Você já parou para pensar quais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, os famosos ODS, estão mais conectados? E quais são mais aderentes à sua empresa? Aqui no blog da Haze Shit, nós estamos fazendo uma série de artigos que pode ajudar sua estratégia de sustentabilidade e inovação. Inclusive, o ODS 9 se chama justamente: Inovação, Indústria e Infraestrutura.

Direto ao ponto: saiba mais sobre cada ODS abordada neste texto
 
ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura
ODS 12: Consumo e Produção Responsáveis
ODS 8: Trabalho Decente e Crescimento Econômico
ODS 5: Igualdade de Gênero
ODS 16: Paz, Justiça e Instituições Eficazes

Como destaca a Agenda 2030 da ONU, investimentos em infraestrutura e em inovação são condições básicas para o crescimento econômico. Nós da Haze Shift concordamos. E aqui existe uma grande oportunidade de colocar a inovação aberta em prática para fazer esses investimentos.

Uma das rotas de inovação aberta é a engenharia colaborativa (veja aqui a rota número 5), utilizada principalmente nas indústrias, que une dois ou mais parceiros em processos de design, engenharia e produção, sendo realizado por equipes multidisciplinares e integradas.Eu diria que essa é uma forma inclusive de não pagar a conta sozinho, pois pode otimizar compras e até mesmo unir marcas concorrentes. Por exemplo, uma das unidades industriais do Complexo Ayrton Senna, fundado em 1998, na região de Curitiba, focada em injeção de alumínio, foi construída a partir de uma aliança entre marcas concorrentes, pelo consórcio Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, criado em 1999.

Um exemplo de cooperação mútua

Contudo, quando falamos em indústria existe algo além da produção física. Existe o fornecimento de serviços, como a indústria de software. E como a Agenda 2030 da ONU valoriza muito as conexões nas comunidades locais, como elemento gerador de renda e de desenvolvimento, novamente a inovação aberta se mostra como um motor para o sucesso de organizações de diferentes portes.

Algumas ações podem provocar essa aproximação, gerando valor para uma ampla cadeia de negócios. Este é o caso de instituições financeiras que podem conectar clientes pessoa jurídica de fornecedores locais de tecnologia, por meio de eventos e oficinas. Vamos deixar esse exemplo mais claro?

Em um projeto recente, nós da Haze Shift fomos indicados para atendermos a uma demanda de uma cooperativa de crédito no sudoeste do Paraná. A instituição financeira queria reforçar seu relacionamento com cooperados PJ com uma ação diferenciada. Nós ficamos responsáveis por orquestrar o planejamento e execução, e sugerimos um workshop aos moldes de IdeaLab, ou seja, um laboratório de ideias.

Como a carteira de empresas cooperados naquela região envolve setores como Logística e Alimentação, em nossa experiência com projetos de inovação e transformação digital, sabemos que há uma busca constante pela melhoria de processos e atualização de soluções tecnológicas. Pesando nisso, convidamos startups e companhias tecnológicas locais para cocriar soluções para essas empresas. Com a ajuda dos gerentes das contas PJ, houve ampla conexão entre os fornecedores de tecnologia e as empresas cooperadas.

E olha só que interessante: quando uma instituição financeira aproxima seus clientes de fornecedores de tecnologia, isso pode resultar até mesmo na tomada de empréstimos e financiamentos para novos projetos. É um círculo completo de inovação!

A economia circular e o ODS 12: Consumo e Produção Responsável

Por falar em círculo de inovação, um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU é Consumo e Produção Responsáveis, que está conectado ao conceito de economia circular: os recursos são reutilizados, ou seja, não são explorados e descartados como acontece dentro da lógica de economia linear. Isso ocorre com um novo ciclo de reaproveitamento.

Como descreve a ONU, isso é indispensável pela redução da pegada ecológica sobre o meio ambiente. E aqui novamente a inovação aberta pode ajudar, com a união de forças. Afinal, o que é lixo para uma companhia pode gerar faturamento para outra. E, consequentemente,reduz o impacto ambiental, estimula a geração de empregos e certamente, gera receita..

Fonte: Site Ideia Circular

Três níveis de reciclagem

Vejamos alguns exemplos fáceis de entender. Classicamente, a reciclagem é o nome dado à reutilização de materiais. Mas existem três níveis de reaproveitamento na economia circular:

  • Upcycling: resíduos se tornam matéria prima para algo de maior valor do que o original. Quando uma empresa faz uso de objetos em seus processos do dia a dia, mas não os vende, como pallets de madeira, o objeto pode gerar valor para outra empresa quando for para descarte. Veremos um bom exemplo a seguir.
  • Downcycling: aqui a matéria prima perde parte de seu valor original, mas ainda assim pode gerar novos produtos. Um exemplo clássico é o papel branco que pode virar itens como papel cartão e papel higiênico. Mais dois exemplos: o uso de fibras de plástico para fazer roupas e pneus triturados para a construção de asfaltos.
  • Recycling: aqui a continuidade é indefinida, e o produto original preserva a capacidade de gerar outros idênticos. É o caso de latas de alumínio ou do reaproveitamento de garrafas de vidro retornáveis.

Se você me permite uma dica, eu recomendo a empresas de todos os portes buscarem hubs e laboratórios de inovação, que são um ótimo meio para fortalecer o ecossistema de inovação corporativa a partir da economia circular.

Um case interessante

Dentre esses três níveis, talvez você esteja em dúvida quanto a upcycling. Por isso, quero mostrar um bom exemplo. Pense comigo: na logística industrial e de entregas, o uso de pallets é praticamente uma unanimidade, certo? Mas ele desgasta e tem um ciclo de vida. Quando não presta mais, o que as empresas fazem? Muitas descartam. A mesma coisa ocorre quando containers de carga chegam ao Brasil. 

Um casal de empresários, contudo, enxergou nisso uma oportunidade. O de ir atrás desses pallets para criar móveis e itens de decoração. Surgiu, assim, o Casa com Pallet, mostrando que o lixo de empresas e portos pode virar renda. Conheça este case mercado.
 

Chegamos ao ODS 8: Trabalho Decente Crescimento Econômico

Perceba o seguinte: tanto o case dos pallets quanto o da Cresol geram trabalho decente e crescimento econômico para suas respectivas comunidades.

No caso dos pallets, o empreendedor foi ainda mais além e criou o Eco Consumo, um marketplace de empresas sustentáveis para pequenos empreendedores transformarem resíduos em produtos de alto valor agregado. Já a Cresol, com sua iniciativa, amplia o ecossistema de inovação do Sudoeste paranaense, gerando empregos e renda, e consolidando as empresas da região como fornecedoras de tecnologia. Muito legal, concorda?

Eu, pessoalmente, vejo que isso está totalmente conectado à relação entre inovação e ESG, um acrônimo que virou até mesmo critério para manter investidores, e que significa:

 E – Environmental (Meio Ambiente)

S – Social

G – Governance (Governança).

Leia mais: Qual é a relação entre ESG e inovação e como acelerar a aderência a essas 3 letras

Mas o que tudo isso tem a ver com trabalho decente? Bom, existe toda uma cadeia que faz com que empresas que adotam os princípios ESG funcionem.

Vejamos isso com um exemplo do agronegócio. No setor de celulose, além da indústria que transforma a matéria prima, existe toda uma rede: proprietários rurais que plantam pinus ou eucaliptos, técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos e florestais que dão apoio ao plantio e ao reflorestamento, trabalhadores para corte e para transporte, entre outros. Tudo isso é sinônimo de emprego e desenvolvimento econômico para a região que produz madeira e celulose.

Este exemplo, inclusive, é real. A Klabin é uma das grandes empresas do índice de ESG da B3 e mostra em detalhes como tudo isto funciona por meio deste relatório.

Exemplos assim mostram que é possível, dentro de uma região específica, proporcionar trabalho honesto para além de seus próprios colaboradores. Inclusive, em parceria com órgãos como os do Sistema S (que se voltam ao treinamento profissional e assistência técnica), é possível seguir a rota de inovação aberta de co-learning (rota 6), ou aprendizado colaborativo, ensinando profissões a uma rede ampla de pessoas que podem colaborar com a cadeia local.

ODS 5: em busca da igualdade

Acho que você irá concordar comigo em outro ponto. Essa geração de empregos equilibra a balança de oportunidades de renda nas comunidades, e desencadeia reflexões sobre a inclusão no mercado de trabalho. Inclusive, a ODS 5 da ONU (Igualdade de Gênero) prega justamente esse equilíbrio na balança.

Em um artigo aqui mesmo no Blog da Haze Shift, meu colega e sócio Luiz Fernando Frederico mostrou como a diversidade é capaz de impulsionar a inovação nas empresas. O artigo nos mostra indícios de que essa igualdade leva a melhores resultados. Um desse indícios é levantado pela pesquisa Getting to Equal 2019 da consultoria Accenture, que destaca que empresas com oportunidades iguais para os colaboradores têm mindset de inovação maior comparado àquelas que são mais desiguais em oportunidades.

E para estimular ainda mais a presença feminina, eu vejo que o debate vai ainda mais longe, e vai ao encontro de uma das metas do ODS 5 que é apoio ao empreendedorismo. 

Nesse sentido, existem ações excelentes, como o programa Women Entrepreneurship (WE), que seleciona startups lideradas por mulheres para receberem investimentos do fundo WE Ventures. O programa, aliás, é resultado de uma ampla parceria entre diferentes atores da cadeia de inovação: Microsoft Participações, Sebrae Nacional, Bertha Capital e Belvedere Investimentos. Confira:

Eu destaco aqui também o Instituto Rede Mulher Empreendedora, que já tem mais de 100 mil empreendedoras cadastradas e que, por meio de seu próprio ecossistema de inovação, oferece serviços como ativação de marca, consultoria e parcerias. Vale a pena conhecer: saiba mais aqui.

Tudo isso leva à paz e à justiça: ODS 16

Reflita comigo: ações de inclusão, igualdade de gênero, emprego decente, responsabilidade corporativa e ambiental e inovação, juntas, são um fator que diretamente leva ao fortalecimento da sociedade e suas instituições. De quebra, colaboram com a manutenção da paz e com os direitos humanos. Faz sentido? Para a ONU (e para mim também), com certeza. E é por isso que o ODS 16 se chama Paz, Justiça e Instituições Eficazes.

Mas nós podemos fazer muito mais para colaborar com essa parte da Agenda 2030, não podemos? Por exemplo, o acesso à Justiça e a proteção das liberdades fundamentais são duas das metas mencionadas pelo ODS 16. Como exemplo disso, aqui no Brasil, entra em vigor em 2021 a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), onde as organizações precisam se adequar para manter a privacidade de pessoas físicas e jurídicas cadastradas ou que fizeram negócios.

Mas como podemos ajudar essas empresas nessa adequação? Novamente, a resposta passa por ações inovadoras. Em um desafio de inovação aberta chamado Global Legal Hackathon (GLH), uma equipe do Paraná venceu a etapa regional ao criar um software que faz uma varredura em sites e verifica às adequações à nova lei. Muito útil para qualquer companhia.

Outro movimento muito interessante foi promovido pela OAB do Amazonas, Innova Law e SebraeLab, ao promover o Amazônia Legal Hackathon em junho de 2021. A proposta desafiou equipes multidisciplinares a desenvolverem soluções tecnológicas jurídicas alinhadas aos temas dos ODS 3 (Saúde e Bem Estar), 7 (Energia Acessível e Limpa), 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura), 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e 15 (Vida Terrestre). O resultado você assiste aqui:

Eu poderia citar vários outros exemplos. Em nível global, o SDG 16 Innovation Challenge é um desafio de inovação que convida jovens entre 15 e 35 anos a desenvolverem ideias conectadas aos objetivos de estado de direito e o acesso à justiça para todos. Conheça mais aqui.

Apesar de querer falar mais sobre estes casos, chegou a hora de encerrar este texto. Mas não de encerrar o debate. Ficam as perguntas: como você e sua organização enxergam os ODS que citamos neste texto? Sua empresa já percebeu como pode valorizar a marca e fazer negócios a partir de ideias conectadas aos ODS? Estamos aqui disponíveis para conversar sobre isso. Deixe um comentário!

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Consultor em inovação aberta, especialista em design estratégico, com experiências em desenvolver programas e ações criativas para grandes empresas.