Este é um tema que já faz parte da pauta da indústria brasileira, mas que precisa ser melhor debatido. Você, por exemplo, saberia explicar o que é Indústria 4.0 e seu conceito? 

Segundo uma pesquisa da Fiesp, ainda de 2018, 32% das empresas não sabiam o que é a chamada Quarta Revolução Industrial, que é justamente a chamada Indústria 4.0. De lá para cá, em meu trabalho como consultor de inovação, vejo que pouco mudou em relação a essa compreensão. Mas isso precisa mudar com a iminente chegada do 5G ao Brasil, que irá revolucionar a conectividade todas as coisas, inclusive as linhas de produção.

Direto ao ponto: O que ainda falta no Brasil para a nova revolução industrial

A conectividade é, hoje, uma das grandes barreiras de infraestrutura para lançar definitivamente a produção de pequenas, médias e grandes empresas ao que chamamos de Quarta Revolução Industrial. Nesse sentido, precisamos considerar alguns fatores que nos ajudam na definição de o que é Indústria 4.0:

  • Significa integrar a automação industrial com tecnologias como inteligência artificial, informações em nuvem e outros elementos da transformação digital;
  • São dispositivos conectados que fazem a integração de sistemas, desde a chegada de insumos à esteira da linha de produção à logística de distribuição, dando um basta na comunicação manual, que nos deixa mais passíveis de erros;
  • É a análise de dados através de big data, o que permite a análise rápida de conjuntos de informações a partir de softwares capazes processar dados rapidamente;
  • Quer dizer usar testes rápidos, com a ampliação de uso de impressoras 3D e de gêmeos digitais, ou seja, utilizar uma imagem do mundo físico projetada no mundo digital para ser simulado em tempo real.. Assim é possível ver como um sistema ou um equipamento iria se comportar no mundo real sem, necessariamente, fazer um teste no mundo real.

Da primeira revolução à Indústria 4.0: resgate histórico

Talvez você pense que muitos desses elementos que destaquei já estão presentes em indústrias brasileiras. Certamente, mas apenas em algumas delas.

Em geral, apenas grandes empresas, como as de automóveis têm acesso a alguns desses elementos. E é por isso que precisamos entender o que é Indústria 4.0 e suas diferenças para a Terceira Revolução Industrial, que é onde basicamente muitas empresas brasileiras ainda estão estagnadas, desde os anos 1970.

Vamos fazer um breve resgate histórico para entender o porquê muitas indústrias, infelizmente, não entenderam que pararam no tempo. Quando falamos em diferentes revoluções, precisamos considerar o seguinte:

  1. A Primeira Revolução Industrial aconteceu no século 18, por volta de 1750, começando na Europa, com o início da mecanização das produções de manufatura e o uso de máquinas a vapor;
  2. A chamada indústria 2.0, ou Segunda Revolução Industrial, aconteceu com a formação de linhas de montagem, com início de uso de eletricidade no final do século 19. Entre as principais mudanças, a energia a vapor deu vez à eletricidade, e o carvão ao petróleo.
  3. A terceira aconteceu com o avanço da indústria eletrônica e também da automação e da robótica, ampliando ainda mais as produções em larga escala. No Brasil, isso aconteceu a partir dos anos 1970.
  4. Já a quarta revolução começou a partir do novo milênio, com uma maior presença da transformação digital nas indústrias, contando com uma conexão direta entre diferentes setores, como linhas de produção e logística. 

Nesse sentido, precisamos lembrar que a Indústria 3.0 ainda era analógica. E uma grande crítica que eu faço é que isso ainda faz parte da grande realidade do Brasil.

A Indústria 4.0 no Brasil: o que ainda falta?

Basta circular por algumas empresas para chegar à conclusão: nossas indústrias ainda são cheias de papéis. Por mais que tenhamos tecnologia para a automação, os equipamentos ainda são offline, ou seja, os operadores têm que coletar dados in loco, literalmente com papel e prancheta (no máximo com tablets, com preenchimento manual). Somente depois esses dados são repassados para planilhas em computadores, e ainda assim muitas vezes não estão na nuvem.

Qual é o significado de tudo isso? Significa que ainda estamos, em grande parte, estagnados na Terceira Revolução Industrial. E isso contribui fortemente para o que ficou conhecido como Custo Brasil. Afinal, imagine quantas horas um gerente ou engenheiro de Produção dedica para colocar em planilhas informações que poderiam ser informatizadas?

Sinto dizer, mas é um custo alto e que encarece o valor do produto final e afeta a produtividade. Pior ainda: encarece nossos produtos e afeta a competitividade externa de produtos que produzimos com qualidade, simplesmente pelo fato de vivermos uma ausência de investimentos na internet das coisas (IoT), que já chegou a muitas casas (com geladeiras conectadas ao consumidor, por exemplo), mas que ainda está em falta nas linhas de produção.

Dessa forma, fica evidente que a retirada do papel e da prancheta já representaria avanço em diversas áreas produtivas.

As profissões da Indústria 4.0

Com menos papéis circulando nas fábricas e empresas, inclusive, poderíamos dedicar mais tempo ao treinamento para profissões que estão despontando no mercado global, e que aos poucos já estão entrando no mercado brasileiro. Vamos pensar juntos nisso com um exemplo:

Os drones já são uma realidade da Transformação Digital do Agronegócio há, pelo menos, cinco anos. Mas quem opera essas aeronaves? São pilotos de drones. Este é um novo mercado e que ainda é caro para a realidade de muitos brasileiros. E são pessoas em que as indústrias poderiam investir para ter algo como suas próprias frotas aéreas, assim como ocorre quando falamos em frotas de caminhões.

E olha que esse é apenas um exemplo. A Indústria 4.0 também precisa de especialistas em Big Data, mecânicos de veículos híbridos, técnicos de informática veicular, analistas e engenheiros de IoT (internet das coisas) e de cibersegurança, especialistas e técnicos em impressão 3D e de produtos, especialistas em rastreabilidade de produtos para garantir a qualidade. Isto significa oportunidades quase que incontáveis e que precisamos estar preparados.

Sua empresa pode sair na frente!

Eu vejo que, com tantas oportunidades, podemos treinar melhor a força de trabalho no Brasil. Isto é o que o Fórum Econômico Mundial chama de Resklling, ou seja, a adaptação da força de trabalho ao aprendizado contínuo de novas capacitações e, sim, empregos. Afinal, é inegável que algumas formas da inteligência artificial tendem a substituir algumas ações humanas. Para compensar isso, surgiram a necessidade de novas oportunidades.

A partir dessa constatação e cientes de que o capital intelectual das empresas são as suas pessoas, as empresas precisam não apenas monitorar a transformação digital, mas também apostar na cultura da inovação para estarem um passo adiante de seus concorrentes.

Nós da Haze Shift podemos ajudar plenamente neste sentido. Podemos preparar seu modelo de negócios para a Indústria 4.0 e a chegada do 5G como meio para promover a cultura da inovação. Isso pode ser feito, por exemplo, por uma tese de inovação, entre outros caminhos. Eu me coloco aqui à disposição para conversarmos sobre isso. Nós podemos fazer a diferença para que sua empresa entre de cabeça nessa revolução.

Referências

Fórum Econômico Mundial quer impulsionar indústria 4.0 em PMEs brasileiras

Guia FIA da Indústria

Fourth Industrial Revolution

World Economic Forum – Fourth Industrial Revolution

Reskilling the workforce, one person at a lifetime

Escrito por:

Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

Certified facilitator of LEGO® SERIOUS PLAY® & Digital Transformation Enabler with a demonstrated history of working in the information technology and food & beverages industry.