Muita gente imagina que a inovação aberta está restrita a startups e grandes empresas. Longe disso, ela pode estar presente em pequenas e médias companhias, em cooperativas e em soluções do governo. Para simplificar esse aprendizado, apresento aqui exemplos de inovação aberta nos processos.

Primeiro, é importante relembrar rapidamente o conceito de inovação aberta. Em poucas palavras, trazemos atores externos à organização. Nesse sentido, abrimos as portas para startups, fornecedores, parceiros, estudantes, entre outros, acompanharem os modelos de negócios. Além disso, eles podem oferecer soluções. 

Na inovação fechada, apenas pessoas de dentro da organização participam. Nesse modelo, a empresa despende mais recursos para pesquisa e mantém dentro dela toda a cadeia de desenvolvimento, tratando inovações como segredos de mercado. Em geral, há o patenteamento e a propriedade intelectual é praticamente absoluta.  

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Isto posto, voltamos a exemplos de inovação aberta. A partir do diagnóstico de um problema, há três possibilidades de elaboração de estratégias como exemplos de inovação aberta:

  • Inbound Open Innovation;
  • Outbound Open Innovation;
  • Coupled Open Innovation, que eu também chamarei de inovação aberta mista.

Essa categorização fica mais evidente quando explicada com exemplos. Farei isso abaixo e, desde já, convido o leitor a debater comigo e tirar dúvidas nos comentários desse post.

Inovação aberta: exemplos de Inbound Open Innovation

Inbound Open Innovation significa trazer pessoas de fora para dentro da minha organização para resolver problemas específicos. Neste sentido, como parte das estratégias de inovação aberta nos processos podemos criar programas ou projetos em parceria com  startups, fornecedores, consultores ou estudantes. 

A ideia é pensar em conjunto com atores externos que irão propor soluções. As empresas automobilísticas, por exemplo, já perceberam os benefícios de gerar iniciativas conectadas à sustentabilidade. Nós da Haze Shift somos parceiros dos programas de inovação aberta Renault Experience e Inova-san, da Nissan. Ambos desafiam startups universitárias a apresentarem soluções para meio ambiente e mobilidade inteligente.

Do mesmo modo, podemos citar soluções em pequenas e micro empresas. A incorporação de uma solução existente no mercado, produzida por uma startup, por exemplo, dentro do seu processo já existente, é um caso de Inbound Open Innovation. Contudo, outros exemplos de inovação aberta podem revolucionar produtos, geralmente, “intocáveis”. Vejamos: 

Em um exercício mental, podemos pensar nas possibilidades que um simples workshop pode trazer. Uma floricultura, por exemplo, pode tomar a iniciativa de selecionar bons clientes e fornecedores para dar uma aula sobre como fazer buquês, mas ao mesmo tempo desafiar os participantes a pensarem como aquele produto poderia ser diferente. Em outras palavras, ao abrirmos a floricultura para ensinar como é feito um produto (um buquê), podemos recriar seu design em uma iniciativa de co-criação com clientes.   

Outbound Open Innovation como estratégia de inovação aberta 

Aqui a própria empresa se propõe a participar e a propor soluções para clientes ou até mesmo para  fornecedores. Por isso, entre os três tipos e estratégias de inovação aberta, a Outbound Open Innovation talvez seja a mais proativa. 

Diante dessa abertura, ocorre um movimento de saída de produtos ou serviços novos, não oferecidos até então. Assim é o Outbound: são geradas soluções para o cliente ou, devido à observação de uma necessidade, para o mercado como um todo.

As startups de emissão de cobranças são amostras de como funciona esse tipo de inovação aberta nos processos. A partir do contato com pequenos empreendedores, foi criada uma saída (Outbound) de Inteligência Artificial para lançar boletos e notas fiscais, reduzindo processos burocráticos e análises humanas. Já as empresas que contratam esse serviço, recebem a solução Inbound: de fora para dentro.

Outro exemplo é a 3M. Conhecida em todo o mundo por fabricar post-its e fita adesivas, o grupo multinacional também fornece consultoria direta para empresas com o objetivo de desenhar as melhores soluções de embalagem e rastreabilidade para cada produto. O consultor da 3M vai ao cliente e busca compreender todo o ciclo de produção dos produtos. Então, ele pode oferecer uma solução de embalagem com o melhor custo-benefício para a empresa contratante. 

Coupled Open Innovation ou inovação aberta mista

Quando mais de uma empresa, cooperativa ou serviço público enfrentam um mesmo problema, a solução pode ser ainda mais ampla e gerar a Coupled Open Innovation. Vou explicar esse modelo a partir de case que serve para exemplos de inovação aberta:

  • A linha de produção de uma cooperativa de leite está no limite, enquanto o mercado demanda por mais leite;
  • Em trocas de ideias com duas cooperativas concorrentes da mesma região, os gerentes de negócios percebem a mesma dificuldade;
  • Em um movimento de co-criação, as três cooperativas resolvem dividir o investimento em uma nova unidade para, além de serem concorrentes, se tornarem parceiras;
  • As três cooperativas criam uma nova marca de leite e contratam uma única fornecedora de caixas de leite;
  • Por fim, a fornecedora analisa a caixa necessário para o tipo de leite a ser embalado. Ela fornece a melhor solução de caixinhas, dividindo os custos de caixinhas entre as cooperativas.

Perceba que, neste exemplo, as cooperativas abriram as portas umas às outras e tiveram como resultado um dos tipos de inovação aberta nos processos: a Coupled Open Innovation, que traz uma solução integrada aos grupos. Já a fornecedora de caixas de leite, ao entender a necessidade e criar a solução, atuou no formato de Outbound Open Innovation.

Uma história pessoal

Essa união de esforços para Coupled Open Innovation, contudo, não precisa ser necessariamente oferecida por grupos de um mesmo segmento de atuação. Há alguns anos, eu trabalhei em uma empresa química. Em um projeto para a Sabesp, tínhamos como meta minimizar o cheiro de esgoto na Orla de Santos a partir do uso de produtos químicos. O problema é que, em dias de calor intenso, o esgoto emana gases que amplificam o mau odor.

Como não éramos especialistas em análise de gases, contratamos uma consultoria para avaliar a dosagem de produtos que deveria ser aplicada na Orla. O resultado dessa parceria foi a criação de uma solução conjunta de análise de dados. Assim que o nível de gases chegava a determinado nível, automaticamente era acionado um mecanismo (de bombas dosadoras) para que fosse despejado o nível adequado do produto químico.  

O resultado dessa parceria foi a co-criação de um produto chamado Odorcap, que monitora em tempo real as concentrações de gás sulfídrico na atmosfera acima de esgotos sanitários ou de locais de despejo de líquidos de indústrias, os chamados efluentes industriais. Assim, o cliente pode verificar quando há necessidade de aplicação de químicos de combate ao mal cheiro.

Resultado final dessa forma de trabalho

Perceba que aqui temos os três tipos inovação aberta nos processos em um único exemplo:

  • A Sabesp abriu sua necessidade para a contratação da equipe que eu fazia parte, recebendo a Inbound Open Innovation;
  • Além disso, a empresa em que eu estava avaliou e percebeu o problema do cliente, criando uma nova solução, praticando o Outbound Open Innovation;
  • Uma empresa se uniu à outra, criando um novo produto, ou seja, realizou uma co-criação de Coupled Open Innovation.

Por fim, espero que esses exemplos de inovação aberta nos processos tenham esclarecido muitas de suas dúvidas. Afinal, nós da Haze Shift estamos disponíveis para ajudar novos e atuais clientes a implementar esses processos. Além disso, deixo aqui um convite: entre em contato para marcarmos uma call ou deixe um comentário. Até o próximo artigo.    

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Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

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