Já parou para pensar no quão importante são mentorias em certos programas corporativos? Mentores em programas de inovação aberta, por exemplo, são fundamentais. Afinal, a mentoria é um processo em que uma pessoa com forte experiência busca passar seus conhecimentos a uma pessoa ou a uma equipe.

Nesse sentido, um mentor é uma pessoa que se dispõe a ajudar outra a caminhar de forma mais confiante e assertiva. É como um mestre que ensina seu discípulo, muitas vezes mais pela bagagem de vida (experiência) do que por títulos e diplomas. A mentoria busca trazer experiência prática e ajuda a planejar e executar a estratégia. 

Um bom mentor vai além de ouvir, opinar e sugerir ações. Ele quer entender o contexto e, com sinceridade, se fazer presente porque acredita no legado que deixa para o mundo ao compartilhar sua experiência, seja em programas de pré-aceleração e aceleração, hackathons, ideathons, entre outros desafios de inovação aberta.

Assim nasce a mais poderosa relação entre mentor e empreendedor. Aquela em que ambos se conectam e passam a compartilhar entre si, tornando-se mentores um do outro. Afinal de contas, todos estamos aprendendo o tempo todo.

É por isso que ser mentor vai além de compartilhar seu conhecimento. Ele também tem a chance de se atualizar, desenvolver novas competências e aprender a compartilhar o que você tem de sobra: experiência. 

Diversidade e alinhamento de mentorias

Como você pode ver, ser mentor faz parte de um aprendizado mútuo. Mas, acima de tudo, nós da Haze Shift apostamos que os melhores programas de inovação são aqueles que têm mentores de diferentes perfis, ou seja, diferentes perfis. Afinal, independente do programa, mentores são pessoas que circulam em mais de uma equipe ou startups. E essas equipes precisam contar com a diversidade nas mentorias para agregarem diferentes conhecimentos.

Essa diversidade de mentores durante a trilha evolutiva do programa de inovação é fundamental. Porque o papel do mentor é trazer perguntas poderosas, feedbacks honestos. Nesse sentido, quanto mais distinção de experiências, mindsets e pensamentos, mais informações as equipes e empresas incubadas, por exemplo, terão ao seu dispor para direcionarem seus projetos. É uma forma de agregar novos conhecimentos.

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Como consultor desse tipo de programas já há alguns anos, eu observo que também é importante que os mentores mantenham contato próximo, e troquem informações. Afinal, ainda que eles tragam novos conhecimentos às equipes, a função não é ditar o rumo de um projeto: é auxiliar a equipe a encontrar seu próprio caminho.

Dessa forma, se houver discordância de um rumo apresentado por um mentor que auxiliou a equipe na semana ou período anterior, por exemplo, isso precisa ser mostrado como um caminho alternativo, e não um único. Afinal, divergências são naturais e os mentores devem, na medida do possível, mostrar possíveis riscos e percalços que as equipes terão ao seguir determinados caminhos.

Perfis de mentores de programas de inovação aberta

Nós da Haze Shift temos a expertise em planejar e conduzir programas de inovação aberta. Dentro desse processo, que envolve várias frentes, está a atribuição em selecionar, treinar e acompanhar mentorias. Isso faz parte de nossa rotina e, em nossa metodologia para o desenvolvimento de programas para pré-aceleração, aceleração e desafios de inovação aberta, chegamos a alguns perfis importantes para esses programas.

Em primeiro lugar, uma experiência essencial para todos os casos é conhecimento sobre empreendedorismo. Isso é necessário porque mentores de programas de inovação, em geral, orientam equipes que buscam soluções para problemas e, em grande parte dos casos, estão ajudando no nascimento de novas startups.

No caso de programas internos, o intraempreendedorismo também pode gerar spin-offs, por exemplo, que faz parte da rota 6 de inovação aberta citada neste artigo escrito pelo meu sócio Marcos Daniel.

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Então, vamos ver se seu projeto ou mesmo se você tem o que é preciso para mentorar?

Se você busca saber como ser mentor de hackathons ou outros programas de inovação ou quer saber o que é necessário para seu programa de inovação dar certo, selecionamos aqui três perfis de mentores de programas de inovação:

  • Expert técnico: Mentor que entende muito tecnicamente do seu assunto, área ou formação. O importante aqui é o domínio da técnica, assim como da sua indústria de atuação.
  • Expert em negócios: Mentor que já teve uma empresa ou fez um grande negócio se estabelecer. O importante aqui é saber como se faz um negócio nascer e crescer no mercado.
  • Expert em relações da vida: Mais que um mentor, é quase um guru. São aquelas pessoas que recorremos quando estamos em crise pessoal ou profissional. O importante aqui é a capacidade de fazer perguntas que estimulem a reflexão.

Como ser mentor de hackathons e programas de aceleração

Se aqui no Brasil o boom dos programas de inovação ainda é algo relativamente novo, nos Estados Unidos essa expansão já tem algumas décadas. Tanto que, em 2011, o especialista em inovação David Cohen lançou o manifesto The Mentor Manifesto, em português: O Manifesto do Mentor.

Após alguns anos tendo contato com centenas de mentores de diferentes tipos, de empreendedores a investidores, em parceria com os consultores e empreendedores Jon Bradford e Brad Feld, ambos da Techstars, uma das mais importantes aceleradoras de startups do planeta, Cohen resolveu responder a algumas perguntas como:

  • O que significa ser um grande mentor?
  • Quais comportamentos são esperados de uma grande mentoria?

Com vocês, o Manifesto do Mentor

No Manifesto do Mentor, David Cohen incentiva o que mentores devem considerar e o que empreendedores devem tentar extrair de seus mentores. Confira nesta adaptação preparada por nós da Haze Shift: 

  • Seja Socrático: Guie o mentorado usando mais perguntas do que respostas. Faça-os refletir, que eles mesmo cheguem às conclusões.
  • Não espere nada em troca: Mentoria é uma chance de devolver para a sociedade aquilo que você aprendeu como profissional e ajudar um novo empreendedor.
  • Seja autêntico: Sua experiência vem de quem você é, com o que tem de pontos fortes e fracos, isso te define e ajudará o mentorado a te compreender melhor.
  • Ouça mais e fale menos: Aprender a ouvir é essencial na mentoria, ouça mais, evite interromper o mentorado toda hora ou contando longas histórias.
  • Faça da mentoria uma via de mão-dupla: O mentor pode ter experiência mas não sabe tudo. A mentoria é um momento de crescimento e aprendizado para ambos.
  • Adote ao menos uma startup nova todo ano: A cada novo mentorado, mais experiência irá ganhar para compartilhar sua experiência de forma objetiva.
  • Separe opiniões e fatos: Histórias são diferentes de fatos, lembre-se disso e deixe claro quando estiver falando de um ou outra.
  • Mantenha as informações confidenciais: Ideias podem valer pouco comparado a execução, mas confiança é essencial na mentoria, respeite isso.
  • Posicione-se claramente como mentor: Ser mentor é compartilhar sua experiência e ajudar, então mostre que tem algo a entregar para o mentorado.
  • Saiba o que você não sabe: Quando não souber sobre um assunto está tudo bem, o importante é que o mentorado entenda que mentor não sabe tudo. 
  • Guie, mas não controle: Dê sua opinião, mostre que entende daquele mercado ou tecnologia, mas a decisão final é do mentorado.
  • Comunique-se com os outros mentores: Aproveite a experiência de outros mentores, todos estão atuando com o mesmo objetivo e tem seus desafios.
  • Seja otimista: Toda ideia tem um valor, mesmo que tenha vários pontos fracos, então é importante manter o otimismo na relação e nas conversas.
  • Forneça dicas práticas: Opine, compartilhe, mas ajude o mentorado com o que você já passou e como resolveu, isso vale ouro.
  • Seja desafiador, mas nunca destrutivo: Desafie o mentorado, mostre que ele pode ir além, mas não destrua as ideias porque não concorda.
  • Tenha empatia: O mentorado está num processo de aprendizado, então pode estar se sentindo inseguro, entenda isso durante os momentos que estiverem conversando.

Durante a mentoria…


Agora que você já conhece o Manifesto do Mentor, é hora de colocar a mão na massa. É importante que, neste momento, para colocar o aprendizado em prática, os mentores tenham em mente os seguintes pontos: 

Pratique a escuta ativa: é preciso dar atenção à equipe e escutar atentamente. Nada de usar o celular e fazer duas coisas ao mesmo tempo. O mentor deve aproveitar que essa é uma ferramenta para exercitar a concentração e o foco. 
Perguntas poderosas
: ao praticar a escuta ativa, o mentor fica embasado dos planos da equipe. Ele deve refletir sobre riscos e possíveis falhas no projeto e, respeitosamente, fazer perguntas abertas e reflexivas. Uma boa prática é começar as perguntas com: Como, Qual, O quê, Onde e Quem. 

Feedback honesto: a sinceridade deve fazer parte de todo o processo de mentoria. Isso significa ser claro e ao mesmo tempo gentil, significa também dizer apenas o que precisa ser dito demonstrando empatia.

Mentorias de programas apoiadas pelo design estratégico

Além de tudo isso, todo mentor que trabalha com programas de pré-aceleração e aceleração precisa conhecer sobre as etapas do design estratégico. Vale lembrar aqui quais são elas: 

É importante que o mentor questione cada uma dessas etapas no tempo correto. Independente do objetivo do programa em que ele está mentorando, toda ideia deve surgir de um problema a ser validado.

Pessoalmente, posso citar como exemplos diversos programas. Já coordenei programas como Inova-san, da Nissan, e, mais recentemente, o ABI Academy Hack. No primeiro caso, fizemos a pré-aceleração de startups universitárias do Sul Fluminense nos temas: meio ambiente, mobilidade inteligente e saúde.

Fica o convite: clique aqui e confira nosso case sobre o Inova-San 2020, em que promovemos a transformação dos desafios de inovação em tempos de pandemia

O gráfico abaixo mostra como, após semanas de mentorias, a pontuação da aderência dos projetos apresentados pelos participantes do Inova-san foi melhorando. Para elaborarmos esse gráfico, fizemos a seguinte pergunta aos mentores: 

Que nota você dá para a aderência dos projetos apresentados no Inova-San em relação ao mercado? 

Já o ABI Academy Hack partiu de uma iniciativa da divisão de tecnologia da Ambev, a Ambev Tech. Ajudamos na organização de um desafio de inovação aberta que busca relacionamento com universidades de todo o Brasil, para a identificação de talentos universitários.

Por meio de nossa plataforma parceira Taikai, os participantes foram desafiados, em ambiente online, a solucionar problemas reais do negócio da Ambev nas áreas de Sistema de Recomendação e Otimização e inteligência artificial. Com quase 250 participantes divididos em 30 equipes, os mentores tiveram um grande desafio. 

Nós da Haze Shift organizamos 60 mentorias e as dividimos entre 15 mentores, que foram selecionados entre especialistas de mercado, parceiros da Haze Shift e colaboradores da própria Ambev, divididos com base nos perfis que descrevemos neste texto. Isso mostra que, quando falamos em grandes projetos, existe um grande desafio encontrar os mentores de programas de inovação aberta.

É por isso que sempre que sua organização quiser elaborar um programa de inovação aberta, é importante contar o parceiro ideal. Nós oferecemos as melhores plataformas, o melhor planejamento estratégico e oferecemos uma trilha completa de onboarding para mentores.

Agora chegou a sua vez. Entre em contato com nosso time, tire suas dúvidas (pode ser aqui mesmo nos comentários) e vamos trocar conhecimentos, assim como fazem bons mentores.

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Designer estratégico, empreendedor, gestor de comunidades e com experiências em programas de pré-aceleração e aceleração. Sempre aberto a novos aprendizados e projetar novas soluções que agreguem valor ao negócio e à sociedade.