Sempre que as empresas se veem na necessidade de lançar novos produtos, solucionar problemas ou coletar insights e feedbacks, é natural olhar para o caixa da firma. A questão é que, muitas vezes, os recursos limitados as impedem. Mas existem saídas, e uma delas é entender como funciona o crowdsourcing. 

Para começar este debate, vamos cortar a palavra em duas: Crowd quer dizer Multidão, e OutSourcing é igual a Terceirização. Por aqui você já pode ter uma boa ideia do que esta, que é uma das rotas de inovação aberta (nº22), significa. 

O que é crowdsourcing: como funciona 

Em outras palavras, podemos dizer que crowdsourcing é o mesmo que terceirizar o recurso intelectual a uma multidão para tentar resolver uma demanda. Mas não para qualquer multidão, claro. Crowdsourcing significa contar com a sabedoria de um coletivo, especialmente os stakeholders internos e externos de uma organização. 

A ideia é reunir um conjunto de pessoas, seja por plataformas online ou por meio de encontros entre pessoas, para contribuir com um projeto. Consumidores podem colaborar com ideias e testes de produtos e serviços e feedbacks. Universidades ou parceiros de negócios podem colaborar com propostas de MVPs (produto mínimo viável). 

Em resumo, o grande objetivo do crowdsourcing é reunir pessoas para resolver um problema, com a possibilidade de receber e fornecer informações e feedbacks, além de encontrar falhas antes de lançar um produto no mercado e fazer testes rápidos. Tudo isso a baixo custo, já que a etapa de pesquisa estará concentrada nas ideias e feedbacks do próprio público interessado. 

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Por si só, esses já são ótimos motivos para desenvolver projetos com essa rota de inovação aberta. Porém, o crowdsourcing também é importante para estimular a cultura da inovação, criando um novo mindset ao receber esses estímulos coletivos externos e internos. 

Aliás, não é apenas o setor privado que pode se valer do crowdsourcing. O setor público também pode fazer chamadas a empresas e à população para reunir ideias, debate-las e aplicá-las. 

Crowdsourcing vs crowdfunding

Independente do setor (público, privado ou terceiro setor), uma coisa é certa: esse tipo de inovação aberta pode gerar inovação incremental, radical ou disruptiva. Contudo, para entender melhor como funciona o crowdsourcing, eu peço licença para rapidamente diferenciá-lo de outro termo, o crowdfunding. 

Como vimos, o crowdsourcing se vale de ideias. Já crowdfunding é uma forma de financiamento coletivo de um produto ou serviço, nos quais as pessoas (ou empresas) que apostarem no financiamento têm algumas vantagens, como serem as primeiras a utilizar o produto, terem preferência ou desconto de compra, entre outras. Diferente de captar ideias, captam-se recursos para um projeto. 

Isto posto, podemos voltar ao foco deste texto. 

 
Algumas Vantagens do Crowdsourcing 

Proximidade com usuário final e com stakeholders
Geração de novas ideias 
Aprimorar produtos e serviços
Identificação com a marca Redução de custos com pesquisa 

Como funciona o crowdsourcing: exemplos no Brasil e no mundo

Como consultor de inovação, eu vejo que quando as lideranças organizacionais apoiam esses projetos, as chances de sucesso são muito maiores, trazendo novos recursos de ideias inovadoras para somar o potencial de trabalho, e até mesmo como uma oportunidade para criar comunidades de prática e comunidades de consumidores e, quem sabe, formar embaixadores da marca, ou seja, pessoas que divulgam e agem organicamente a favor de uma organização. 

Nesse sentido, alguns exemplos de crowdsourcing mostram bem como isso funciona. E existe um caso que ficou famoso que ilustra bem o potencial de inovação aberta: a criação do carro Fiat Mio. 

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Ainda em 2009, a Fiat aproveitou sua ampla capacidade global para convidar pessoas de todo o mundo a fornecerem ideias para a criação de um novo carro. Mais de 17 mil pessoas toparam enviar sugestões por meio de uma plataforma colaborativa, da qual os engenheiros da Fiat fizeram uso para o desenvolvimento de um carro-conceito que serviria de base para os próximos lançamentos da marca: 

https://www.google.com/url?q=https://www.youtube.com/watch?v%3DJoWbUR4b9io&sa=D&source=docs&ust=1658780228627442&usg=AOvVaw2UChQMp9NEDqeHyPFKmjfK 

Existem também exemplos de crowdsourcing no Brasil: um dos mais conhecidos é a Azul, cujo nome foi escolhido pelo público. As pessoas que sugeriram o nome mais votado ganharam bilhetes aéreos da companhia. Uma ótima forma de recompensar os fãs da marca, concorda? 

A Ruffles, da Pepsico, também convidou seus consumidores a participar, em 2012, da criação de um novo sabor de salgadinho. As pessoas enviavam ideias e, as melhores, eram selecionadas por uma comissão julgadora, e os consumidores que dessem o sabor escolhido concorriam a R$ 50.000.  

Além desses exemplos de crowdsourcing, recentemente nós da Haze Shift co-criamos um projeto com uma grande empresa do ramo de estacionamentos, uma comunidade de prática com o objetivo de trazer pessoas externas à empresa, propostas e ideias para a ocupação das vagas de automóveis ociosas. 

Houve um ótimo fluxo de stakeholders e convidados, que puderam participar de palestras, reuniões, entre outras atividades sobre o tema mobilidade, gerando um ótimo resultado. Foi algo similar a crowdsourcing combinado à inovação aberta objetiva por uma comunidade. 

Esse é um exemplo de cases da Haze shift que fazem uso de uma inteligência coletiva a fim de colaborar em soluções para dores/necessidades dos nossos clientes.

Passo a passo do crowdsoucing: como fazer

Claro, esses exemplos de crowdsourcing no Brasil e no mundo são de empresas de grande porte, mas esse meio é altamente democrático e pequenas e médias empresas também tem grandes possibilidades. 

Para que você consiga ilustrar isso em sua mente, coloco aqui uma sugestão simplificada das etapas que você pode seguir sobre como fazer um crowdsourcing:  

  1. Primeiro de tudo, identifique seus objetivos e por que você quer criar um novo produto, um aplicativo ou projetos de outros gêneros, por exemplo. Nesta etapa, envolva seus stakeholders internos, especialmente colaboradores, para que se sintam parte do processo. Workshops podem ser úteis nesta adesão. No caso que citamos acima, a empresa de estacionamentos buscou uma solução para vagas ociosas na pandemia. 
  1. Assim que compreender e definir seus objetivos, utilize preferencialmente uma ou mais plataformas digitais que embase seu projeto de crowdsourcing. Por exemplo, a Kaxola é uma plataforma de lançamento de ideias e desafios que pode ser utilizada por pequenas empresas para, por exemplo, definir nomes de produtos (ou da própria companhia), entre outras propostas. Já a Crowdtest oferece a oportunidade de testar aplicativos antes de lançamento ao mercado e a uTest faz testes de softwares. 
  1. Programe um lançamento oficial do projeto de crowdsourcing. Você pode captar inscritos para um webinar, ou, dependendo da sua verba, até mesmo promover um evento presencial e retransmiti-lo online. Outra alternativa é ir direto à ação: buscar pessoas para começar a colocar a mão na massa fazer divulgações por diferentes canais. O benefício do lançamento é a visibilidade para a marca, que pode ser citada, por exemplo, na imprensa.
  1. Após conquistar a adesão esperada, colete informações durante todo o processo, e busque feedback constante. Esta é uma etapa de viabilização para prototipação ou construção de um MVP. 
  1. Na etapa final, após testes e feedback, você terá insumos suficientes para saber o que seu cliente/consumidor/usuário busca. É hora de partir para o desenvolvimento final, lançamento de mercado ou – na pior das hipóteses – chegar à conclusão de interromper o projeto, o que pode ser importante para evitar um fracasso posterior do lançamento. 

Nós podemos ajudar neste processo 

Sempre que sua empresa considerar um projeto de inovação aberta como fazer um crowdsourcing, é recomendável ter a parceria de uma consultoria de inovação como a Haze Shift. Afinal, a expertise de execução, do planejamento de etapas e a facilitação de networking para seleção de pessoas externas que podem ajudar no processo é essencial para o projeto. 

Por isso, convido você a ver alguns de nossos cases de mercado e, claro, entrar em contato. Juntos, podemos desenvolver um projeto personalizado e que atenda às expectativas de sua empresa. 

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Designer estratégico, empreendedor, gestor de comunidades e com experiências em programas de pré-aceleração e aceleração. Sempre aberto a novos aprendizados e projetar novas soluções que agreguem valor ao negócio e à sociedade.