O fim ou o começo de ano pode ser o momento certo para virar a chave na mentalidade de sua equipe. Nesses períodos, as áreas comerciais e de negócios costumam buscar novos projetos. Mas pense comigo: ideias inovadoras com potencial de projetos podem partir da sua própria equipe.

Claro que você pode fazer esse estímulo a qualquer tempo, mas o ano novo tem tudo a ver com o momento da virada, do lançamento de metas. É um período em que as pessoas estão mais propensas a mudar, a pensar diferente. E você pode usar isso como um elemento de motivação.

Existem ótimas propostas e exemplos que apresento aqui mesmo neste texto para facilitar esse processo, capaz de promover a cultura de inovação nas organizações. Em primeiro lugar, contudo, é preciso contextualizar uma palavra: cultura.

Para ideias inovadoras, invista em pessoas  

Na minha visão, a cultura organizacional passa pelas crenças e pensamentos que promovem a construção de uma organização. É a maneira como se faz as coisas, é manifestação dos padrões e comportamentos. E é a partir desse conhecimento que iremos provocar uma evolução no mindset.

É por isso que para implementar uma cultura de inovação não basta apenas ter uma área dedicada ao tema ou contratar ferramentas novas. Precisamos olhar para as equipes, ou melhor, para as pessoas. São elas que dão vida à empresa e impulsionam a transformação. São elas que deslocam a cultura vigente para um movimento de transformação. E a partir daí é que geramos inovação.

Afinal, se a inovação parte do comportamento dos colaboradores, primeiro é preciso empoderá-los. Nesse sentido, um bom começo é identificar bloqueios que podem surgir da própria cultura organizacional e da forma como os projetos são conduzidos.

Comece com metodologias ágeis

Você já deve ter percebido em respostas de pesquisas de clima, como as da Great Place to Work, que uma das maiores queixas dos colaboradores de organizações de todos os tipos são que eles não são ouvidos.

Inclusive, isso é algo que podemos identificar na cultura de projetos desde o escopo. Se não existe uma metodologia, e a abertura para o contraditório, de nada adianta ter ferramentas inovadoras. As pessoas vão trabalhar com uma espécie de rédea, executando processos como máquinas.

Aposto que não é isso que você quer para sua equipe, certo? Então, que tal apostar em metodologias ágeis para seus novos projetos?

Leia também: O que é metodologia ágil por que ela faz parte da receita de sucesso em projetos de inovação

Projetos de inovação trabalham constantemente com um ambiente de incertezas. Por isso, muitas vezes, é preciso corrigir rotas, e alguns dos princípios do sucesso é a flexibilidade, a motivação da equipe e um ambiente de confiança mútua, no qual é importante delegar tarefas, o que significa confiar nos colaboradores e, vale reforçar novamente, empoderá-los na tomada de decisões. Isso faz parte da rotina de uma metodologia ágil e inovadora.

Nós da Haze Shift costumamos trabalhar com sprints, por exemplo. Isso significa que em duas a quatro semanas, geralmente, esperamos determinados resultados dentro de um projeto; você pode saber mais sobre o sprints e metodologias ágeis neste artigo publicado pelo meu colega e sócio Marcos Daniel.

Aposte no intraempreendedorismo

Além de metodologias ágeis, outra excelente maneira de dar autonomia e senso de pertencimento (aquela chamada dor de dono) aos colaboradores é o intraempreendedorismo. Já falamos sobre o tema neste artigo do Leo Tostes, também sócio, mas vale retomar um pouco desse conceito que tem tudo para destravar o potencial inovador das equipes.

Intraempreender significa permitir que um ou mais colaboradores cocriem, desenvolvam e toquem projetos dentro da organização. Eles não precisam, necessariamente, serem gerentes de projetos para que você de uma chance para que eles sejam protagonistas e desenvolvam ideias, habilidades, e tentem solucionar dores tanto da empresa quanto de clientes.

Projetos piloto, muitas vezes, se desdobram em projetos maiores graças ao intraempreendedorismo, que pode seguir a trilha de design estratégico, que costumamos valorizar muito por aqui na Haze Shift:

E qual o momento certo para ideias inovadoras?

Eu diria que uma bela janela de oportunidades para apostar no intraempreendedorismo aparece na entressafra de projetos ou em períodos que a equipe tem um volume menor de trabalho (muitas vezes no começo do ano, por exemplo). Também existem empresas que autorizam colaboradores a travar dias da semana para se dedicarem aos projetos que querem (o Google foi um dos pioneiros a fazer isso), trazendo ideias inovadoras.

Entre os vários projetos intraempreendedores que conheci, me deparei com um que me chamou a atenção e que mostra como prever tempo para o intraempreendedorismo potencializa e dá poder aos colaboradores.

Em uma dinâmica dos Inovadores & Inquietos (conheça aqui) da Haze Shift, conhecemos o LAHBS Box da Ambev Tech. É um programa que ensina o colaborador a pensar dentro da caixa (dentro, você leu certo), ou seja, a inovar nas restrições. Fazendo uso de design thinking, a empresa dá um kit ao colaborador com chocolate, post-it, vale café e, especialmente:

  •  Uma trilha de conteúdos que colaborador deve cumprir, explicando seis etapas de inovação;
  • Um vale com um pequeno valor para a pessoa gastar como quiser, desde que seja na execução do projeto;
  • Uma carta assinada pelo CEO para motivar a execução do projeto;
  • Um dia por semana, por oito semanas, para que a pessoa se dedique ao projeto;
  •  Sessões de mentorias com gestores, como com o gerente de inovação.

Confira neste vídeo como funciona:

Reaprenda e pratique a co-criação

Diretor do Centro de Aprendizagem Organizacional do MIT, Peter Senge escreveu no livro A Quinta Disciplina algo marcante sobre a possibilidade de aprendizado e inovação nas empresas:

“As organizações que aprendem são aquelas nas quais as pessoas aprimoram continuamente suas capacidades para criar o futuro que realmente gostariam de ver surgir”

A frase tem a ver com intraempreendorismo, tem a ver com oportunidades e possibilidades. Mas, às vezes, as pessoas precisam parar o que estão fazendo para redirecionar a rota e, então, fazer algo novo. É preciso revisar seus comportamentos individuais (olhar para seu interior) e se abrir ao novo, para depois em equipe inovar através da colaboração. Aqui estou falando sobre a Teoria U de Otto Scharmer.

Entenda o que é a Teoria U e como ela pode dar um novo sentido a projetos de liderança e inovação

Aqui as pessoas têm, inclusive, a oportunidade de cocriar novas soluções. Elas podem trabalhar em parceria para criar algo novo ao redirecionar sua mente à mudança. E isso pode ser feito, por exemplo, por Workshops online e desafios de inovação.

Nós da Haze Shift fizemos isso recentemente em um projeto executado junto a uma das maiores companhias sucroalcooleiras do mundo, a São Martinho. Por lá, nós promovemos o Workshop Indústria 4.0, no qual antes do evento treinamos co-facilitadores da própria empresa para ajudar outros colaboradores participantes do workshop a identificarem fundamentos da Indústria 4.0 na própria companhia, o que será disseminado por meio de projetos que implementem o 4.0 no grupo.

Entenda a necessidade de ideias inovadoras em sua empresa

Se existe algo que grandes, médias e até mesmo pequenas empresas podem aprender com startups é a chamada horizontalidade. Startups têm uma cultura, geralmente, de estímulo ao trabalho criativo justamente por darem oportunidade para a experimentação. Mais do que apostar em tecnologia, elas apostam na redução da burocracia e no protagonismo dos colaboradores.

Mas como fazer isso em sua casa, digo, em sua organização?

Como podemos ver neste texto, existem diversas maneiras de incentivar ideias inovadoras. Como consultor de inovação, eu recomendo que primeiro você faça um diagnóstico, respondendo a algumas perguntas:

  • Seus colaboradores reclamam, ainda que seja em comunicações informais, que não são ouvidos pelos gestores?
  • Existe uma cultura de troca de informações e abertura para conversar com outras áreas ou a organização vivem nos chamados silos corporativos?
  • Vocês já apostaram em um programa de estímulo de ideias, como um desafio de inovação interno?
  • As pessoas têm conhecimento da própria história da organização, ou seja, conhecem o propósito com que a empresa foi criada?

Eu gostaria de ajudar você a responder essas perguntas. Por isso, fico aqui, disposto a conversar e auxiliar na construção de uma nova mentalidade em seus colaboradores. Vamos conversar?  

Escrito por:

+ posts

Designer estratégico, empreendedor, gestor de comunidades e com experiências em programas de pré-aceleração e aceleração. Sempre aberto a novos aprendizados e projetar novas soluções que agreguem valor ao negócio e à sociedade.