Quando falamos em economia, o mais genérico a se pensar são as variáveis que comumente ouvimos nos jornais: inflação, desemprego, juros, produção. 

É claro que esses temas são de extrema importância, mas a economia não é só isso.  Alvin Roth, autor do livro Como funcionam os mercados e laureado Nobel de Economia em 2012 nos apresenta a amplitude de questões que a ciência econômica é capaz de alcançar. 

Nós da Haze Shift entendemos que esse conhecimento é de extrema importância. Tanto que, além deste artigo, nós da Haze Shift gravamos um podcast sobre  o tema. Participaram, além de mim, os colaboradores Luiz Fernando Frederico, Anamaria Oliveira, Rosiane Cruz e o host Luiz Henrique. 

Como funcionam os mercados: resumo 

Não à toa, o livro de Roth fez com que me despertasse o interesse de estudar Economia, e cá estou, ganhando cada vez mais paixão pela área. O objetivo do autor está no título: explicar como funcionam os mercados

Mas o que é um mercado? Bom, a definição é simples. Um mercado se configura como sendo todo ambiente de trocas entre dois agentes econômicos – empresas, famílias, governo, entre outros. Com o tempo, os mercados evoluíram. 

Pense no passado: as trocas eram realizadas a partir do escambo. Para que elas obtivessem sucesso, era necessário uma dupla coincidência: alguém quer algo seu, e você também precisa querer algo desse alguém. O problema de uma economia primitiva como essa é que dificilmente o valor dos instrumentos trocados eram os mesmos. 

Foi a partir de então que surgiu a moeda e o conceito de preços. E os preços são utilizados como mecanismo para regular os mercados, e quase sempre são responsáveis por manter a eficiência dos mesmos. 

Mercados sem preços

Contudo, o que vou dizer agora provavelmente pode surpreender: existem mercados em que os preços não vigoram, e esse é o ponto principal do livro Como funcionam os mercados.

Em alguns mercados, não podemos precificar as coisas. Esses são os chamados mercados de matching, ou matching market. Por exemplo: mercados de transplante de órgãos, mercados de relacionamentos afetivos, aprovação em universidades, por exemplo. 

O exemplo dos transplantes é o que mais chama atenção no livro, na minha opinião, e será o mais tangível para entendermos isso tudo. 

No contexto dos transplantes, existem os demandantes por órgãos. Ou seja, aqueles que estão doentes e precisam realizar o procedimento de troca, e, por outro lado, os ofertantes – as pessoas que estão dispostas a doar. 

Infelizmente, esse mercado opera em desequilíbrio: a demanda é muito maior que a oferta, e uma situação como essa compromete vidas. 

Qual o papel da economia e da inovação nesse cenário? 

Quando os mercados estão em desequilíbrio, a atitude imprescindível é resolver o problema e otimizar as relações de troca. Para isso, os economistas desenham os mercados, ou melhor, estabelecem as regras do jogo, e fomentar a inovação tem papel fundamental nisso, como é o caso da saúde e podemos ouvir no podcast abaixo.

Continue comigo que vamos detalhar melhor o cenário para compreendermos como inovar o modo com que os mercados funcionam é importante. 

No cenário dos transplantes, a incompatibilidade entre doador e paciente/receptor é comum. Pacientes com doadores em potencial, como um familiar ou amigo, estão sujeitos a sofrer com a notícia de que são pares incompatíveis – adentrando em uma extensa lista de espera. 

Antes das ideias inovadoras de Roth, as trocas de doador vivo aconteciam de modo subaproveitado, ou seja, de 1 para 1. O que ele fez para mudar isso foi um trabalho árduo junto a médicos e outros economistas. Começando com um levantamento das bases de dados de pacientes receptores e doadores.

Isso acontece graças à ciência de dados: clique e saiba mais sobre o assunto 

A proposta do economista era um algoritmo para agrupar pares de doador-paciente incompatíveis cujo doador de um par daria certo para outro par e vice versa. E essa ideia evoluiu para trocas de três e mais pares, como ciclos. Até que começaram a fazer correntes. 

No primeiro caso, os ciclos de trocas aconteciam com pares específicos, mas agora correntes de doadores poderiam começar com doadores não direcionados – aquelas pessoas que decidem doar para qualquer que seja o paciente/receptor. Se você está se perguntando qual a diferença, já explico melhor.

Isso significa que há pessoas na fila de espera sem par, mas que ainda precisam de um doador compatível. O que as correntes fazem é incluir essas pessoas. O que antes era um paciente/receptor não direcionado doando para um paciente em lista de espera, agora beneficia mais pessoas.

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Vamos exemplificar. Imagine um doador não direcionado, dois amigos doador-receptor não compatíveis e um paciente/receptor não pareado em lista de espera. O doador funciona para o amigo paciente/receptor, e o paciente em fila de espera pode receber o órgão de outra pessoa. 

Essa dinâmica fez o processo de transplante renal evoluir, e claro, existem detalhes que importam ao desenhar esse mercado. Também foi preciso pensar em incentivos para que os pares forneçam informações verdadeiras, por exemplo, se um paciente/receptor tiver mais de um doador disponível, é melhor que ele forneça essa informação – tornando maior a chance do algoritmo dar match com um par compatível. 

Com toda a estruturação desse desenho de mercado, Roth salvou a vida de milhares de pessoas. Ao ler isso e entender como a economia pode atuar otimizando as relações humanas, eu tive certeza de que queria mergulhar fundo nesse mundo de possibilidades.

Quais as características de um mercado que funciona bem?

Isso mostra que os mercados precisam de inovação em modelos de negócios, algo que nós da Haze Shift somos especialistas. 

E para propor novos modelos de negócios, implementações no processo produtivo e no portfólio, é preciso pensar quais são as características de um mercado que funciona bem. Inclusive, o livro Como funcionam os mercados também contempla essa questão.

Roth admite que para que os mercados sejam bem sucedidos, é preciso que eles sejam densos (com muitos participantes), não congestionados, seguros e simples de usar. Em uma passagem, o economista conta: 

“Fazer com que um mercado seja simples de usar pode não ser nada fácil. Atrás do balcão único da Amazon, por exemplo, existem serviços como armazenamento, transporte, servidores de internet de alta velocidade e formas seguras de pagamento, envolvendo criptografia e arquivamento de números de cartão de crédito, de modo que os clientes fiéis não precisem ter o trabalho de digitar toda vez que voltam para fazer compras. A simplicidade é uma ferramenta competitiva que pode permitir que novas plataformas de mercado tomem o lugar das antigas”. 

Para colocar todas essas características em prática, nada melhor que reunir uma comunidade de inovação e colocar várias mentes pensantes juntas, como promovemos na Haze Shift. 

Por isso, fica a dica: leia aqui mesmo em nosso blog mais sobre a inovação em modelo de negócios, os novos modelos que estão surgindo com tecnologias como blockchain e, se você está aplicando um modelo de negócios inovador, veja aqui como aplicar a governança da inovação
Vamos conversar sobre como seu negócio pode inovar e, seguindo os aprendizados do livro Como funcionam os mercados, romper barreiras e gerar ainda valor à sociedade!

Escrito por:

Ana Clara Del Monte
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Graduanda em economia, ama trabalhar com o acompanhamento da jornada do cliente e, principalmente, negociação, por isso compõe nosso time comercial. Gosta muito de música, cinema e esportes.