Se existe algo que os sistemas de inovação podem provocar, eu diria que é alto impacto. Eles podem ser locais, regionais ou nacionais. Mas hoje quero focar nos Sistemas Regionais de Inovação – SRI: são motores que podem gerar um boom de negócios em um conjunto de cidades. 

Não por acaso, os Sistemas Regionais de Inovação são uma das 33 rotas de inovação aberta que citamos neste texto, mais especificamente a Rota 18. 

Quando pensamos que cidades próximas se complementam em oportunidades, capacidade produtiva e potencial de fornecer empregos e educação aos habitantes regionais, focar em uma gama de ações conjuntas em diferentes municípios faz todo o sentido.  

Mas se engana quem pensa que esse ambiente precisa partir de uma iniciativa coordenada entre prefeituras. Núcleos de regionais ou setoriais, entidades de classe, universidades ou mesmo hubs, laboratórios ou centros de inovação podem tomar essa dianteira para organizar um SRI. 

Fonte da imagem: Anpei

SRIs – O que são Sistemas Regionais de Inovação: definição 

Uma vez que o primeiro passo pode ser tomado por diferentes atores, em primeiro lugar, vamos descrever o que são Sistemas Regionais de Inovação – SRI: são grupos articulados ou pelo setor privado ou público ou de forma mista. 

Em linhas gerais, os sistemas de inovação, sejam eles locais, regionais ou nacionais, são resultado de processos interativos entre instituições que contribuem para a inovação. Por isso, é importante descrever os atores, ou seja, quem faz parte de um sistema como um SRI: 

  • Empresas: companhias que dedicam parte de seus investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. 
  • Associações: conjunto de organizações locais, como associações comerciais, de serviços ou varejo. 
  • Universidades, Centros Educacionais, Escolas Técnicas, ou similares: centros educacionais que abrem as portas para que seus alunos atuem em conjunto com outras organizações, muitas vezes disponibilizando seus laboratórios para pesquisa e desenvolvimento tecnológico de um sistema de inovação. 
  • Agências de Fomento: centros que oferecem recursos, subsídios e empréstimos para projetos específicos na área de inovação. 
Modelo Hélice sêxtupla de interação de atores para inovação em um SRI. Fonte: Labiak Jr. et al., 2016 (adaptado).
Fonte da imagem: Adilson Anacleto em Reaserchgate

Além disso, a regionalidade pode, inclusive, deixar de ter alguns desses atores. Isso mesmo. Uma simples coordenação de inovação entre várias indústrias instaladas em uma mesma região pode ser chamada de Sistema Regional de Inovação. Contudo, o ideal é que ela vá além e envolva mais atores, tornando a inovação aberta ainda mais ampla e colaborativa

Como aproximar atores de um ecossistema de inovação 

Um Sistema Regional de Inovação (SRI) é resultado de um processo coletivo de desenvolvimento e de interações. Por isso, é altamente recomendável que essa união crie ou aproveite a presença de habitats, laboratórios e Hubs de inovação. Esses ambientes podem ser públicos ou privados, mas são fundamentais para a colaboração. 

Aliás, esses são praticamente um local de encontro, de reuniões e de convergência, onde podem estar alocadas empresas, representações de empresas e representantes dos outros atores do SRI.

Nesses locais, as próprias entidades de classe interessadas em fomentar um núcleo de tecnologia em uma região podem se unir e encaminhar suas necessidades de forma mais plena e estruturada. E mesmo que não levem o termo “Sistema Regional de Inovação” em seu nome, ou seja, não foram “batizados” como o nome “SRI”, muitos ecossistemas inovadores mostram bem como a movimentação de atores gera frutos positivos para uma região. 

Um exemplo prático disso nós mostramos aqui mesmo no blog da Haze Shift. Em entrevista ao Blog, o ex-secretário do Agricultura do Paraná George Hiraiwa mostrou como a Sociedade Rural do Paraná e os envolvidos no agronegócio da região planejaram e colocaram o hub de inovação Co-Criagro de pé em Londrina, interior do Paraná, participante ativo do SRI.  

Leia o conteúdo sobre o Cocriagro 

Unido, o ecossistema do agronegócio da região conseguiu se mexer e, regionalmente, recebeu inovações do reconhecimento como Polo de Inovação Agro junto ao Ministério da Agricultura à inauguração de uma antena 5G na cidade. Conquistas que são resultado de um ecossistema regional unido, como acontece em SRIs. 

Sistemas de Regionais de Inovação: exemplos de como começar

Com tudo isso em mente, podemos lançar aqui um desafio para que você crie mentalmente um Sistema Regional de Inovação. 

Primeiramente, imagine um setor (pode ser saúde, tecnologia, mecânica, qualquer um) que possui diversas empresas atuando em cidades vizinhas. 

Agora imagine que esse setor tenha uma entidade ou sindicato que o represente. Em reuniões, os empresários percebem que carecem de recursos para ampliarem seu potencial produtivo. O que ele pode fazer a respeito? Bem, temos algumas alternativas: 

  • A entidade pode buscar parcerias com universidades para ampliar o desenvolvimento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); 
  • É possível conversar com secretários de desenvolvimento econômico (municipais e estadual) para fomentar leis que regulem e ofereçam estímulos ou mesmo isenções ao setor condicionadas a investimentos. 
  • As empresas podem patrocinar a criação de um habitat, um hub ou um laboratório conjunto de inovação. 
  • Ou ainda podem fazer tudo isso ao mesmo tempo, formando um Sistema Regional de Inovação. 

Perceba que nesse exemplo quem deu o primeiro passo foram as próprias empresas, e não o setor público. 

Mas um SRI também pode ser criado com o apoio e coordenação de organizações como as do Sistema S, junto com consultorias de inovação como nós da Haze Shit. 

Como consultorias de inovação apoiam os SRIs 

Recentemente, nós fizemos parte de uma ação conjunta com o Sebrae e o Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (CMCTI) de Pato Branco (Sudoeste do Paraná) para que a cidade, que sempre foi reconhecida pelo seu potencial tecnológico, com o objetivo de transformar o município em um verdadeiro centro tecnológico. 

Para isso, aplicamos a metodologia Hoshin Kanri (leia mais sobre esse método aqui), que – resumidamente – faz um processo diferenciado de planejamento, implementação e revisão passo a passo para dirigir uma empresa, entidade ou organização a mudanças.  

Leia também: Como gerenciar o planejamento estratégico por meio do Hoshin Kanri

Com esse trabalho, nós da Haze Shift e do Sebrae percebemos que esse trabalho poderia potencializar e melhorar a estruturação do Sistema Regional de Inovação existente no sudoeste do Paraná. Pensando que a região já possui diversas cidades envolvidas e atuantes, como Pato Branco, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão entre outras, iniciamos os trabalhos de desenvolvimento de uma nova visão estratégica para o Sistema Regional de Inovação. 

Quando olhamos para toda a região, há quase 120 empresas de eletroeletrônicos, mais de 600 de tecnologia da informação, 250 startups e várias universidades com formações tecnológicas. Em outras palavras, um potencial gigantesco de criação de ações e intercâmbio corporativo e de fechamento de negócios entre os próprios atores locais. 

Um dos atores do SRI do Sudoeste é o Ciklo Hub: conheça o programa de Open Innovation daa Ciklo feito em parceria com nós da Haze Shift 

Nesse sentido, o SRI precisa se atualizar na definição de objetivos e estratégias para os próximos anos. E nós da Haze Shift colaboramos com o sistema regional ao mapear as ações existentes e realização de encontros presenciais que favoreceram a criação de uma nova Visão Organizacional do SRI. Isso também aconteceu por meio da metodologia do Hoshin Kanri, que recomenda um planejamento que aborda: 

  1. Definir uma nova visão
  2. Identificar problemas 
  3. Estabelecer objetivos específicos
  4. Expandir os objetivos em metas ajustadas periodicamente 
  5. Desenvolver e executar estratégias
  6. Revisar periodicamente as metas
  7. Refletir sobre os resultados alcançados 

Fonte: The Seven Steps of Hoshin Planning

Perceba que todos esses itens acima são importantes na criação e consolidação de Sistemas Regionais de Inovação: são necessários acompanhamentos frequentes e lideranças que discutam como está o SRI. Essas lideranças devem sempre se questionar sobre a necessidade de ajustes, revisão de metas, entre outros fatores. 

Sistemas Regionais de Inovação e atualização

Se por um lado é preciso trabalho coletivo para criar um SRI, por outro, mantê-lo com metas e sempre aberto a oportunidades acaba sendo uma consequência do trabalho de bons Sistemas Regionais de Inovação: e consultorias de inovação são parceiras ideais para essa atualização constante. 

Com metodologias assertivas e constantemente atualizados com o que há de mais relevante sobre inovação aberta, nós da Haze Shift, por exemplo, temos a capacidade de oferecer essa consultoria e conectar os parceiros ideais dentro dos SRIs. Acesse nosso portfólio, veja como trabalhamos a inovação aberta e entre em contato

Será uma alegria conversar sobre um plano estratégico para sua região. 

Escrito por:

Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

Atuando sempre com mudanças nas organizações através de pensamentos diferentes aplicados à processos com tecnologia e cultura. Buscando auxiliar empresas e organizações sobre os paradigmas da Transformação Digital e como a Inovação Aberta pode mudar a forma de garantir a sustentabilidade dos negócios!