabilidade da inovação.

A importância de encontrar o cliente   

Estes são os princípios. Mas vamos fazer um exercício mental para coloca-los em prática? Lembre-se que Eric Reis destaca que “o pensamento enxuto define valor como algo que proporciona valor ao cliente; todo o restante é desperdício”. E isso passa muito pela testagem com clientes que realmente estejam dispostos a resolver um problema. Por isso, além de trazer o case da 99, pensei em um exemplo.

Imagine uma startup que criou um modelo inovador de gestão rápida da carteira de clientes de imobiliárias. Quem poderia ajudar essa startup a validar seu software? Um empresário do ramo imobiliário seria um bom caminho, certo? Mas poderia ser qualquer empresário? Eu penso que não, já que existem milhares de imobiliárias com dores diferentes quanto à gestão do negócio.

Pense comigo. Algumas imobiliárias são de porte pequeno, outras médias e outras grandes. Nesse mercado existem empresários com o mesmo grau de conhecimento sobre o setor de imóveis, independente do porte da sua empresa.

Portanto, será que o dono de um pequeno negócio, com uma carteira de clientes pequena, seria o mais indicado para auxiliar na construção do protótipo e da testagem da startup que imaginamos? Ou seria melhor ter o feedback de quem tem uma carteira maior, o que representaria um teste de fogo para a prototipagem e testagem do produto?

Podemos ajudar?

Se para você ficou claro que tudo isso está diretamente ligado à inovação aberta e aos princípios do design estratégico, chegou a hora de colocar a teoria em prática. Nós da Haze Shift podemos fazer com que os conceitos disseminados no livro Startup Enxuta possam ser aplicados em sua empresa conforme a realidade onde estiver inserida.

Conheça alguns de nossos casos de sucesso, leia mais alguns posts de nosso blog e deixe seu comentário. Vamos, juntos, colocar as rotas da inovação aberta em ação na sua empresa e ampliar seu ecossistema de inovação. 

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Designer estratégico, empreendedor, gestor de comunidades e com experiências em programas de pré-aceleração e aceleração. Sempre aberto a novos aprendizados e projetar novas soluções que agreguem valor ao negócio e à sociedade.