É um grande desafio falar hoje sobre esse universo. Quase todo mundo sabe, ou pensa que sabe, o que é um serviço de coworking. Porém, como trabalhar em um coworking de forma a atingir melhores resultados? Como as empresas podem fazer parte desses espaços? 

Aqui neste blog post vamos traçar uma breve linha histórica do surgimento desses espaços até a pandemia e, também, pensar em como interagir e colaborar com profissionais presentes nesses locais  para potencializar a inovação aberta nas empresas. Outro ponto fundamental é diferenciar coworking de hubs de inovação

Em resumo, tradicionalmente, é simples o significado de coworking: são locais em que pessoas de diferentes áreas, como autônomos, pequenos empreendedores e freelancers, alugam mesas de trabalho com acesso a boa infraestrutura (da internet ao cafezinho). Pela explicação do especialista em inovação Jan Spruijt, os serviços de coworkings são uma das rotas de inovação aberta possíveis (número 30) por serem centros que prezam pela multidisciplinaridade, sendo ideais para o surgimento de ideias de negócios. 

Uma breve história dos coworkings  

O que, talvez, você [ainda] não saiba é que os coworkings começaram a ganhar cara ainda na década de 1980, nos Estados Unidos e Europa, quando as empresas começaram a derrubar paredes, fazendo com que os colaboradores passassem a trabalhar lado a lado. Foi um movimento que teve mais a ver com economia do que com cultura de comunicação. Mas foi uma semente plantada para trocar experiências, ouvir diferentes ideias e construir em conjunto. 

Outra semente aconteceu em 1995, quando profissionais de tecnologia e ciência se uniram na Alemanha para formar o primeiro hackerspace: um local onde eles trabalhariam em conjunto para desenvolverem projetos e compartilharem informações. Praticamente um coworking de hackers do bem

Já a partir 1999, inspirados por um modelo de escritório criado pelo Google que fornecia vários serviços de tecnologias secundários a clientes, facilitando reuniões e contatos pessoais, empreendedores viram em espaços de coworking uma nova oportunidade. 

Com isso, desenvolvedores e empreendedores como Bernard DeKoven, apontado por fontes teóricas como um dos primeiros a utilizar o termo coworking, passaram a focar no conceito de construção de comunidades de profissionais multidisciplinares

Com essa evolução, espaços passaram a ser convertidos em coworkings. Esse foi o caso de uma antiga fábrica em Viena, na Áustria, chamada Schraubenfabrik, talvez o primeiro grande espaço com infraestrutura compartilhada no modelo como conhecemos hoje serviços de coworkings. 

Um case global com impacto no Brasil

Por aqui, no Brasil, o primeiro espaço do gênero se chama Ponto de Contato, criado em São Paulo em 2008. Já em 2010, estima-se que mais de 100 mil pessoas utilizavam cerca de 3 mil espaços de coworking no mundo. 

Mas uma empresa que ganhou grande destaque no país foi a startup multinacional norte-americana WeWork, uma das empresas que ganhou o mercado muito rapidamente. 

Lançada como uma empresa imobiliária, em 2008, a WeWork começou alugando cubículos em um aluguel no Brooklyn em Nova York, passando a replicar o modelo em Manhattan e São Francisco. Rapidamente, foram replicados em outros lugares, incluindo o Brasil (com unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília). Houve, contudo, um problema de gestão.

A empresa tentou se expandir por um programa educacional para crianças e, com o WeLive explorar o conceito de coliving (moradia compartilhada). Só que em 2019, quando tentou promover uma IPO, mostrou-se um padrão de negócios desfavorável 

Ainda assim, a companhia provou que os coworkings eram algo escalável e hoje oferece espaços para empresas. Segundo a organização, mais de 50% das empresas do ranking Fortune 100 são membros da WeWork, mostrando que os escritórios compartilhados são uma chance para não apenas indivíduos: mas para companhias entrarem em contato com empreendedores a partir da alocação de colaboradores nesses locais. 

A pandemia e uma nova mentalidade 

Um grande problema foi que, em 2020, veio a pandemia. Segundo dados do CoWorking Brasil, 40% dos espaços perderam mais de 75% do seu faturamento apenas em nosso país naquele ano. 

Mas o que poderia ser uma pá de cal nos espaços de coworking, eu diria, como consultor de inovação, que passou a ser uma solução para muitas empresas, especialmente aquelas remote first

Afinal, não foram apenas freelancers e trabalhadores autônomos que passaram a frequentar esses espaços. Empresas também viram que destinar recursos para alocar profissionais parte do tempo nesses locais geraria bons resultados com economia de gastos com aluguel de imóveis e dando maior flexibilidade aos colaboradores. 

Melhor ainda, esse contato gera inovação aberta ao fazer com que eles tenham contatos com outros especialistas. Ou seja, o serviço de coworking continua importante porque tanto empresas quanto indivíduos conseguem inovar a partir de interações humanas. Os coletivos conseguem criar soluções diferentes. E isso eu posso provar! 

Inovação aberta em serviços de coworking: um caso pessoal 

Eu gostaria de contar um exemplo bem antes do pré-pandemia que mostra como a inovação aberta é possível por meio de serviços de coworking. 

Era mais ou menos 2013 quando eu ainda trabalhava liderando iniciativas de inovação e transformação digital na BRF. À época, já vislumbravam o conceito digital workplace, que um dos fundamentos é o work anywhere (trabalhando em qualquer lugar em português). Esse era um dos pilares da nossa meta de transformação digital, pois avaliamos que explorar espaços físicos para novos colaboradores poderia ser menos custoso e daria a oportunidade de contratar talentos em diferentes partes do Brasil. 

Hoje em dia isso é bem comum, não é mesmo? Pois na época não era bem assim. Era uma verdadeira quebra de paradigma! 

Isso nos levou a fazer visitas técnicas a coworkings e acabou que encontramos nesses locais tanta gente criativa e disposta a inovar que conseguimos atrair trabalhadores freelancers para nossos projetos. Apenas para citar um exemplo, contratamos uma redatora que seria uma das pioneiras para a implementação de um projeto inovador de chatbots na empresa. 

Ou seja, encontramos nesses locais algo que não víamos à época em fornecedores já existentes, como agências de comunicação: profissionais diferenciados com uma visão de futuro, especialistas em temas como em redação de experiência do usuário! E essa mesma visão de futuro acontece também hoje em dia nesses locais, sem sombras de dúvidas. 

Quer ver mais um exemplo disso e que valoriza a diversidade? 

Além disso, existem serviços de coworkings que favorecem o bem-estar da família, principalmente para mães conviverem de forma mais próxima com os filhos, sem que isso signifique ficar apenas home office

Esses espaços que unem maternidade e empreendedorismo, com o Casa B2Mamy, de São Paulo, oferecem programas e grupos de networking com foco no mercado feminino. São casas com áreas kids com opção de monitores e cuidadores enquanto as mães se dedicam aos negócios e, claro, à inovação. 

Leia também como diversidade e inovação no trabalho podem gerar valor

A iniciativa foi tão bem sucedida que o espaço do Casa B2Mamy ganhou peso e se tornou um verdadeiro hub de inovação, pois oferece mais que os coworkings tradicionais: há programas de inovação para mulheres, uma plataforma de educação, programa de aceleração e outros fatores. 

Mas você saberia diferenciar um coworking de um hub de inovação? Bom, vou tentar ajudar.  

Diferença entre coworking e hub de inovação

Assim como coworkings, hubs de inovação costumam dispor de uma estrutura física similar a um escritório sem paredes, com amplo contato entre pessoas, geralmente com empreendedores de startups. Mas hubs de inovação vão além da proposta de networking, pois têm foco em conectar empreendedores, investidores, startups e empresas desde o princípio – o que não acontece necessariamente em coworkings, que tem alto valor de networking.  

Diferente dos coworkings, os hubs de inovação costumam dar um foco em startups, que além de receberem treinamentos e terem a chance de ampliar suas conexões com investidores, são estimuladas a trocarem experiências e fazerem negócios entre elas mesmas, o que também valoriza – e muito – a inovação aberta. No Brasil, um dos melhores exemplos é o Distrito, parceiro da Haze Shift

Para saber ainda mais sobre o tema, eu convido você a ler o texto abaixo: 

O que são laboratórios de inovação e hubs? Existem diferenças? Chegou a hora de tirar suas dúvidas!

Inclusive, nós da Haze Shift também temos uma forte conexão com coworkings e hubs de inovação. E aqui lembramos da nossa origem: os primeiros contatos entre os sócios da Haze Shift aconteceram em um coworking de Curitiba. Lá amadurecemos ideias que nos levaram à criação da empresa. Por um tempo, ficamos alocados no Distrito Curitiba, onde levamos vários projetos adiante. Aliás, até hoje temos nossos times por lá… agora o hub se chama Mindhub

Essa nossa experiência e vivência nesses espaços faz de nós um potencial parceiro para empresas que buscam macthmakings com empreendedores (principalmente startups), entre outras maneiras de encontrar novos stakeholders  para a co-criação de um novo cenário e de novos projetos. 

Agora que eu fiz o meu relato e abri o jogo aqui, é a sua vez. Entre em contato e vamos conversar sobre esses outros temas conectados à inovação aberta. 

Escrito por:

Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

Certified facilitator of LEGO® SERIOUS PLAY® & Digital Transformation Enabler with a demonstrated history of working in the information technology and food & beverages industry.