Sempre que se fala nesse tema, é natural que as pessoas pensem em meios tecnológicos. Na essência, estão certas: é sair de um modelo analógico com sentido ao mundo digital. Contudo, uma verdadeira estratégia de transformação digital significa reavaliar a própria estratégia corporativa. E é por isso que muitas empresas se travam nesse desafio.
Nesse sentido, é comum determinados empresários e executivos dizerem que sua empresa é digital apenas por desenvolver um aplicativo próprio de entregas ou de vendas, por exemplo. Mas essa ação é apenas um fator isolado. Ao digitalizar vendas ou entregas, você apenas digitaliza um processo, e não a empresa. Para isso, envolve um engajamento muito maior dos colaboradores no sentido da transformação digital, como está descrito neste artigo do meu sócio Marcos Daniel sobre o Futuro do Trabalho.
Não se surpreenda, e nem pense que você estava no caminho errado se tinha – até agora – esse tipo de pensamento. Um estudo da McKinsey, de 2018, mostra que a taxa de sucesso para esforços de transformação digital no mundo é baixa, com menos de 30% de sucesso nas companhias. Apenas 16% afirmam que as mudanças melhoraram o desempenho das organizações ao longo dos anos.
Portanto, nossa proposta aqui é ajustar sua estratégia corporativa. Primeiramente, confira o que contempla em uma estratégia de transformação digital:
- Determinar um tamanho/volume de investimento;
- O tempo de retorno para seus investimentos;
- Quais processos e ações demandam mais urgência por mudanças.
Perceba que as questões são, basicamente, as mesmas que um investidor faria antes de aplicar em um fundo de investimentos, por exemplo. Então vamos mais fundo nisso:
Estratégia de transformação digital significa não colocar todos os ovos na mesma cesta
É provável que você já tenha ouvido esse mantra de algum gerente de banco ou de um consultor de investimentos. A ideia de colocar ovos em cestas diferentes propõe a diversificação para, quando uma aposta não dá certo, o dinheiro investido já está aplicado em outras alternativas mais rentáveis. Uma boa estratégia de transformação digital significa, também, seguir essa linha. Entenda comigo:
Ao provisionar determinado montante para investimentos em inovação e transformação digital, é comum que as empresas façam um projeto único, uma grande aposta – seja em uma intranet com acesso mobile ou em um e-commerce revolucionário, por exemplo. Executivos e empresários esquecem, contudo, que talvez o melhor seja distribuir os recursos em algumas ideias para validá-las para alocar recursos no que acaba gerando melhores resultados.
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Em outras palavras, desenvolver um programa estruturado para identificar oportunidades de inovação em transformação digital é uma excelente dica. Ao usar um primeiro fluxo de captura de ideias, e seguir os passos descritos neste artigo da Haze Shift sobre design estratégico, a empresa pode gerar protótipos para MVP, também conhecido como produto mínimo viável.
Um exemplo de quando tudo dá errado
Antes de mais nada, caso você ainda não tenha se convencido, eu quero trazer aqui uma história. Quando trabalhava no setor do agronegócio, eu vi uma aposta errada de uma indústria de fertilizantes de larga escala – por motivos óbvios, não citarei o nome. Eles desenvolveram uma linha de fertilizantes para uso doméstico.
A princípio, parecia tudo certo: tinham em mãos um bom produto, criaram uma marca forte, fizeram parcerias com distribuidores no varejo em todo o Brasil e criaram um blog com excelentes conteúdos, com dicas de como fertilizar plantas, temperos e pequenos plantios. O blog foi muito bem-sucedido, bem divulgado em outros canais online, e uma grande aposta da empresa para fomentar as vendas offline.
Qual foi o problema nesse caso? Muita gente conheceu a marca pelo blog, e tentaram contatar a empresa para fazer a compra direta, ou seja, online. Contudo, toda a verba do projeto se esgotou antes que a empresa pudesse se preparar para oferecer o produto via e-commerce. Além disso, apesar de a estruturação de uma loja online ter passado pela cabeça dos coordenadores do projeto, eles chegaram à conclusão de que redirecionar aos pontos de venda bastaria. Isso era em 2011, e as vendas online estavam começando a decolar nos nichos de classes A e B.
Resultado: em seis meses um bom produto foi descontinuado porque a empresa apostou todas as fichas na divulgação de conteúdos, sem estruturar melhor o canal de vendas. Foi um grande gargalo para a estratégia de transformação digital da companhia apostar na divulgação online sem ter um canal de vendas online.
E um exemplo de quando as coisas estão bem estruturadas
Em 2019, nós da Haze Shift atendemos à demanda de uma rede supermercadista, que separou a verba para um projeto de transformação digital. O primeiro passo foi fazer um modelo de conscientização da estratégia de transformação digital:
- Incentivamos uma captação de ideias entre as áreas da empresa;
- Junto com a diretoria separamos aquelas que melhor representavam o gargalo de transformação digital;
- Sugerimos pegar pelo menos três ideias para dividir o investimento, e não apenas fazer uma grande aposta.
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Nesse meio tempo, nós pudemos sugerir a estruturação dos projetos de transformação digital. A empresa percebeu que poderia apostar em um projeto para a área financeira, a fim de melhorar a alocação de recursos. Também apostaram em um projeto de modernização da área logística. E uma terceira aposta foi desenhar um projeto de e-commerce. Dessa forma, três áreas estratégicas da rede supermercadista poderiam alavancar a transformação digital.
Áreas-chave da transformação digital
Além desses exemplos práticos, é importante mostrar o que as empresas estão apostando globalmente. Confira as tecnologias, ferramentas e métodos usados por pelas empresas com melhor desempenho em estratégias transformação digital, de acordo com o levantamento da McKinsey:
- Tecnologias de web tradicionais, como divulgação e vendas (usado por 85% das empresas pesquisadas e com melhores resultados);
- Serviços de armazenamento de informações sem nuvem (81%);
- Tecnologias mobile (68%). Sua empresa pode apostar nessas ferramentas não apenas para vendas e divulgação, mas também para processos e controle no chão de fábrica, por exemplo;
- Projetos de big data (56%), ou seja, projetos de tratamento e análises de informações para tomadas de decisões estratégicas;
- Apostas em IoT – internet das coisas (45%). Em outras palavras, objetos (vestíveis ou não vestíveis) conectados à internet.
- Projetos de design thinking (44%).
Além dessas áreas, há outras apostas, um pouco menos citadas, como ferramentas de inteligência artificial, robótica e impressões 3D. Contudo, creio que a lista acima pode ser mais realista para a grande massa das empresas brasileiras.
Segredos do sucesso da estratégia de transformação digital
Por fim, também vale a pena destacar aqui o que a McKinsey chama de segredos de sucesso. A pesquisa avaliou 83 práticas favoráveis à transformação digital nas empresas. Aqui nós fizemos um filtro do que pode ser de alto impacto em empresas de médio e pequeno porte, por exemplo. Confira algumas dicas para melhorar a estratégia digital de sua empresa:
- Implemente ferramentas digitais que tornem as informações mais acessíveis em toda a organização.
- Envolva líderes de iniciativas digitais e não digitais para debater as transformações estratégicas.
- Reavalie procedimentos operacionais que podem melhorar com novas tecnologias.
- Comunique e divulgue aos colaboradores que a empresa está em busca da transformação digital. Seja transparente sobre seus objetivos.
- Selecione, dentro do seu quadro de colaboradores, uma ou mais pessoas familiarizadas ou muito familiarizadas com tecnologias digitais para cargos estratégicos.
- Os líderes e gestores mais engajados em funções específicas de transformação digital precisam incentivar a equipe a desafiar processos e procedimentos antigos, incluindo prototipagem rápida e aprendizado com projetos que não derem certo. É preciso aceitar pequenos fracassos.
- Reorganize funções e responsabilidades dos colaboradores para um melhor alinhamento à estratégia de transformação digital.
- Ofereça oportunidades e incentivo aos colaboradores para gerar ideias sobre digitalização que podem apoiar o negócio.
- Estabeleça uma ou mais práticas relacionadas a novas formas de trabalhar (como aprendizagem contínua, ambientes de trabalho físicos e virtuais abertos e mobilidade de funções).
- Gerentes seniores e líderes precisam fomentar o senso de urgência em suas áreas e para a transformação digital.
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Da teoria para a ação
Às vezes, implementar essa lista de itens que também fazem parte de uma boa cultura de inovação e saber onde apostar pode ser um pouco difícil, dependendo da sua organização. É para situações assim (e muitas outras) que nós da Haze Shift podemos ajudar. Entre em contato conosco, deixe nos comentários suas dúvidas ou ative esta postagem em suas redes sociais. Tudo isso irá colaborar na tomada de decisão para não colocar todos os ovos em uma mesma cesta.
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Atuando sempre com mudanças nas organizações através de pensamentos diferentes aplicados à processos com tecnologia e cultura. Buscando auxiliar empresas e organizações sobre os paradigmas da Transformação Digital e como a Inovação Aberta pode mudar a forma de garantir a sustentabilidade dos negócios!
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