Antes de começar esse texto, imagine que você tem uma indústria ótima, com uma excelente equipe e ótimos parceiros. Só que chegou ao seu limite de produção ao mesmo tempo em que tem a oportunidade de ganhar escala. O que fazer? Em muitos casos, a coprodução é uma alternativa. 

Neste texto vamos explicar um pouco sobre como e por que esta, que é uma das 33 rotas de inovação possíveis (número 14), pode ser uma grande aposta. Afinal, as rotas da inovação aberta ajudam a ampliar as possibilidades de combinações com diferentes formas de fazer inovação em sua empresa ou organização.

A coprodução é similar a um sistema de coengenharia. A diferença é que aqui é apenas uma parte do processo de desenvolvimento. Ou seja, uma parte específica é co-produzida para reduzir custos ou ganhar escala. Vamos saber mais sobre isso?

O que é coprodução e copaking

Em primeiro lugar, coprodução é um meio de otimizar processos convidando parceiros de negócios para fabricarem parte (ou mesmo todo um produto) de uma determinada marca. Também chamada de comanufatura, a coprodução terceiriza parte do processo industrial para que, assim, os recursos sejam melhor aproveitados. 

A Tetrapak é um grande exemplo disso. Perceba que na imensa maioria das caixinhas de leite (para não dizer todas) há um carimbo da Tetrapak. Isso acontece porque a empresa é a fornecedora final da embalagem para a marca produtora de leite. Essa etapa da coprodução também é conhecida como copaking, por ficar na última ponta logística industrial. 

Outra empresa que exemplifica bem essa etapa da produção se chama Super Frio, de logística frigorificada. Ela se especializou em buscar clientes que adiam ao máximo a finalização da manufatura e chegou a bater recorde em chocolates embalados, por exemplo. 

Um exemplo de coprodução muito frequente acontece na indústria de alimentos. As indústrias fazem todo o processo produtivo de um alimento e pagam para um parceiro fazer a embalagem do produto. Uma das frentes da companhia é justamente o copaking, ao fornecer embalagem, reempacotamento, montagens de kits e inspeções em temperatura e umidade controladas.

3 motivos

Nesse sentido, vale refletir por que muitos empresários buscam fornecedores especializados em atividades de embalagem e controle final de distribuição, como a Super Frio. Eu diria que existem pelo menos três motivos principais para fazer o copaking: 

  • Muitas empresas passam a considerar o copaking quando a demanda excede a oferta, por isso precisam de auxílio para serem capazes de aumentar a velocidade de produção e a logística para colocar o produto embalado disponível para venda. 
  • Quando enfrentam restrições de tempo para fazer o produto, buscando fornecedores para liberar a última parte do processo. 
  • Apostar na terceirização da montagem final de seus produtos. 

Quem mais utiliza essa estratégia é o setor de Bens de Consumo Embalados (CPG, na sigla em inglês), que desenvolve produtos de consumo rápido. Empresas como Nestlé, Ambev, Loreal e Cargill são alguns exemplos. 

Essa última, por exemplo, tem várias de suas etapas produtivas feitas via coprodução além do copaking: uma parte dos ingredientes vem de um fornecedor, outra etapa vem de agricultores, outra de cooperativas que vendem diretamente à Cargill. Ou seja, existe um forte ecossistema de inovação aberta por trás, juntamente com produtores rurais, clientes e comunidades.  

Mas existem mais exemplos sobre coprodução que vão abrir seus olhos. Vem comigo. 

O caminho inverso 

Agora quero que você faça um exercício inverso ao do início do texto. O que eu quero que você pense é que você tem uma indústria com grande capacidade produtiva, e isso está deixando parte  de sua capacidade ociosa. Você saberia o que fazer? 

Bom, muitas empresas que percebem isso colocam disponibiliza sua linha de fábrica para  coproduzir produtos de outras empresas, ou parceiros de negócios. 

Quando se observa essa ociosidade, ou uma falta de demanda do mercado, uma empresa pode buscar parcerias para deixar sua capacidade produtiva em 100% novamente. 

Pense em um frigorífico, por exemplo. Pode ser que a fábrica não esteja abatendo 100% de sua capacidade e, por isso, pode oferecer essa ociosidade para abater animais de outras empresas ou cooperativas. 

Coprodução é inovação? 

À primeira vista você pode pensar que essa já é uma prática comum, e que por isso não seria propriamente inovação aberta. Mas vamos ver o outro lado da história. 

Sempre que você busca aumentar a escala de produção, essa empresa precisa inovar em seus processos. E é nesse sentido que consultorias de inovação como nós na Haze Shift, além de plataformas específicas podem ajudar. 

Afinal, ao desenharmos a estratégia de inovação das empresas, inserimos a coprodução dentro 

de um ecossistema próximo, como o de fornecedores, feito com a própria cadeia de valor da empresa, em contato com vários tipos de parceiros. E isso é inovação aberta pura! 

E como dissemos que existem ferramentas para essa conexão, aqui podemos destacar uma delas, utilizada por grandes players do mercado. A GrowinCo, por exemplo, formou um ecossistema digital que conecta fornecedores, co-packers, indústrias, fabricantes e parceiros de negócios para acelerar o desenvolvimento de projetos e a coprodução de bens de consumo.

Enquanto empresas e revendedores buscam terceirizar parte de seus processos, ou seja, aplicar a coprodução com fornecedores, fabricantes contratados e prestadores de serviços desejam também ampliar conexões e rentabilizar a capacidade ociosa. É esse tipo de conexão que fazem plataformas como a GrowinCo. 

Que tipo de coprodução você pode fazer? 

Como consultor de inovação, vejo que uma boa dica é sempre olhar para seus próprios processos. Aqui estão algumas perguntas que você pode responder para aumentar e tirar proveito da coprodução: 

  • Existe algum processo de fabricação do meu produto que você poderia adquirir diretamente no mercado? Se sim, quanto isso me custaria a mais ou a menos do que produzir internamente? 
  • Você e sua equipe estão fazendo todo uso da minha capacidade produtiva ou poderia preencher mais o tempo ocioso? 
  • A fase final do meu produto está adequada no momento de embalar ou poderia melhorar a experiência e meus custos e processos revendo o processo de embalagem?  

Às vezes pode não ser fácil observar tudo isso sozinho, dentro da empresa. E é por isso que uma consultoria de inovação como a Haze Shift pode ajudar no redesenho de processos internos, com métodos de design estratégico, transformação digital e inovação aberta

Essa revisão de processos é capaz de gerar o que podemos chamar de coprodução criativa. Autores da Administração destacam que ações coletivas em uma rede bem organizada podem facilitar o alcance de objetivos. Essas ações são organizadas por um ambiente moldado à criação, estimulado pela cultura de inovação, convidando stakeholders internos e externos a se engajarem em movimentos conjuntos para visualizar a coprodução. 

Leia mais: Como estruturar programas de ideias e sugestões para apoiar a cultura de inovação da sua empresa

Nesse sentido, a coprodução criativa refere-se à participação ativa em processos coletivos de geração e disseminação de ideias criativas. E existem várias maneiras de isso ser feito, mas podemos destacar aqui, por exemplo,  a formulação de bons  programas de ideias e de aprendizagem colaborativa

Porém, existem muitas outras alternativas que podem ser ainda mais adequadas com a necessidade da sua organização e que podemos discutir. Então, fica o convite. Vamos conversar sobre o tema e mostrar que coprodução tem tudo a ver com inovação? 

Escrito por:

Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

Certified facilitator of LEGO® SERIOUS PLAY® & Digital Transformation Enabler with a demonstrated history of working in the information technology and food & beverages industry.