Quando os setores público e privado se unem em nível nacional, meio caminho está andado para que a sociedade ganhe um grande motor de difusão do conhecimento e desenvolvimento da ciência e tecnologia. Quando isso acontece temos um Sistema Nacional de Inovação.  

Nesses sistemas, um grupo de instituições públicas (governos e órgãos públicos em nível nacional, estadual e municipal) e privadas (como empresas, startups, instituições de ensino, agências de fomento e financiamento, entre outros) se unem para articular atividades, ações e adotar medidas para inovar em conjunto e promover novas tecnologias – o que, claro, inclui a transformação digital

A formação  desses sistemas nacionais inovadores vêm sendo citadas desde os anos 1980 por teóricos, como o especialista Christopher Freeman (em 1987), que reforçou o conceito como um conjunto de relações entre atores em diversos níveis, favorecendo o desenvolvimento socioeconômico. Em especial, quando o tema é desenvolver, promover e educar sobre Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). 

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Essa ampla conexão de atores faz dos Sistemas Nacionais de Inovação uma das rotas de inovação aberta possíveis (número 19 neste link). Mas quem é parte indispensável na composição desses sistemas? Bom, eu (e outros autores) diriam que são três: 

  • O Estado, uma vez que é responsável por fomentar políticas públicas inovadoras, através de leis, decretos, incentivos (inclusive na tributação de impostos) e articulações de ações com o setor privado por meio de suas secretarias estaduais e municipais e os ministérios, além de órgãos federais, quando em âmbito federal. 
  • As Instituições de Ensino e Centros de Pesquisas porque são locais de pesquisa e disseminação de conhecimento. E digo mais: muitas vezes têm laboratórios de ponta para testes de protótipos inovadores que podem surgir nos Sistemas Nacionais de Inovação. 
  • E, claro, as empresas. Elas fazem investimentos, promovem testes e pesquisas de mercado e têm interesse amplo em transformar o conhecimento teórico (vindo das universidades) em produtos e serviços com ampla aceitação no mercado e aproveitarem novas leis e incentivos fiscais para seu negócio. 

Mas qual a diferença para outros Sistemas de Inovação? 

Existem também outros sistemas de inovação, como Sistemas Regionais de Inovação (SRI). Esse tipo de sistema é formado quando cidades próximas se complementam. Juntas, elas formam um ecossistema capaz de ampliar a capacidade produtiva, desenvolver tecnologia, promover a transformação digital, gerando oportunidades de fornecer empregos e educação e melhor infraestrutura aos habitantes regionais. Tudo isso por uma conexão entre os setores privado e público. 

Ou seja, o SRI se forma quando empresas e universidades que cooperam entre si e, com o apoio dos governos municipais, acontece a formatação de legislações e o apoio de secretários municipais, prefeitos e entes governamentais na busca de financiadores amplos, como a aprovação de projetos de infraestrutura junto a órgãos como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), por exemplo. 

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Basicamente, a principal diferença dos Sistemas Nacionais de Inovação para os Sistemas Regionais de Inovação é a questão geográfica e o número de envolvidos. Afinal, de certa forma, existe uma tendência a trazer ao sistema uma cifra maior de entidades que participem desse contexto, ainda que existam, por exemplo, sistemas regionais com vários atores envolvidos. 

A questão mais desafiadora é organizar uma governança da inovação que consiga fazer esse maior número de entidades, potencialmente com atuação  em vários locais de um país, se articularem por um bem comum. Esse é um ponto inclusive que dificulta a formação de sistemas nacionais no Brasil: a amplitude territorial. 

Contudo, isso não impede que os sistemas nacionais se formem. Afinal, sempre existem interesses mútuos e consultorias de inovação, como nós da Haze Shift, que temos como uma de nossas especialidades a promoção de matchmakings entre organizações, entidades e órgãos governamentais para articulação e desenvolvimento de um plano de trabalho comum para todos. 

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Inclusive, um Sistema Nacional de Inovação pode derivar de um Sistema Regional. Ou seja, ele pode começar em âmbito regional puxado por um núcleo de organizações ou uma entidade como o Sebrae local e se expandir nacionalmente. 

Por exemplo, se um sistema regional formado por universidades, empresas e prefeituras percebem que é necessária alguma lei federal ou regulamentação específica que facilite seus negócios, esse sistema irá buscar apoio em âmbito nacional: isso pode incluir não apenas o contato com Ministérios e Congressos, mas também de outros órgãos federais ou associações de classe nacionais. Vamos pensar em alguns exemplos?  

Caso seja algo relativo à indústria 4.0, por exemplo, o sistema pode buscar apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Se for uma ação que impacte o mercado de seguros, vale o contato com a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Já se for algo relacionado às inovações em saúde 4.0, quem sabe uma parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). 

E se for algo que envolva comércio e logística entre estados ou entre países? Nesse caso, propor parcerias com núcleos da fiscalização da Polícia Federal, Receita Federal, Ministérios das Relações Exteriores e da Agricultura são pontos a se considerar. E assim esses Sistemas se expandem e formam os Sistemas Nacionais de inovação. 

Exemplos do que os Sistemas Nacionais de Inovação podem realizar

Nesse sentido, a organização de ações fundamentadas no design estratégico, por exemplo, auxilia encontrar pontos de convergência e criar ações como as seguintes nos Sistemas Nacionais de Inovação: 

  • O possível desenho prévio de uma regulamentação envolvida, que precisará ser levado a órgãos do Legislativo ou do Executivo (que podem ser dos níveis municipais, estaduais ou federais);
  • Quando liderados por uma entidade específica (por exemplo, um ator do Sistema S, como Sebrae, Senai, entre outros), construir a formação de uma rede de atores que possam interagir e colaborar com a inovação; 
  • A formação de um Conselho de Inovação, a exemplo de um board executivo corporativo, para desenhar ações e definir prioridades do Sistema Nacional de Inovação; 
  • A organização de eventos conjuntos pelos atores do Sistema Nacional de Inovação em questão, como workshops, congressos, hackathons e desafios de inovação aberta
  • A criação de programas de capacitação, empreendedorismo, comércio, educação e turismo. 

Case de sucesso: KOTRA

Como dissemos no início do texto, os sistemas de inovação se desenvolveram a partir da década de 80, e desde então, têm orientado a política de inovação em grande parte dos países do mundo. Um bom exemplo disso vem da Coreia do Sul. A KOTRA, a agência de comércio internacional e de investimentos  sul-coreana, foi criada para contribuir para o desenvolvimento da economia nacional.

O que difere essa agência de outras e faz dela um Sistema Nacional de Inovação é o fato de que ela, ainda no início do século, já estava presente em mais de cem países com o objetivo de agenciar os produtos coreanos a partir do monitoramento global, conhecendo tecnologias e comunicando oportunidades às empresas e institutos de pesquisa coreanos.

A KOTRA destaca em apresentação trabalhar de “forma colaborativa, fomentando negócios e oportunidades”. Isso inclui a participação em projetos, pesquisas de produtos e fornecedores, rodadas de negócios e até mesmo o intercâmbio de profissionais entre os mercados coreanos e de outros países. 

Como nós podemos ajudar? 

Nós da Haze Shift temos a capacidade de oferecer essa consultoria e conectar os parceiros dentro dos sistemas. A KOTRA, por exemplo, organiza diferentes seminários, fóruns e workshops para aproximar os mercados. Contudo, consultorias de inovação como nós da Haze Shift podem facilitar e agilizar esse meio com ações e programas de inovação estruturados, matchmakings, pesquisas em profundidade, entre outras formas utilizando por base métodos do design estratégico. Aliás, você faz parte de um sistema inovador, seja ele nacional, regional, local ou setorial? Vamos conversar e traçar seu planejamento juntos.

Escrito por:

Luiz Fernando S. Frederico
Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

Atuando sempre com mudanças nas organizações através de pensamentos diferentes aplicados à processos com tecnologia e cultura. Buscando auxiliar empresas e organizações sobre os paradigmas da Transformação Digital e como a Inovação Aberta pode mudar a forma de garantir a sustentabilidade dos negócios!