Você já reparou que existem no mundo pessoas inquietas que acabaram fazendo a diferença para a humanidade? Eles gostam de mudanças e incertezas, preferem arriscar, conseguem abstrair e desapegar do modelo vigente para pensar em novos formatos.

Aqui vou pedir licença para os, digamos, mais tradicionalistas (já que existem quietos inquietos, como explicarei na sequência!), e me concentrar no tema principal dessa conversa. Como diria meu colega e sócio Marcos Daniel, inquietos são pessoas capazes de hackear a cultura das empresas. Ou seja, são profissionais inovadores que mergulham na identificação de problemas, de oportunidades e têm a capacidade de enxergar soluções. Mas, afinal, quem são esses caras?   

Como um inquieto pode fazer a diferença 

Tenho trabalhado e me conectado com muitos inquietos. Com eles percebo um padrão de comportamento que gostaria de compartilhar aqui:

  • Eles têm espírito empreendedor, seja proprietário ou colaborador de uma empresa. Pessoas que não se cansam de pensar e fazer diferente seja nas suas ideias, negócios ou na empresa em que trabalha.
  • São pessoas que acompanham as movimentações dos seus mercados, e a partir delas enxergam oportunidades de implementar mudanças ou mesmo revolucionar a cultura da empresa (ou de sua rotina de trabalho) para mantê-la atualizada e inovadora.
  • Não se limitam em ser de uma área ou outra, têm interesses múltiplos e são abertos a aprender sobre qualquer coisa.
  • São criativos de maneira intrínseca, motivam-se de dentro para fora a realizar suas criações.
  • São questionadores e curiosos por natureza, não tem medo de colocar tudo em perspectiva e se auto criticar.
  • Percebem padrões e conexões entre pessoas, lugares, hábitos ou dados. Procuram um significado nestes padrões para questioná-lo e propor mudanças.

Com tantas características, fica claro: essas pessoas inquietas geralmente dão o pontapé inicial no processo de inovação, seja como empreendedores de seu próprio negócio – e daí temos uma infinidade de cases de pessoas que transformaram o mundo, a sociedade ou mesmo apenas o seu bairro – e temos os intraempreendedores, que podemos definir como aqueles com a capacidade de gerar negócios dentro de um negócio ou, pelo menos, melhorar o negócio a partir de uma nova visão. 

Neste artigo, não vamos nos alongar no tema de empreendedorismo, pois já falamos sobre cultura empreendedora, educação empreendedora e conhecemos uma enormidade de cases de sucesso de empreendedores de todos os tamanhos. O que queremos é mostrar como esse espírito pode nos mover para novos patamares dentro e fora de organizações.

Intraempreendedorismo, o que é?

Vejamos como é possível na prática tornar o empreendedorismo corporativo viável, segundo o prof. Gifford Pinchot III, autor que popularizou o termo intraempreendedorismo. Confira: 

“Um patrocinador administrativo ou um pequeno número de patrocinadores constroem um relacionamento próximo com o intraempreendedor e a equipe e decidem confiar neles. Eles protegem os intraempreendedores e os ajudam a navegar no sistema de aprovação corporativa. Eles apoiam a capacidade da equipe de tomar decisões rápidas e redesenhar enquanto experimenta e aprende. Eles apostam na equipe que sabe que a ideia vai trazer mudanças.”

Pinchot também apresenta neste link os 10 mandamentos do intraempreendedorismo, em que destaca conselhos, desde encontrar pessoas que podem ajudar no seu time até ser realista sobre seus objetivos. 

Nesse sentido, vou dar um exemplo prático: o Gmail, que é um produto do Google. Seu principal desenvolvedor foi Paul Buchheit. A ferramenta, a princípio, seria apenas para funcionários da gigante de tecnologia. Mas ele enxergou a possibilidade de levar o produto (gratuitamente) aos usuários do Google, com um grande diferencial em relação a outros e-mails, como Yahoo e Hotmail: alta capacidade de armazenamento. 

Certamente Buchheit – como um bom intraempreendedor – enxergou esse diferencial como uma meta realista para uma empresa como o Google e, como aconselha Pinchot, foi atrás de parceiros que poderiam apoiá-lo no objetivo. 

Perceba: à medida em que Buchheit recebeu o apoio da companhia para oferecer um novo produto aos usuários do Google, o Gmail revolucionou o universo de e-mails gratuitos. Tudo isso graças à mente do que nós da Haze Shift chamamos de um inovador inquieto. Paul Buchheit é alguém que hackeou a capacidade de distribuição tecnológica do Google para colocar em prática um projeto de intraempreendedorismo. 

Inquietos como agentes da mudança

Eu costumo dizer: “Não existe inovação sem inovadores e não existem inovadores sem mentes inquietas”. E uma vez que a inovação se torna questão de sobrevivência para qualquer empresa, um inquieto hoje vale muito! Você se identifica com o que dissemos até aqui? Então eu sugiro que você leia este manifesto que eu escrevi em parceria com nossa comunidade de inquietos para entender como um inquieto pode fazer a diferença. 

Ademais, eu me lembro que, antigamente, ser identificado como alguém com espírito empreendedor dentro de uma empresa não era algo tão popular. Gestores poderiam ver essa pessoa como alguém que queria mudar tudo ou criar seu próprio negócio, tornando-se um concorrente. Um inquieto chegava a ser visto como uma ameaça, um concorrente em potencial. Mas – ainda bem – isso mudou.

Hoje entende-se que se o inquieto intraempreendedor está enxergando oportunidades de empreender é porque encontra motivação e propósito dentro da própria empresa. Como resultado, pode surgir um novo ramo de atuação do negócio, uma spin-off

Além do Gmail, eu me lembro de outro exemplo de um inquieto que trabalhava na Sony, e observou a oportunidade de entrar adaptar uma placa de vídeo e levar a empresa a entrar no mercado de jogos. Mesmo com receio dos investidores, a iniciativa foi implantada e então surgiu a marca Playstation. Você já pensou que pode ter um inquieto desses dentro de sua empresa que ainda não recebeu uma chance?

Identificando inovadores inquietos quietos

Também precisamos deixar claro que existem inquietos mais introspectivos. E é por isso que é fundamental olhar para os perfis que você possui dentro das suas equipes e valorizar a diversidade. Muitas vezes, o que um inquieto precisa é se sentir seguro para fazer acontecer. Tem gente que se expressa bem de forma oral, verbal, enquanto outros simplesmente transformam as coisas à sua volta. 

Leia também: Abrace a diversidade para impulsionar a inovação

Meu conselho para atingir esse nível de mudança cultural na empresa: descomplique e estimule a realização de projetos com uma equipe de pessoas diferentes. É provável que as ideias não surjam em uma reunião formal, com um planejamento e um organograma que sequer o CEO é capaz de explicar. E é para isso que existe, por exemplo, o design estratégico e o desing thinking, que eu te convido a conhecer neste link. E olha que esse é um só um meio de estimular a criatividade e a inovação nas empresas. 

Com a palavra: Inovadores e Inquietos

Nós da Haze Shift, que temos a inovação aberta em nosso DNA, tivemos uma ideia para ampliar a cadeia de inovação. Nossa proposta foi  reunir por meio de conteúdo colaborativo todos os tipos de Inovadores e Inquietos. Nós formamos uma comunidade que preza pelo comportamento inovador, criativo, e claro, inquieto. 

Nesse sentido, fazem parte de nossa comunidade colaboradores de grandes empresas, profissionais recém-formados e em meados de carreira, empreendedores e todo o tipo de pessoa que busca expor novas ideias, ou seja, inovar. Tem muito conteúdo bom por lá, sugiro uma visita. Clique aqui para acessar e saber mais

E para colaborar com a nossa reflexão aqui, pedi para alguns profissionais trazerem seu olhar do que é ser um inquieto dentro de uma organização. Confira dois depoimentos: 

“Em empresas como a 3M, que têm uma forte cultura de inovação, ser inquieto é um atributo muito bem-vindo. Nas empresas onde existe uma pseudocultura ou ela inexiste, o cenário é completamente diferente. O inquieto nesse caso precisa de uma dose reforçada de inteligência emocional, anti-fragilidade (resiliência), visão estratégica e capacidade de articulação. Ou seja, quase um super herói.”

Carlos Camargo, 3M

“Pra mim, ser inquieto dentro de uma organização é não se acomodar, mesmo que a maré esteja boa. É querer achar solução para o que ainda não incomoda. É enxergar que existem muitas portas a serem abertas e querer se preparar para abri-las”.

Melissa Rasera, Blue Tree Hotels

E você, se identifica como um inquieto? Compartilhe também seu depoimento conosco e como tem feito para inovar dentro da cultura de sua empresa e fica aqui o nosso convite: conheça nossa comunidade de Inovadores & Inquietos e saiba como fazer parte dessa rede de inovadores. E se você já é um inovador inquieto, fica a pergunta: O que é ser um Inovador Inquieto para você? Escreva sua resposta aqui mesmo nos comentários. 

Escrito por:

Leo Tostes - Open Innovation Specialist - Haze Shift
+ posts

Consultor em inovação aberta, especialista em design estratégico, com experiências em desenvolver programas e ações criativas para grandes empresas.