Talvez você esteja familiarizado com o termo spin-off, quando um subproduto surge dentro de uma empresa e acaba virando uma empresa nova, descolada do negócio, e que muitas vezes adquire tanta autosuficiência que parece ter vida própria. Mas existem dois outros termos tão importantes quanto esse quando falamos de inovação aberta: spin-in e spin-out

Para entender o conceito de spin-in e o de spin-out, em primeiro lugar, é importante destacar que os termos fazem parte das rotas de inovação aberta possíveis de serem seguidas pelas organizações. Mais especificamente, a Rota 7. 

Tanto spin-in quanto spin-out são empresas e negócios gerados dentro de uma organização, assim como spin-offs. Porém, em poucas linhas, pode-se dizer que: 

  • Spin-in é uma empresa que segue o conceito de startup, sendo que a equipe da companhia que a criou detém a propriedade da inovação e o controle da nova empresa. 
  • Em uma spin-out, ainda que uma equipe tenha desenvolvido toda a ideia e execução, quem mantém o controle da propriedade sobre a inovação é a empresa-mãe. Por outro lado, a equipe desenvolvedora da inovação é encabeçada como liderança operacional da nova empresa. 

Leia também: O que é Spin-Off e como criá-la a partir de um programa de inovação

Quando apostar em spin-in e spin-out

Sempre que uma organização chega aos limites de sua área de atuação, as portas para a criação de novas soluções ficam abertas. E são justamente essas portas que acabam gerando spin-in e spin-outs. 

Em outras palavras, quando as organizações percebem que uma nova solução pode atender ao seu público ou mesmo a novos públicos, existe a possibilidade de criar uma operação diferente do core business (negócio principal) da empresa. Ou seja, abre-se uma porta para o deslocamento da operação. 

A grande dúvida, nesses casos, é quem vai ser o dono desse novo negócio: os próprios colaboradores que desenvolveram a solução ou a empresa mãe?

Vantagem do spin-in 

Uma operação mais independente e descolada da organização-mãe, sendo gerida por ex-colaboradores mantendo um relacionamento de parceria, além de ser um evidente caso de colaboração para a inovação aberta, traz como principal vantagem a agilidade na tomada de decisões, tecnologia e capacidade de manobra (flexibilidade) de se adequar a diferentes mercados. 

Isto é, a nova empresa não precisa de autorizações em diversos níveis para celebrar novos contratos, por exemplo, ou buscar outros investimentos. Isso traz uma maior possibilidade de executar metodologias ágeis na nova companhia. 

Por outro lado, a organização-mãe pode sempre manter investimentos (até mesmo participação acionária) além de relacionamento com a nova empresa, o que – em muitos casos – pode ser ainda melhor do que investir ou fazer a aquisição de startups que estejam em atuação no mercado, uma vez que a nova empresa traz em seu DNA parte da cultura de inovação da organização-mãe. 

Vantagem do spin-out 

Já no caso de a empresa-mãe manter o controle da nova startup/empresa, existem benefícios um pouco diferentes. 

Ao mesmo tempo em que a organização investe em um negócio novo, paralelo a seu core business principal, existe a possibilidade de ganhos (em todos os sentidos, incluindo maior faturamento) mesmo com a dissociação do risco (uma vez que o negócio principal não seja afetado). 

Além disso, existem incentivos fiscais para startups que as próprias grandes companhias podem buscar ao fazer esse tipo de aposta, por meio de Políticas Públicas para o Fomento da Inovação

Outro benefício é a capacidade da organização, por meio de sua nova empresa, fazer marketing cruzado e venda cruzada entre plataformas. 

Pensando em um exemplo hipotético, se entendermos o jornal O Globo e o Globoplay como empresas pertencentes ao Grupo Globo, uma operação poderia apoiar a outra: a de streaming reforçando a assinatura do jornal O Globo e vice-versa. O cliente acaba, assim, tendo a opção de assinar ambos os produtos (notícias e entretenimento) em um combo, com uma ação de venda cruzada. 

Alguns exemplos de spin-in e spin-out

Na maioria das vezes, essas ações são chamadas mais popularmente apenas como spin-offs de empresas. Contudo, como dissemos, existem alguns detalhes que fazem uma ação de spin-off ser caracterizada como uma spin-in ou como uma spin-out. 

Um bom exemplo de spin-out aconteceu em 2013, quando a Zetis (produtora de vacinas e medicamentos para animais) se desmembrou da gigante farmacêutica Pfizer. Dessa maneira, a Pfizer manteve sua participação na Zetis, que até hoje é uma companhia de sucesso, sendo referência global em produção de soluções farmacêuticas animais. 

Quanto a spin-in, podemos dizer que um exemplo aconteceu em 2017, com a formação do Bcredi (atual Creditas), que surgiu como fintech de crédito surgida do Conglomerado Financeiro Barigui, de Curitiba. A primeira CEO foi também co-fundadora da Bcredi, Maria Teresa Fornea, que trabalhava antes como executiva do Banco Bari (da Barigui). Ou seja, existiam colaboradores do Conglomerado Financeiro Barigui que ficaram não apenas a cargo do novo negócio Bcredi, mas também como fundadores da operação. (leia um pouco mais sobre essa história)

Como nós podemos ajudar a criar essas soluções 

Existem organizações que, conforme suas parcerias e contatos com stakeholders externos e internos, percebem o potencial da criação de outros negócios. 

Mas para que essa questão amadureça, e a abordagem de uma spin-in/spin-out seja colocada em prática, é preciso fazer um trabalho que auxilie a companhia em testes, MVPs, prototipagem, entre outros fatores para entregar valor para o cliente final. 

Nesse sentido, uma consultoria de inovação como a Haze Shift é fundamental para indicar rotas de inovação. Entre as linhas de atuação que podem ajudar, o design estratégico, por exemplo, auxilia a validar tudo isso a partir da modelagem de negócios, abordando cinco eixos principais: 

Leia mais sobre como a modelagem de negócios faz parte do design estratégico

Para executar essas cinco fases, nós da Haze Shift podemos colaborar com um planejamento completo, desde a co-criação de programas de ideias e sugestões a workshops e desafios de inovação executados com ferramentas inovadoras, facilitando o ambiente de prototipagem e testagem. 

Portanto, se sua organização vem vislumbrando expandir a atuação e enxergando novas áreas em potencial, isso significa que vocês podem, sim, estar perante uma potencial spin-in ou ainda, uma spin-out:  para entender a viabilidade dessa ideia e então, dar vida a ela, vamos conversar

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Digital Transformation Leader & Co-Founder de Haze Shift | + posts

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