Desde 2020, com a pandemia de COVID-19, enquanto algumas tendências tecnológicas, sociais e culturais foram interrompidas, outras se aceleraram. O período expôs de forma extrema que o desempenho econômico depende diretamente da saúde da população; no entanto, os custos da saúde precária e das desigualdades no setor são enormes, impactando nos níveis macroeconômico, microeconômico e individual.
Além das desigualdades em saúde que foram reveladas e exacerbadas pela pandemia, ficou patente que o tema tem impacto imediato para os negócios: as atividades de uma empresa terão impactos na saúde, sejam positivos ou negativos, em três áreas:
Primeiro nos seus colaboradores, depois nos clientes/consumidores e também na comunidade/Sociedade que atua.
Quer uma amostra disso?
Como exemplo de atividades de empresas e corporações que geram impactos negativos nas três áreas, temos a pesquisa do Milken Institute sobre doenças crônicas. Elas têm um impacto total na economia Norte Americana de cerca de US$ 1,3 trilhão anualmente (como comparativo o PIB total do Brasil em 2021 foi de US$ 1,6 trilhão).
Desse valor, US$ 1,1 trilhão representa o custo da perda de produtividade. Vale lembrar que as causas de muitas doenças crônicas estão relacionadas a práticas corporativas não-ecológicas (como poluição, por exemplo).
E dentro desse contexto, trago um ponto importante que devemos falar: a equidade em saúde.
Leia também: Como a inovação nas empresas pode ajudar na erradicação da pobreza, da fome e melhorar saúde e educação
Equidade em saúde significa que cada indivíduo tem a oportunidade de atingir seu pleno potencial em todos os aspectos da saúde e do bem-estar. Infelizmente, hoje, a desigualdade na saúde permeia todas as comunidades, seja entre países, ou dentro dos países, verificamos disparidades significativas em saúde. Um exemplo disso é que a diferença na expectativa de vida entre países com maior e menor PIB chega a 18 anos, segundo dados da ONU.
Além disso, do ponto de vista organizacional, a equidade em saúde também passa por prover aos colaboradores boas condições e as melhores práticas de trabalho para manutenção da saúde e prevenção de doenças.
Nesse sentido, mesmo antes da pandemia ouvimos sobre profissionais de diferentes setores industriais e serviços acometidos com sérias doenças psicoemocionais originadas no ambiente de trabalho. O aumento desse tipo de patologias no ambiente de trabalho está diretamente associado à eficiência do modelo de negócios. Notem que não estou falando de estratégia de marketing ou perfil da gestão, mas sobre o modelo de negócios que norteia como o produto ou serviço é oferecido ao mercado.
Logo, quanto mais tradicional o modelo de negócios, a saúde dos colaboradores também é impactada, e afeta diretamente a eficiência, lucratividade e valor da empresa. Esse é um assunto a ser endereçado a todas as empresas de todos os setores, e se refere ao “G” do ESG, a gestão corporativa.
Vamos entender isso melhor:
A letra G, referente a Governança, não passa apenas pelas melhores práticas para eficiência de produtividade e lucro. Ela busca modelos de negócios inovadores que gerem eficiência e produtividade sem comprometer a saúde de seus colaboradores.
A saúde 4.0 (saúde digital) para melhorar a equidade na saúde
Por outro lado, ao trazer para discussão os impactos positivos da pandemia de Covid-19, a transformação digital e as mudanças de paradigmas (trazendo ao meio serviços de telemedicina e teleconsulta, e entrega ainda mais rápida de medicamentos) melhoram a equidade na prestação de serviços de saúde de forma inquestionável.
A transformação digital está fazendo com que a saúde passe de um modelo secular de negócios reativo (ao adoecer buscar tratamentos) para um modelo de gestão de saúde proativa, ampliando e permitindo o acesso a cuidados de saúde de qualidade para comunidades que sempre foram mal atendidas ou esquecidas.
Dessa forma, o impacto total da saúde digital está em sua capacidade de promover a inclusão entre idade, gênero, raça e preencher lacunas na atenção primária à saúde. Isso impulsiona a produtividade ao liberar os médicos e profissionais de saúde de tarefas repetitivas, ao permitir que eles se concentrem com maior eficiência e agilidade nos cuidados e passem mais tempo com os pacientes, migrando para a medicina personalizada.
Leia mais sobre Saúde 4.0 e 5.0: as barreiras que o Brasil precisa derrubar pela cultura de inovação
Ademais, a transformação digital para saúde 4.0 também expande as fronteiras da pesquisa em novas formas de assistência de saúde e novos modelos de tratamento de saúde. Olhando para um futuro próximo, será a saúde 4.0 que garantirá a prestação de cuidados focados em valor, ou a Saúde Baseada em Valor (Value-based healthcare – VBHC).
Mas do que se trata o que é essa tal saúde baseada em valor, VBHC?
VBHC é o modelo de saúde que busca recompensar prestadores de serviços em saúde e tecnologias capazes de entregar resultados que agreguem valor para o paciente, de forma a otimizar a sustentabilidade na saúde. Assim, a VBHC privilegia a performance e a qualidade dos serviços, valorizando a experiência do paciente.
Por falar em qualidade, a seguir quero compartilhar um exemplo de ESG com a Bayer. De acordo com Fiercepharma, revista especializada no mercado Farmacêutico, a Bayer foi uma das top 10 em 2021 em atividades relacionadas a ESG.
O lado de alimentos e nutrição dos negócios da Bayer distingue a empresa de seus rivais farmacêuticos, e seus esforços e sucessos ESG refletem isso. A missão de sustentabilidade da Bayer “Saúde para Todos, Fome para Ninguém” abrange suas divisões farmacêutica e de produtos de venda livre, bem como seus negócios agrícolas, que foram reforçados pela compra da Monsanto.
Nesse quesito, a Bayer foi reconhecida pelos esforços em sua divisão farmacêutica e de saúde do consumidor. A empresa obteve pontuações altas em direitos humanos e relações com a comunidade, graças a um programa de nutrientes recém-lançados. Sua Nutrient Gap Initiative, administrada pela Bayer Consumer Health, tem como objetivo combater a desnutrição, fornecendo acesso a vitaminas e minerais a 50 milhões de pessoas em comunidades carentes por ano até 2030.
Exemplos como este nos trazem uma certeza: ESG e Saúde não significa apenas seguir a moda. Trata-se de fazer a diferença – para os negócios e para a saúde global. Significa gerar resultados sustentados que impulsionam o valor e o crescimento, ao mesmo tempo em que fortalecem nosso meio ambiente e nossa sociedade.
E para estar à frente nessa mudança de paradigma, é importante contar com parceiros inovadores, como consultorias de Inovação e Transformação Digital, como nós da Haze Shift, capazes de antecipar tendências e executar projetos
Nesse sentido, nós estamos prontos para trabalhar com vocês – economistas, estrategistas, tecnólogos. Combinando a experiência do mundo real com o compromisso de transformar, podemos ajudar a transformar a teoria em ação, transformando Business as usual em novas formas de pensar e fazer. Pessoas e tecnologia trabalhando juntas para encontrar soluções maiores do que hoje. Criando um futuro transparente e mais brilhante para as próximas gerações. Melhorando a saúde com resultados significativos e abrir caminho para tornar a saúde universal uma realidade conforme a agenda 2030 da ONU.
Portanto, se você busca essa conexão entre negócios e tendências inovadoras (como é o caso da Saúde 4.0), vamos conversar. Assim podemos unir soluções de inovação com os princípios ESG, fazendo a diferença para a sociedade.
Escrito por:
Robert Frederic Woolley
Robert Frederic Woolley é consultor associado da Haze Shift, bacharel em Ciências Farmacêuticas, mestre em Administração de negócios e agente de propriedade Intelectual. Realiza trabalhos sobre inovação em modelos de negócios com foco na auto-disrupção,desenvolvimento de mercado e novas tecnologias.
Excepcional visão do impacto da agenda ESG na saúde e na qualidade de vida. A temática não pode mesmo ser tratada de forma simplista. Sua complexidade precisa ser analisada e as ações assumidas pelos atores do cenário de acordo com seu contexto.