Pode até soar estranho para alguns, mas compartilhar tecnologias, códigos de programação e até mesmo produtos pode ser uma decisão estratégica importante para sua organização. Está aí uma estratégia de Negócios Abertos ou Open Business, na sigla em inglês. 

Essa abordagem de compartilhamento aberto é uma das 33 rotas de inovação aberta propostas por Henry Chesbrough, mais especificamente a rota número 12. Essa estratégia incentiva as empresas a permitir que terceiros acessem e usem seus recursos, conhecimentos e tecnologias, em vez de mantê-los em segredo ou protegidos por direitos autorais ou patentes.

Conheça as 33 rotas de inovação aberta de Henry Chesbrough

Nessa rota de Negócios Abertos todo tipo de informações são compartilhadas publicamente, daí o adjetivo “aberto” ou, em inglês, open. Pode estar relacionado, por exemplo, a um compartilhado publicamente. Está relacionado a desenvolvimentos de código aberto (open source), e sistemas gratuitos (freeware) disponíveis na rede. 

E quem seriam as pessoas e empresas com acesso a esses recursos? Bom, um negócio aberto (open business) permite que esse uso de conhecimentos e tecnologias seja feito por organizações, universidades, governos e até mesmo seus colaboradores ou pessoas físicas, como veremos a seguir. 

Mas você pode também estar se perguntando qual a diferença para a rota de inovação de Modelos de Negócios Abertos, que citamos neste outro post

A grande diferença é que no modelo de negócios abertos, também chamados de open business models, existe uma organização-mãe que disponibiliza, por exemplo, uma plataforma para que outras empresas possam fazer suas vendas. Basicamente, é o que acontece nos sites de e-commerce. Nesse modelo também existem empresas que ficam responsáveis pelas entregas, enquanto outras corporações podem ser responsáveis pela tecnologia envolvida no mecanismo de venda. Ou seja, elas cooperam entre si abaixo de um guarda-chuva (proporcionado por quem oferece a plataforma). 

Saiba mais: Como os modelos de negócios abertos, ou open business models, podem impulsionar inovação e resultados

Por outro lado, o objetivo da rota de Negócios Abertos é criar um ecossistema de negócios aberto e colaborativo, permitindo que as empresas compartilhem ideias e soluções a partir de uma tecnologia ou ideia pré-existente para acelerar a inovação e criar novas oportunidades de negócios.

Além disso, essa rota de inovação aberta é diferente de outras rotas que se concentram em como as empresas podem colaborar com outras organizações para desenvolver inovações conjuntas, como a rota de cocriação. Afinal, nos negócios abertos a tecnologia já existe, e está disponível para o uso de outras organizações. 

Vamos deixar isso mais claro com exemplos? 

Exemplos de Negócios Abertos 

Negócios Abertos com colaboradores

A Target Teal, consultoria de organização de design, é uma empresa que segue o conceito de Negócio Aberto. Os próprios colaboradores possuem ações e são coproprietários do negócio, participando mais ativamente do desenvolvimento da empresa. Eles têm amplo acesso aos desenvolvimentos e à inteligência da empresa, proporcionando ideias para criar novas oportunidades de negócios. A própria companhia destaca que internamente não há segredos e todas as informações sobre projetos e remuneração são compartilhadas. 

Negócios Abertos com outras empresas 

A Tesla produz tecnologia em um negócio aberto, permitindo que outros fabricantes de carros usem suas patentes de tecnologia. Ela também compartilha informações sobre sua tecnologia de carros elétricos e fornece acesso gratuito a suas estações de carregamento de veículos.

Isso não significa que a Tesla deixe de patentear suas criações, claro. Em primeiro lugar, Elon Musk, CEO da empresa, disse que na Tesla “se sentiram compelidos a criar patentes por receio que as grandes montadoras copiassem nossa tecnologia e então usassem seu enorme poder de fabricação, vendas e marketing para dominar a Tesla”.

Esse é um dos motivos para proteger o negócio, claro. Mas aqui também eu preciso mostrar por que o compartilhamento da tecnologia faz sentido. Por isso, eu trago um pouco da explicação de Jack Rogan, um advogado de patentes na área de mecânica da Venner Shipley, uma multinacional especializada em propriedade intelectual. 

Ele explicou neste artigo (leia aqui) que a Tesla possui uma filosofia open source, mas com algumas condições. Basicamente, quem utiliza as patentes da Tesla para desenvolvimento não pode requisitar direitos de patente a partir das criações da Tesla nem copiar os designs da empresa. 

Por outro lado, a Tesla se beneficia do acordo porque é livre para usar quaisquer melhorias feitas em sua tecnologia por outra parte. Ou seja, assim ela melhora seus próprios produtos a partir do desenvolvimento de terceiros. Excelente para o negócio, concorda? 

Códigos abertos, negócios abertos 

Quando falamos em negócios abertos também é crucial abordar o tema de codificação de dados para soluções de software e hardware. Nas últimas três décadas, houve uma mudança de paradigmas nas organizações de tecnologia, sendo que muitas se criaram a partir da oferta de códigos open source, livres para uso. 

Segundo pesquisa de 2021 da Red Hat com mais de 1.200 líderes de TI no mundo, 90% estão usando código aberto corporativo hoje para modernização da infraestrutura de TI (64%), desenvolvimento de aplicativos (54%) e transformação digital (53%). 

Aliás, a Red Hat é uma empresa de software que oferece nada mais nada menos que um dos sistemas operacionais de código aberto mais famosos do mundo, o Linux. A empresa fornece suporte e serviços em torno do sistema operacional e permitindo que outras empresas usem e modifiquem o código-fonte. E é assim que ganha boa parte de sua receita. 

Outro benefício possível de observar com o exemplo do Linux é a criação de comunidades de consumidores e comunidades de prática em torno da organização. 

Outro grande exemplo de empresa de softwares com grandes programas de inovação aberta que incluem negócios abertos é a IBM. A companhia compartilha sua tecnologia e recursos com outras empresas e organizações com uma iniciativa chamada IBM Open Source, que fornece acesso a códigos-fonte e tecnologias, incluindo blockchain, inteligência artificial e sistemas operacionais. 

A proposta é, a partir de uma comunidade de desenvolvedores colaborando em torno da tecnologia de código aberto, resolver problemas e, claro, gerar soluções e negócios. 

Como sua empresa pode pensar em negócios abertos? 

Em primeiro lugar, conhecer os casos acima é importante para observar que sua organização pode aproveitar códigos abertos para criar soluções. Da mesma forma, se sua empresa tem soluções inovadoras que podem ser melhor desenvolvidas, melhoradas ou estudadas por outras partes (parceiros de negócios, universidades e outros atores do ecossistema de inovação), este pode ser o momento certo para começar. 

Para fazer isso corretamente, é preciso inserir a inovação no planejamento estratégico e envolver stakeholders internos e externos no debate sobre como trazer códigos abertos ou abrir informações pode auxiliar na gestão da inovação da companhia. Pode ser que, nesse debate, existam resistências. Por isso, nós da Haze Shift frisamos que o trabalho precisa ser feito de forma altamente organizada. 

Uma consultoria de inovação como a Haze Shift pode auxiliar na construção de uma governança da inovação, de uma tese de inovação e de uma modelagem de negócios com design estratégico focada em ajudar a responder se negócios abertos são a resposta certa para suas dores do seu negócio. 

Vamos conversar e, juntos, chegar à melhor solução para que sua empresa possa aproveitar a oportunidade que existem nesta rota de inovação que traz os negócios abertos. 

Escrito por:

Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

Atuando sempre com mudanças nas organizações através de pensamentos diferentes aplicados à processos com tecnologia e cultura. Buscando auxiliar empresas e organizações sobre os paradigmas da Transformação Digital e como a Inovação Aberta pode mudar a forma de garantir a sustentabilidade dos negócios!