Fortalecer um ecossistema de organizações (empresas/instituições de ensino/poder público, etc.) de um mesmo ramo, sendo que muitas delas podem ser consideradas concorrentes,  parece desafiador. Porém, quando essas companhias se abrem para a cooperação por meio de Sistemas Setoriais de Inovação as vantagens são enormes. 

Vamos descobrir juntos quais são essas vantagens dessa que é uma das rotas de inovação aberta (número 16), que mostramos neste link? Como consultor de inovação, eu vejo que é possível por meio de Sistemas Setoriais de Inovação: 

  • Fazer articulação no meio político para a redação de leis de incentivo fiscal ou legislações que impulsionem o setor;
  • Busca por novas possibilidades de financiamentos e crédito junto a Agências de Fomento específicas do segmento; 
  • Ações conjuntas de criatividade como hackathons e desafios de inovação aberta para o setor, o que traz além de ideias inovadoras como protótipos e MVPs (Produto Mínimo Viável), a descoberta de novos talentos para as empresas participantes; 
  • Organização conjunta do planejamento estratégico do setor com objetivos de curto, médio e longo prazo. 

Só que para conseguir chegar a esse nível é preciso entender alguns conceitos. Em primeiro lugar, é importante lembrar rapidamente sobre ecossistemas de inovação. Basicamente, eles são grupos em que organizações dispostas a inovar se ajudam de forma aberta e mútua, fortalecendo a inovação aberta. 

Quando se trata de Sistemas Setoriais de Inovação são empresas, associações, federações, entidades de classe, entre outros atores de uma área de negócios específica que formam esse ecossistema inovador. Geralmente, esse sistema setorial não extrapola para outras disciplinas, tendo um viés concentrado em um segmento de mercado. 

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Por outro lado, um Sistema Setorial de Inovação pode ser construído a fim de atingir alguns objetivos bem direcionados, de interesse de toda a cadeia produtiva. Aqui fiz uma pequena lista de alguns objetivos e alternativas podem ser traçados, veja: 

  • Autossuficiência, por exemplo, de algumas matérias-primas. Isso pode ocorrer a partir de uma estratégia de união de empresas para uma  compra maior de um componente, reduzindo o custo para todo o Sistema Setorial; 
  • Domínio de tecnologias críticas, ao fazer com que toda a cadeia tenha acesso tanto a tecnologias como também a conhecimentos específicos, o que é perfeitamente viável a partir de consórcios entre empresas e organizações do Sistema Setorial;
  • Investimentos em pesquisa e inovação compartilhados, a partir novamente de consórcios entre os participantes do Sistemas Setoriais de Inovação. 

Contudo, para que os exemplos acima se tornem viáveis, é preciso estabelecer governanças  nos Sistemas Setoriais de Inovação que possibilitem a realização dessas estratégias. Vamos entender como isso funciona. 

Governança dos Sistemas Setoriais de Inovação

Assim como nos Sistemas Regionais de Inovação, existe uma governança que organiza o relacionamento entre esses atores. Ou seja, nos Sistemas Setoriais de Inovação existe uma espécie de liderança que puxa a conversa. Pode ser uma associação de empresários, uma instituição pública ou privada, como o próprio Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), ou mesmo uma corporação que tome a frente. 

Nesse sentido, as entidades envolvidas se agrupam para debates, fóruns, discussões e diferentes ações de inovação aberta. O Sistema Setorial de Inovação não precisa necessariamente de um local físico, mas de uma gestão alinhada que navegue entre todas as entidades. Afinal, os atores do ecossistema estão se organizando buscando melhorias nos seus processos. 

Essa governança da inovação traz oportunidades para que todos os envolvidos interajam e criem oportunidades de se diferenciar no mercado, seja através de iniciativas de cocriação de produtos e processos ou mesmo de uma aprendizagem colaborativa (co-learning), quando esses atores se juntam para ampliar o conhecimento e trazer inovações às organizações.Essas ações conjuntas também têm o objetivo de movimentar os órgãos públicos para viabilizar ações e condições para que aquele setor empresarial seja mais competitivo, atrativo entre outras ações. 

Isso pode ser através de workshops, seminários ou até mesmo um consórcio de empresas para levar colaboradores a um curso específico no exterior, por exemplo. 

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Vamos ver um exemplo na prática 

No Norte do Paraná, na cidade de Londrina, a cadeia eletrometalmecânica percebeu poder fazer mais dentro de seu ecossistema de inovação setorial por meio de uma governança, da qual fazem parte instituições universitárias e de ensino locais, sindicato patronal, incubadoras, aceleradoras e organizações privadas e companhia de desenvolvimento municipal.

A partir dessa governança surgiu o Inovemm (as últimas três letras representando o setor Eletro Metal Mecânico). O grupo discute a inovação no setor em busca do aumento da competitividade das empresas que fazem parte da governança. Eles têm até mesmo uma missão formal, que é promover o setor incentivando a melhoria dos processos, a captação de recursos, a inovação das empresas e a integração com os demais setores produtivos. 

Mensalmente, por exemplo, acontecem eventos e palestras. Além disso, o Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas da Universidade de Londrina (UEL) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná e Sindimetal (sindicato das indústrias do setor) realizam em parceria a Pesquisa de Nível de Utilização de Capacidade Instalada da Indústria EletroMetalMecânica local. 

Mas não é só isso. Além dos eventos, também são promovidas visitas técnicas e, anualmente, o evento Inovemm debate a inovação no setor, o que inclui palestras, talk show, rodadas de negócios e apresentações de startups. Saiba mais no vídeo:

Como consultorias de inovação podem ajudar Sistemas Setoriais de Inovação

Nós da Haze Shift somos especialistas em colaborar com o planejamento estratégico de inovação. Que tal ver em nossos cases de mercado alguns exemplos?.  

A partir desse planejamento, consultorias de inovação podem, por exemplo, apoiar a realização conjunta por meio de hunting de startups para suprir as necessidades identificadas em um Sistema Setorial de Inovação. Além disso, podemos apoiar a criação de hackathons e desafios de inovação para o sistema setorial, favorecendo a descoberta de talentos e promovendo a geração de ideias. E olha que esses são apenas alguns exemplos. 

Mas eu tenho certeza que podemos ir além. Por isso, vamos conversar sobre o ecossistema de inovação que sua companhia ou organização está envolvida. Certamente podemos juntos, ampliar a capacidade do Sistema Setorial de Inovação. 

Escrito por:

Luiz Fernando S. Frederico
Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

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