Você consegue pensar em um ecossistema de inovação sem startups? Elas se tornaram parte fundamental disso e vem ganhando cada vez mais aporte e mais espaço. 

Em 2015, existiam apenas 4.451 startups mapeadas no Brasil, hoje são mais de 12 mil. Por ano, o crescimento é de 26,75%, segundo dados da Associação Brasileira de Startups.

Esse cenário favorável ao crescimento se deve às várias iniciativas que foram sendo criadas, como coworking, hubs de inovação, parques tecnológicos e outros. 

Outro fator importante para o crescimento e maturidade do mercado de startups no Brasil é o interesse e aporte das grandes corporações. Ao mesmo tempo que elas precisam estar focadas em seu core business, também precisam investir em inovação para não ficarem paradas. Dessa forma, não apenas a inovação incremental para aperfeiçoamento de seu produto ou serviço, mas investir em inovação disruptiva, ou seja, olhar para seu mercado no médio e longo prazo e entender que o comportamento do cliente não será o mesmo de hoje.

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É assim que surge uma Corporate Venture Building (CVB). Vamos juntos analisar o que é e qual é o cenário ideal para que elas aconteçam.  

O que é Corporate Venture Building?  

O Corporate Venture Building é uma forma de aproximar grandes corporações a startups, saindo dos tradicionais programas de aceleração corporativa. Isso viabiliza formas de inovação disruptiva com mais agilidade nos processos, pela característica das startups de sua abertura ao risco ou pelo uso de novas tecnologias.

Neste cenário temos as Venture Builders, que são as corporações que investem em startups utilizando recursos próprios e compartilhando sua estrutura se centro de serviços compartilhados, como Marketing, RH e Financeiro, além de também compartilhar talentos para compor a equipe de inovação. As startups do Corporate Venture Building costumam ser propriedade corporativa, diferente de startups de aceleradoras que boa parte delas são independentes.

Para começar a investir em uma Corporate Venture Building, a empresa também precisa ter a visão de inovação atrelada a seu planejamento estratégico. Existem algumas fases desse processo de inovação onde acreditamos que são momentos que a empresa passa até estar pronta para investir em CBV:

  • Primeiro: Estar aberta a gerar e implementar ideias inovadoras. 
  • Segundo: Relacionar-se com ecossistemas de inovação, desenvolver formas de se relacionar com stakeholders externos, com programas de pré-aceleração, realizar um programa de inovação aberta com universidades, entre outros.
  • Terceiro: Chegar na fase de Venture mesmo, com segurança para construção de riscos e aportes mais robustos a fim de gerar essa diversificação transformacional do portfólio da empresa.

Para chegar nesta terceira fase, a empresa passa por todas as etapas do processo de inovação, ter claro quem são as lideranças e como tudo isso pode ser feito.   

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Cases para se inspirar

Vamos conhecer um exemplo de estratégia de Corporate Venture Building que cresceu muito graças aos novos hábitos de consumo durante a pandemia. 

A Ambev, por exemplo, percebeu a expansão da concorrência e em 2016 buscou formas de inovar em seu relacionamento com distribuidores e clientes. A startup Zé Delivery foi criada com esse propósito e se tornou uma CVB dentro da Ambev. 

Com a necessidade de manter os pontos de venda ativos e aumento de demanda na entrega de bebidas, a Corporate Venture Building cresceu muito e atendeu a demanda do período em que bares e restaurantes ficaram fechados. Apenas no primeiro semestre de 2021, eles realizaram 29 milhões de entregas. Os resultados alcançados em tão pouco tempo a tornaram um negócio cada vez mais independente até chegar a ser uma spin-off.

Outro modelo possível de CVB é quando várias empresas são envolvidas e se tornam acionistas das startups focadas em um nicho de mercado. Conheci esse formato com a FCJ, no projeto Farma Ventures, em que redes de farmácias e investidores buscam startups para solucionar seus desafios internos e também para todo o varejo farmacêutico. Desde 2020, já foram avaliadas 340 startups e atualmente 6 fazem parte do projeto com implementações em andamento. 

Essas são algumas das possibilidades de Corporate Venture Building. Aqui na Haze Shift nós fazemos o hunting de startups, em que conectamos empresas e clientes de acordo com o perfil. Além disso, podemos ajudar a identificar qual é a melhor estratégia para o seu negócio, seja qual for a fase de inovação que sua empresa está trilhando. Vamos conversar

Escrito por:

Rodrigo Medalha - Rodrigo Medalha - Haze Shift
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Designer estratégico, empreendedor, gestor de comunidades e com experiências em programas de pré-aceleração e aceleração. Sempre aberto a novos aprendizados e projetar novas soluções que agreguem valor ao negócio e à sociedade.