Quem nunca sentiu a sensação de não saber por onde começar? Pois bem, o consultor de criatividade Austin Kleon nos dá uma ideia do que fazer quando estamos perdidos: roubar em um sentido positivo. Neste resumo do livro Roube como um Artista, mostramos como é possível aproveitar ideias existentes para criar as suas.
Esse aprendizado é extremamente relevante para o universo corporativo. Afinal, desde o início de nossas vidas, nós aprendemos copiando. “Estamos falando de prática, não de plágio – plágio é tentar fazer o trabalho de outro passar por seu. Copiar é engenharia reversa”, explica o autor.
Mas precisamos diferenciar o plágio da busca ativa por ideias que trazem novas perspectivas. Nós da Haze Shift debatemos isso no podcast Hazeliente, onde eu, o Pedro Santoro (da área de Projetos Operações) e o host Luiz Henrique Costa apresentamos nossas visões sobre o tema. Confira abaixo e leia algumas de nossas impressões na sequência deste texto:
Copiar, roubar e criar: a importância do benchmark
Como bem lembra o autor, pintores aprendem imitando e reproduzindo outros quadros. Agora, vamos trazer o debate para o universo corporativo e ver como isso tudo pode nos ajudar com a inovação nas empresas.
Em primeiro lugar, grande parte dos melhores cases de mercado partem de um bom benchmark, isto é, um bom levantamento de outros casos de sucesso (e também de fracasso) para favorecer o levantamento de ideias e para observação dos pontos fortes e fracos.
Nós da Haze Shift, por exemplo, consideramos essa etapa fundamental e a recomendamos para nossos clientes. Inclusive, o benchmarking faz parte de uma boa estratégia de design estratégico, pois inclui as etapas de observação, análise, imersão e inspiração.
Confira as etapas de modelagem de negócios do design estratégico
Esse uso do design estratégico é essencial para a identificação de uma dor (problema) e para o entendimento do cenário corporativo. Nesse sentido, para a busca por referências no mercado, o chamado roubo de ideias, ajuda a entregar serviços de qualidade. Inclusive, existem ferramentas de criatividade que nos apoiam nessa coleta de informações.
Uma ferramenta útil é o uso de painéis semânticos, isto é, referências visuais que podem ser expostas em papéis, coladas em vidros, colagens de recortes de jornais, e tudo que tenha relação com um projeto. Nós da Haze Shift, por exemplo, utilizamos a ferramenta Mural.Co, pois ajuda com a organização de post-its virtuais, links, arquivos e itens, para organização de ideias, ou seja, brainstormings para a ideação.
Tornando a cópia uma coisa sua
Como podemos ver, o levantamento de experiências de outras pessoas é fundamental para a formação do conhecimento do que precisamos aplicar. Mas após essa coleta de informações, o que fazer? Como mostra o autor do livro Roube como um artista, você precisa combinar ideias. Ou seja, nas palavras de Austin Kleon, escrever o livro que queremos ler.
Seja no mundo corporativo ou em projetos pessoais, precisamos conectar as informações para emular algo que você possa chamar de seu, colocando variáveis e pontos diferentes e criar algo em cima, com uma nova ótica, sempre adaptando o processo e formando, assim, sua própria metodologia.
Para isso, muitas vezes, precisamos simplesmente dar um tempo. Ele recomenda sair da frente da tela, tornar as coisas mais palpáveis. Mas em tempos de pandemia, seria isso possível? Certamente.
Minha cartunista favorita, Lynda Barry, tem esse ditado: “Em nossa era digital, não esqueça de usar suas digitais!” Suas mãos são os dispositivos digitais originais. Use-as, destaca o autor.
Permita-me aqui fazer uma pequena propaganda. Nós da Haze Shift aperfeiçoamos durante o período pandêmico os modelos de workshop online. Veja neste texto do meu sócio Marcos Daniel:
10 dicas para fazer um workshop online. O que aprendemos após 1 ano de pandemia
E por que estou falando isso? É que, em um de nossos projetos, tivemos um excelente resultado propondo o uso das mãos pelos participantes. O time de Inovação e Startups da organização buscou uma nova visão para reforçar a sinergia e a colaboração da equipe.
Com o projeto em andamento no início de 2020, veio a pandemia e migramos as ações presenciais para o ambiente online. Em um dos workshops, enviamos um kit com 20 peças de Lego para os participantes montarem e expressarem para os demais como se enxergavam na equipe.
Esse foi um momento altamente lúdico no processo de prototipação do design estratégico, pois mostrou visões de como as pessoas se enxergavam, auxiliando na formação de uma identidade como equipe.
Roube como um Artista: A arte de trabalhar com restrições
Perceba que, em outras palavras, a proposta ajudou a ressignificar a cultura da equipe, pois a partir das peças montadas foi possível encaixar, digamos, um modelo coletivo. Peças que não trabalhavam juntas em projetos tiveram uma visão do outro, e viram que era perfeitamente possível eles se encaixarem como time mesmo com visões diferentes.
E tudo isso foi feito a partir de restrições. Além de não poderem interagir com a presença física, com apenas 20 peças, os participantes chegaram a reflexões excelentes. Eu diria que colocaram o subconsciente para trabalhar. Um deles conseguiu até mesmo montar um boneco do Macgayver, personagem do cinema que derrota inimigos com conhecimento, sem armas.
Como já mostrou minha colega Melissa Rasera aqui em nosso blog, são formas de trabalhar a fisiologia da criatividade em um ambiente com restrições. E o livro reflete bem isso neste trecho:
Seu cérebro fica confortável demais no cotidiano que o cerca. Você precisa deixá-lo desconfortável. Precisa passar algum tempo em outra terra, entre pessoas que fazem coisas de uma maneira diferente da sua. Viajar faz o mundo parecer novo, e quando o mundo parece novo, nosso cérebro trabalha com mais empenho, destaca Austin Kleon em Roube como um Artista.
Roube como um artista, compartilhe como um jornalista
Outro segredo compartilhado pelo autor é altamente válido para o mundo das startups. No livro Roube como um artista, Kleon reforça a importância de fazer um bom trabalho compartilhando com pessoas.
Como consultor de inovação, já vi empreendedores que evitam falar muito sobre suas ideias por receios diversos, entre eles de terem a ideia roubada. Mas eles estão errados. É claro que devemos ter cuidados, mas a inovação aberta (essencial para formação de alguns modelos de startups) só surge a partir do momento em que compartilhamos nossas ideias. Afinal, alguém precisa compra-la. Aliás, esse ponto é fundamental para que empresas sejam encontradas e conectadas.
Vamos a um exemplo prático…
Nós da Haze Shift, por exemplo, já fizemos por mais de uma vez projetos de busca ativa de startups e, após uma filtragem de ideias, as convidamos para participar de rodadas de encontros com nossos clientes. Esse trabalho que une conhecimentos do design thinking e da inovação aberta é feito por meio de encontros, o que é capaz de gerar negócio. Vou dar um resumidamente, em poucos passos, confira:
- Primeiramente, fizemos um workshop de inovação aberta com várias empresas. Todas em um único programa, em que explicamos o que é inovação aberta, com uma dinâmica de autoavaliação do atual momento e oportunidades de inovação.
- Após isso, fizemos um segundo workshop sobre como fazer negócios com startups, com uma dinâmica de definição de oportunidades.
- Em um terceiro momento, em um novo workshop, apresentamos startups previamente selecionadas a partir dos desafios e oportunidades mensuradas pela organização.
- Em um quatro encontro, há rodadas de pitch (apresentações de poucos minutos) com startups e momentos conversas entre as startups e representantes de áreas da organização, o que pode resultar em novos projetos.
Este é um claro ciclo de inovação aberta que faz uso de criatividade e design estratégico para ampliar o relacionamento entre empresas e startups, a partir do diagnóstico de dores e da introdução de startups às empresas participantes.
Por isso, como reforça o autor do livro, é importante compartilhar com os outros. Isso ajuda a incubar, criar, pegar novas percepções. E também valoriza a diversidade de ideias e, a partir do feedback obtido em workshops e outros desafios de inovação aberta, ajuda a melhorar os produtos e serviços oferecidos pelas próprias startups.
Quer ver esse ciclo inovador em sua empresa?
Então encerro este texto me deixando à disposição para esclarecer dúvidas aqui mesmo nos comentários e, claro, ajudar a reescrever o plano de inovação da sua organização. Nós da Haze Shift teremos prazer em atender.
Escrito por:
Designer estratégico, empreendedor, gestor de comunidades e com experiências em programas de pré-aceleração e aceleração. Sempre aberto a novos aprendizados e projetar novas soluções que agreguem valor ao negócio e à sociedade.
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