O ano era 2015 quando a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a Agenda 2030, assinada por 193 países. O programa inclui uma sigla que, provavelmente, você já ouviu falar e agora deve estar se perguntando: “Mas o que isso tem a ver comigo?” Tem a ver com você e sua empresa, com organizações não-governamentais, órgãos públicos e até com condomínios. E, sim, está totalmente ligada à inovação aberta.

Primeiro, vamos entender o que significa ODS: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Ao todo, são 17 ODS com 169 metas que, a partir de agora, nós da Haze Shift iremos resumir em uma série postagens em nosso blog. Veja um resumo nesta imagem:

Agora você precisa entender por que isso tudo importa. Em primeiro lugar, porque hoje a humanidade consome anualmente 1,7 vezes mais recursos naturais do que consegue repor, de acordo com estudo da Global Footprint Network. Ou seja, temos uma dívida anual de recursos de 70% com o planeta e as gerações futuras. Assusta tanto que parece juros de cartão de crédito daqueles que sabemos que temos de pagar, mas insistimos em ficar empurrando para frente.

Em segundo lugar, porque todos nós fazemos parte deste planeta. Seriam necessários US$ 2,5 trilhões por ano em investimentos para corrigir esse baita problema, conforme o Fórum Econômico Mundial. E alguém tem dinheiro sobrando para pagar essa conta? Não, nem empresas nem governos. Proponho, portanto, a seguinte analogia para que viaje um pouquinho nesta história e entenda sua participação nessa conta:

Quando você é responsável e seus companheiros relapsos

Imagine que você vive em um apartamento com dois colegas. Nesse apartamento, você divide igualmente as contas de água, luz, aluguel, comida e tudo mais.  

Você tem um quarto organizado, usa apenas luz e água necessárias e consome apenas a quantidade de comida que necessita, sem desperdício. Seus colegas, por outro lado, são bagunceiros, deixam a torneira ligada enquanto escovam os dentes, não apagam a luz quando saem dos cômodos e, pior de tudo, comem a comida, mas sempre deixam parte no prato ou mesmo deixam estragar alimentos. Em outras palavras, eles não têm racionalidade sobre o uso de recursos.

Dito isso, quando chega o fim do mês, quem paga a conta? Os três. Para piorar, o condomínio vive reclamando do barulho e da bagunça no apartamento. Seus vizinhos sabem que você é gente boa, mas seus colegas não são. Isso impacta, claro, nas relações do dia a dia e na sua imagem; enfim no seu convívio interno no apartamento e com o condomínio. 

Percebeu a metáfora? Imagine agora que o condomínio é o nosso planeta, você é uma empresa assim como seus colegas e seu apartamento é o seu país com os seus recursos disponíveis. Você é um exemplo, mas as outras empresas não, seu país é mal visto pelo mundo. 

O que fazer com meus colegas?

Você, como empresa, precisa se conscientizar e fazer um esforço extra para incluir os ODS na sua estratégia e do ramo que você faz parte – o que inclui as outras empresas. Entenda: empresas organizadas e parceiras (ou vizinhos colaborativos) colaboram com a saúde e bem-estar de todos (veja na imagem acima o ODS 3), auxiliam no consumo e produção responsáveis (ODS 12), criam comunidades sustentáveis (ODS 11). E olha que esses são apenas três exemplos.

Vamos trazer esse pensamento para uma escala ainda maior? Empresas justas e responsáveis colaboram para a redução das desigualdades (ODS 10), para a erradicação da pobreza (ODS 1), para a igualdade (ODS 5) e são motores do desenvolvimento da indústria, da inovação e da infraestrutura (ODS 9). Não importa o porte das empresas, todas precisam ter essa consciência.

O que inovação aberta tem a ver com ODS e empresas

Perceba que a conexão entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável influencia diretamente na capacidade de investimentos das empresas, pois colaboram com a economia de recursos, que pode ser convertida no acesso a novas tecnologias, que impulsionam metas estratégicas, como a transformação digital. Particularmente, eu vejo que o ODS 9 está amplamente conectado ao ODS 17, que trata de parcerias e meios de implementação. Este último, aliás, é inovação aberta pura!

Leia também: O que é inovação aberta, um conceito para sua empresa concorrer com gigantes

Acima de tudo, a inovação aberta é um meio pelo qual organizações podem dividir as contas de menor custo e impacto. E quando falamos em parcerias, a dica é, ao invés de fazer sozinho, faça junto, isto é: traga para sua organização pessoas que podem ajudar, busque startups, universidades, parceiros de negócios e também concorrentes para que todos cresçam juntos de forma sustentável.

E quando o tema é sustentabilidade, vale lembrar: estamos falando sobre os pilares econômico, social e ambiental. Assim, você traz o conceito de economia circular à prática, onde pregamos o uso de recursos dentro de uma lógica linear, com  o incentivo ao uso, por exemplo, de energia limpa e renovável e de incentivo à  diversidade para reduzir desigualdades.

Inclusive, ao atuar com essa mentalidade, você será melhor visto pelo seu condomínio, digo, pelo planeta, pela sua comunidade, por seus clientes e pelo mercado. As empresas, aliás, podem até mesmo ser referendadas por isso em listas ESG, sigla para Environmental, Social and Governance, que em português significa o uso de esforços e eficiência para o Meio Ambiente (Environmental), para o lado Social e para a Governança (Governance) ética, transparente e responsável. Como mostrei neste outro artigo, isso é um motor de atração de investimentos.  

Leia também: Qual é a relação entre ESG e inovação e como acelerar a aderência a essas 3 letras

Um case para você se convencer sobre ODS e empresas

Grandes empresas podem ser signatárias da Agenda 2030 (veja detalhes nesta reportagem). Nós tivemos uma dessas empresas como nosso cliente, uma companhia do setor de biotecnologia, a Novozymes América Latina, que redefiniu a atuação da empresa em termos de ODS. Nesse sentido, nós da Haze Shift fomos chamados para propor um novo olhar aos colaboradores para inovar na aplicação dos ODS em um projeto voltado para educação, que já existia.

A partir de um encontro de co-criação com o cliente, buscamos parcerias para, a partir da inovação aberta, levar educação sobre os temas água, meio ambiente e higiene às escolas. 

Em conjunto, nosso cliente, um grupo educacional e uma universidade ensinaram jovens a fabricar produtos de higiene naturais, como sabonetes e protetores labiais, e alguns chegaram a vendê-los, para a comunidade local, a partir de elementos como mel, óleo de coco e café. Assim, de quebra, incentivamos a economia sustentável para crianças.

O projeto virou até reportagem na TV Globo do Paraná, confira neste link

Este é apenas um exemplo de como todos – de indivíduos a empresas – podem ajudar. E quando falamos em empresas, o desafio é ainda maior, pois se pelo menos a maioria das empresas se engajarem em ações sistêmicas e coordenadas a dívida da humanidade com o planeta será, pouco a pouco, mitigada. E o resultado não virá apenas para as gerações futuras: os frutos serão colhidos em poucos anos, inclusive com a atração de investidores que apostam em empresas socialmente responsáveis. 

E você, também quer fazer sua empresa cumprir as metas dos ODS? Nós da Haze Shift podemos ajudar com um projeto sob medida, com propostas de inovação aberta, cultura da inovação, design estratégico e transformação digital. Quem sabe sua organização se transformará na mais nova signatária da ONU.   

P.S: fique ligado que em breve iremos destrinchar a fundo, aqui mesmo neste Blog, cada um dos ODS.

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Consultor em inovação aberta, especialista em design estratégico, com experiências em desenvolver programas e ações criativas para grandes empresas.